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Como acontece todos os anos, cerca de 150 lizartzarras estiveram presentes na quinta da família de Naparra para mostrar todo o seu calor e a sua solidariedade aos familiares do militante político desaparecido. Muitos dos presentes, por serem ainda novos, não tiveram hipótese de conhecer Naparra em pessoa, mas a lembrança do militante desaparecido foi um legado que os jovens lizartzarras receberam.
A mãe de Naparra, Celestina Álvarez, e o seu irmão, Eneko Etxeberria, estiveram presentes na cerimónia em honra do seu familiar e agradeceram as mostras de carinho.
Como em anos anteriores, dedicaram a Naparra um aurresku, bertsos e uma oferenda floral; mas na cerimónia de domingo também aflorou uma grande preocupação pela situação de outro militante desaparecido. As conversas dos participantes e os seus gestos continham uma pergunta além da que fazem há 29 anos: “Onde está o Jon?”.
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O nome de Jon Anza não tardou a vir à tona e as pessoas criticaram o facto de, 29 anos depois de a “guerra suja ter levado Naparra, regressar para levar também Anza”. O Movimento pró-Amnistia criticou com dureza a actuação dos governos espanhol e francês, que responsabilizaram directamente por ambos os desaparecimentos.
Naparra foi visto pela última vez a 11 de Junho de 1980 no seu carro, quando ia de Baiona para Donibane Lohizune. Alguns dias mais tarde, o seu veículo apareceu em Ziburu e o Batallón Vasco Español (BVE) reivindicou o seu desaparecimento. Desde então nunca mais se soube nada.
Naparra nasceu em Iruñea em 1958 mas esteve sempre ligado a Lizartza, de onde era a sua família. Militou tanto na organização armada ETA como nos Comandos Autónomos Anticapitalistas. Em 1978 teve que fugir e, a partir dessa altura, viveu em Lapurdi.
Mensagem enviada das prisões
Depois da homenagem na quinta, os lizartzarras dirigiram-se para a praça do povo, onde realizaram uma segundo cerimónia: a homenagem a Ina Zeberio, militante da ETA morta pela Ertzaintza há onze anos em Gernika.
Em frente ao seu monólito, cerca de 200 pessoas recordaram a jovem de Lizartza, homenagem à qual dois presos políticos da localidade, Aimar Altuna e Garikoitz Etxeberria, quiseram fazer chegar também a sua mensagem. No final, quase cem pessoas juntaram-se num almoço popular.
O.L.
Fonte: Gara