segunda-feira, 22 de junho de 2009

Homenagem sentida aos escravos do franquismo

Oito dos 2354 escravos que construíram a estrada Igari-Bidankoze estiveram presentes no sábado no Alto de Igari, Bidankoze (Nafarroa), com 92 e 93 anos cumpridos.

“É um prazer e um orgulho ter subido seis anos até este alto para desfrutar da vossa memória, que é a de todos nós”. Com estas palavras, o jornalista Juan Cruz Lakasta deu as boas-vindas aos que foram prisioneiros e aos seus familiares na homenagem aos escravos do franquismo que construíram a estrada entre Igari e Bidankoze, entre 1939 e 1941. A cerimónia, organizada pelo colectivo Memorian Bideak e pelo Instituto Gerónimo de Ustariz, incluiu ainda uma homenagem aos 39 navarros dos vales de Erronkari/Roncal e Zaraitzu/Salazar que foram internados no campo de concentração de Gurs (França) e a denúncia pública do ataque recente perpetrado contra o monumento à memória, «Bidegabeko Bidea», no Alto de Artesiaga (Irurita, Nafarroa), como realçou o historiador Fernando Mendiola, membro da organização.

Oito dos 2354 escravos que construíram a estrada Igari-Bidankoze estiveram presentes no Alto de Igari, no sábado, entre as localidades de Igari e Bidankoze (Nafarroa), com 92 e 93 anos cumpridos, e trouxeram as suas lembranças e testemunhos directos daqueles anos duros de trabalhos forçados, fome e doenças. Também o fizeram as viúvas e outros familiares que, à distância, passaram por dificuldades económicas, incertezas e medo.

Estiveram também presentes representantes de múltiplas associações e colectivos, como a Asociación Amical de Gurs, a Asociación Memoria de la España Republicana, o Colectiu Republicá del Baix de Llobregat, o Errepresaliatuak de Sestao (muitos dos prisioneiros que trabalharam nesta estrada eram de Sestao, na Bizkaia), a Asociación Charata para la Recuperación de la Memoria Histórica de Uncastillo, de Aragão, a Escola Secundária ORT, de Buenos Aires (no acto, a autarca de Bidankoze leu um texto dos alunos desta escola, que abordaram os testemunhos dos prisioneiros de Igari-Bidankoze), e ainda Luz Ramírez, representante da luta pelos direitos civis da Colômbia.

Como disse Lakasta, “as denúncias vão e vêm, e cruzam os mares”.

Numa cerimónia marcada sobretudo pela memória, a emoção e a “exigência de verdade e justiça”, houve ainda tempo para agradecer às gentes de Igari e Bidankoze, “que tanto amor” transmitiram aos prisioneiros daquela estrada, e houve uma parte do programa claramente festiva: a fanfarra Arroitu Indarra, de Erronkari/Roncal, a txalaparta, tocada por Peio Zabalza, de Aezkoa, do grupo Txalaparta del Pirineo. E, para finalizar, um aurresku de honra, de Iñaki Zoco, de Otsagabia.

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