sábado, 13 de junho de 2009
O Governo espanhol blinda a informação do processo eleitoral
Quase uma semana depois das eleições europeias, o Ministério do Interior espanhol continua sem se pronunciar sobre as irregularidades postas à mostra no processo eleitoral. A empresa que realizou a contagem afirmou ontem ao Gara que é algo da competência de Rubalcaba “gerir a informação sobre o processo eleitoral”.
O ministro do Interior, Alfredo Pérez Rubalcaba, esquivou-se na terça-feira passada à resposta sobre as irregularidades detectadas com os votos da Iniciativa Internacionalista-Solidaridad entre los Pueblos e argumentou que isso era competência da Junta Eleitoral Central. Mas ontem o Gara pôs-se em contacto com representantes da multinacional espanhola Indra, que realizou a contagem dos votos no domingo, e ali disseram que “a informação sobre o processo eleitoral é gerida pelo Ministério do Interior”.
Apesar disso, no Ministério que Rubalcaba dirige continuam a guardar silêncio sobre este assunto, quando só em Hego Euskal Herria [País Basco Sul] se detectou que a II-SP obteve quase 1500 votos mais dos que lhe deram os resultados provisórios, e também choveram queixas da parte de outras candidaturas.
Coincidindo com o aumento das queixas sobre esta situação, sobretudo através de meios alternativos e da Internet, durante uma boa parte do dia de ontem os dados da contagem provisória “desapareceram” da página do Ministério do Interior. Desde o meio-dia e pela tarde adiante – depois foi corrigido –, a página correspondente aparecia como “não encontrada”. Quando reapareceu, pôde-se verificar que os dados ainda não foram actualizados com as correcções realizadas já pelas juntas eleitorais.
O apagão informativo é total. Depois do Conselho de Ministros de ontem, também não houve qualquer explicação sobre o sucedido, nem mesmo tendo em conta que, segundo a contagem centralizada no Ministério do Interior, nem sequer a porta-voz, María Teresa Fernández de la Vega, teria votado no seu partido, já que o PSOE não obteve um só voto na sua localidade.
Votos que «desaparecem»
Entretanto, continuam as irregularidades na revisão dos escrutínios nas juntas eleitorais. Segundo disseram ao Gara, em localidades catalãs como Sabadell e Manresa “desapareceram” os votos nulos. Os representantes da II-SP foram convocados ontem para poderem rever os boletins, porque no dia anterior não se sabia onde estavam, e voltaram a deparar com a sua ausência. Por este motivo, decidiram interpor um recurso para que sejam anuladas as eleições e exigiram a sua repetição.
Em Valhadolide também solicitaram a anulação do escrutínio, já que não puderam aceder à revisão dos votos nulos.
Em Madrid apresentaram igualmente várias queixas, uma vez que os números da II-SP eram diferentes na candidatura e na acta, o que pode ter conduzido a erros na passagem da informação. Acrescentaram que no domingo faltaram boletins em algumas escolas, além de ter sido veiculada a informação em vários pontos de que a lista encabeçada por Alfonso Sastre tinha decidido não concorrer às eleições à última hora. Para além disso, salientaram que as reclamações de todos os partidos estavam a ser bastante numerosas e que estava a ter lugar um baile de números considerável.
Campanha
Um grupo de internautas abriu uma página de Internet com o objectivo de iniciar uma campanha de recolha de assinaturas, com o lema «Queremos saber la verdad», para exigir que sejam esclarecidas as irregularidades ocorridas nas eleições europeias.
[Na sequência:]
«É preciso formar um bloco soberanista em Nafarroa»
Manex ALTUNA
Notícia completa: Gara
Leitura relacionada: «No Estado espanhol não existem garantias democráticas, nem sequer para umas eleições», de Doris Benegas, número dois da candidatura Iniciativa Internacionalista, em Gara
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