quinta-feira, 9 de junho de 2011

A esquerda abertzale espera que «a resposta dos bascos» ao julgamento de dia 27 conduza à absolvição dos processados

Txelui Moreno instou ainda o Governo espanhol a «iniciar contactos» com a ETA para que «ambos dêem passos num sentido positivo».

«Acho que é a enésima vez que se faz um julgamento político. É um julgamento que parte de um determinado posicionamento político do Governo espanhol contrário ao debate que a esquerda abertzale fazia e contra a mudança de estratégia que a esquerda abertzale estava a propor. Procuram que esse debate e essa mudança de estratégia não ocorra, mas ocorre», afirmou ontem o representante da esquerda abertzale Txelui Moreno, numa entrevista concedida à Onda Vasca.

Ante o iminente arranque do julgamento relacionado com o «caso Bateragune», que começa no dia 27 e no qual o político navarro também é arguido, Moreno pediu à sociedade basca que «se mobilize para fazer frente à política repressiva do Estado e dizer-lhe 'basta'. Esperamos que o povo saiba mobilizar-se de forma a tentar alcançar a solução, pois as acusações não fazem sentido», disse.

Expressou o desejo de que a mobilização do país e a resposta «a nível internacional» conduzam à absolvição dos arguidos, entre os quais se encontram Arnaldo Otegi e Rafa Díez. Embora considere que «a absolvição é o mais lógico», também disse «não se fio nos tribunais espanhóis».

«Começar a estabelecer contactos com a ETA»
Em relação à organização armada ETA, Txelui Moreno lembrou que «deu passos muito significativos», enquanto o Executivo do PSOE «não deu nenhum».
«O Estado espanhol devia dar passos e um dos principais é começar a contactar com a organização armada, de forma que ambos possam dar passos num sentido positivo», salientou o navarro.
Relativamente à esquerda abertzale, Txelui Moreno destacou o facto de que «continua a trabalhar no aprofundamento do processo democrático, na solução para o conflito deste país e pela paz e a normalização».

Desafio ao PNV
O representante da esquerda abertzale também instou o presidente do EBB do PNV, Iñigo Urkullu, a apresentar um documento «contra todas as violências», tal como fez o Bildu, respondendo assim às declarações do líder jeltzale, que tinha pedido à coligação que no sábado, durante a constituição dos municípios, reclamasse a dissolução definitiva da ETA.

Nesta linha, Moreno referiu que «o pior surdo é o que não quer ouvir, e que o mais cego é aquele que não quer ver. Não penso que o PNV tenha qualquer documento como aquele que os candidatos do Bildu assinaram. Isso diz tudo; o Sr. Urkullu que apresente o documento contra todas as violências. Por que não o faz?», perguntou.
O representante da esquerda abertzale disse que, enquanto o PNV governava, «se deram casos muito graves nas esquadras da Ertzaintza, e desaparecimentos de militantes bascos. Creio que o Bildu, antes das eleições, tornou público o documento que os candidatos tinham assinado, e isso é preto no branco», disse para concluir.
Fonte: Gara

Ver também: «Julgamento do ex-secretário-geral do LAB, Rafa Díez Usabiaga, pela sua actividade política», de LAB (kaosenlared.net)