sexta-feira, 8 de março de 2013

«Caso CAN»: Barcina e Sanz receberam honorários «milionários» da Comissão Permanente um ano antes de ela existir oficialmente

Yolanda Barcina, Enrique Maya e Álvaro Miranda (todos eles da UPN) cobravam 57 euros por minuto em reuniões com menos de meia hora de duração na Comissão Permanente da Junta de Entidades Fundadoras da Caja Navarra, enquanto Miguel Sanz recebia 89 euros por minuto só por assistir, denunciou ontem a associação de consumidores e usuários Kontuz!. Os quatro começaram a receber este tipo de honorários quase um ano antes de que esse órgão tivesse «suporte legal» no regulamento interno da instituição.

De acordo com esta associação, na documentação que está em poder do tribunal verifica-se que a referida comissão aparece pela primeira vez no organigrama da CAN «em Junho de 2011, mas a comissão funcionava desde 31 de Agosto de 2010».

«Ou seja, já andava há quase um ano a distribuir estipêndios milionários, e fê-lo pelo menos em dez ocasiões», referiu Patxi Zamora, porta-voz da Kontuz!, na conferência de imprensa que decorreu ontem à tarde em Iruñea.

Para a Kontuz!, «a única resposta» dada pelos responsáveis da Caja Navarra sobre quando se decidiu pagar honorários a Sanz, Barcina e Miranda é a acta de uma sessão extraordinária da Comissão de Pessoal e Retribuições, datada de 23 de Julho de 2010, na qual se aprova o pagamento dos honorários, «não à Comissão Permanente, que não existia, mas à Junta de Entidades Fundadoras, que ainda não tinha sido constituída».

Apesar de não haver suporte legal para pagar, «um mês depois, a 31 de Agosto, Sanz, Barcina e Miranda reuniram-se pela primeira vez, recebendo, por apenas duas horas, 12.228 euros».

A Kontuz! afirma que «outra irregularidade clara» é o facto de Miguel Sanz «formar parte desse selecto grupo» depois de ter deixado a presidência do Governo de Nafarroa. De acordo com a Kontuz!, «chegou a receber mais que Barcina mesmo quando a presidência da Comissão Permanente passou para as mãos da última». Apesar de nos regulamentos da Comissão Permanente se referir que Sanz devia ter abandonado este órgão no dia 1 de Julho de 2011, «não o fez e recebeu [honorários] em mais quatro ocasiões de forma irregular». Foi Barcina que justificou os pagamentos, alegando que o ex-presidente navarro ia às reuniões como «convidado, com honorários de 2.680 euros por meia hora».

Zamora chamou a atenção para o facto de Sanz receber em reuniões em que se limitava a ouvir; e a sua «tarifa» ainda era a mais alta: «89 euros por minuto». Miranda, Barcina e Enrique Maya, por seu lado, terão recebido 57 euros por minuto em sessões cuja duração não foi superior a meia hora, segundo denunciou a Kontuz!. / Ver: Sanduzelai Leningrado 

Conferência de imprensa da Kontuz! (resumo)

Notícias mais desenvolvidas:
«Sanz levava 89 euros por minuto em reuniões "banais" em que se limitava a ouvir» (ateakireki.com)

«Barcina levava 57 euros por minuto nas reuniões da CAN», de Aritz INTXUSTA (Gara / Gara)

«Eskandalu baten ostean, beste eskandalu bat» (Berria)