quarta-feira, 22 de junho de 2011

A defesa impugna o vídeo utilizado pela Polícia Municipal de Iruñea para acusar os três menores

Decorreu ontem o julgamento de três menores, relacionado com os incidentes do txupinazo dos sanfermines do ano passado. Durante a audiência, nenhum dos agentes que intervieram na operação reconheceu os menores como autores das agressões de que os acusam. Na verdade, todas as acusações foram construídas a partir de uma montagem audiovisual que a Polícia Municipal tentou utilizar em tribunal.

Este vídeo foi impugnado pela defesa, pois terão sido cometidas várias irregularidades na sua apresentação como prova. De acordo com o que foi estabelecido pelo Supremo Tribunal espanhol, para que estes vídeos possam constituir prova em julgamento, devem ser apresentados de imediato em tribunal, com as imagens sem cortes e identificando o autor da gravação, para que possa comparecer na audiência como testemunha. Contudo, neste caso trata-se de uma montagem com várias sequências extraídas de diversos vídeos, que só foi apresentada ao tribunal em Fevereiro deste ano e sem que os vídeos originais que serviram de base à montagem fossem levados a tribunal.

Assim sendo, a defesa pediu que os acusados fossem absolvidos; já o Ministério Público manteve o pedido de 18 meses de liberdade sob vigilância e uma indemnização para os seis agentes que terão ficado feridos depois das alegadas agressões por parte dos menores, que então contavam com 14 e 16 anos de idade [mas não com bastões metálicos extensíveis com bolas de aço na ponta].

Bandeira põe em risco a integridade das pessoas
Na audiência compareceu o comandante responsável pela operação, que assumiu ter dado as ordens para carregar. Disse que sabiam que se ia abrir algum tipo de bandeira, mas que não sabiam que era uma ikurriña, e que a Polícia teve de intervir porque exibir uma bandeira de grandes dimensões no txupinazo «põe em sério risco a integridade física das pessoas».

Lembre-se, a este respeito, que numa sentença do TAN decretada há alguns anos se afirmava que o facto de abrir ou exibir uma bandeira de grandes dimensões não acarreta riscos para as pessoas, chegando mesmo a dizer-se que «a Câmara Municipal confunde a realidade dos factos com as conjecturas da Polícia Municipal».

«Não houve socos»
O comandante afirmou que, quando a Polícia Municipal chegou à praça, não levava as defesas (cacetetes) nas mãos, mas que, ao ser agredida a soco e a pontapé, os agentes tiveram de fazer uso delas. Questionado pela defesa sobre os socos que vários agentes deram aos jovens, desmentiu que ali tivesse havido socos, referindo que a actuação policial foi proporcionada e adequada.
Fonte: ateakireki.com

«O comissário justifica a carga de 6 de Julho com o facto de a ikurriña ser "grande"», de Aritz INTXUSTA (Gara)
Vários agentes da Polícia Municipal de Iruñea foram ontem a tribunal depor no primeiro julgamento relacionado com os incidentes do txupinazo dos sanfermines do ano passado. Apesar da brutalidade patente nas imagens que foram divulgadas publicamente, o comandante da operação justifica a operação e considera-a proporcionada. Inquirido sobre a razão de tentarem proibir a exibição de uma bandeira «constitucional», como a ikurriña, o comissário afirmou que tal se deveu ao facto de ser «grande».