terça-feira, 16 de junho de 2009

Jon Anza marca o 29.º aniversário do desaparecimento de «Naparra»

Com a chegada de Junho, a quinta Igarola Bekoa é sempre um ponto de encontro e de lembrança. No passado dia 11 de Junho, cumpriu-se o 29.º aniversário do desaparecimento de Joxe Miel Etxeberria Álvarez, Naparra. Foi visto em Lapurdi pela última vez há 29 longos anos. Desde então nada mais se soube dele.

Como acontece todos os anos, cerca de 150 lizartzarras estiveram presentes na quinta da família de Naparra para mostrar todo o seu calor e a sua solidariedade aos familiares do militante político desaparecido. Muitos dos presentes, por serem ainda novos, não tiveram hipótese de conhecer Naparra em pessoa, mas a lembrança do militante desaparecido foi um legado que os jovens lizartzarras receberam.

A mãe de Naparra, Celestina Álvarez, e o seu irmão, Eneko Etxeberria, estiveram presentes na cerimónia em honra do seu familiar e agradeceram as mostras de carinho.

Como em anos anteriores, dedicaram a Naparra um aurresku, bertsos e uma oferenda floral; mas na cerimónia de domingo também aflorou uma grande preocupação pela situação de outro militante desaparecido. As conversas dos participantes e os seus gestos continham uma pergunta além da que fazem há 29 anos: “Onde está o Jon?”.


O nome de Jon Anza não tardou a vir à tona e as pessoas criticaram o facto de, 29 anos depois de a “guerra suja ter levado Naparra, regressar para levar também Anza”. O Movimento pró-Amnistia criticou com dureza a actuação dos governos espanhol e francês, que responsabilizaram directamente por ambos os desaparecimentos.

Naparra foi visto pela última vez a 11 de Junho de 1980 no seu carro, quando ia de Baiona para Donibane Lohizune. Alguns dias mais tarde, o seu veículo apareceu em Ziburu e o Batallón Vasco Español (BVE) reivindicou o seu desaparecimento. Desde então nunca mais se soube nada.

Naparra nasceu em Iruñea em 1958 mas esteve sempre ligado a Lizartza, de onde era a sua família. Militou tanto na organização armada ETA como nos Comandos Autónomos Anticapitalistas. Em 1978 teve que fugir e, a partir dessa altura, viveu em Lapurdi.

Mensagem enviada das prisões
Depois da homenagem na quinta, os lizartzarras dirigiram-se para a praça do povo, onde realizaram uma segundo cerimónia: a homenagem a Ina Zeberio, militante da ETA morta pela Ertzaintza há onze anos em Gernika.

Em frente ao seu monólito, cerca de 200 pessoas recordaram a jovem de Lizartza, homenagem à qual dois presos políticos da localidade, Aimar Altuna e Garikoitz Etxeberria, quiseram fazer chegar também a sua mensagem. No final, quase cem pessoas juntaram-se num almoço popular.
O.L.

Fonte: Gara