domingo, 27 de novembro de 2011

Milhares de pessoas manifestaram-se em Iruñea para reclamar o fim da tortura e da impunidade

Milhares de pessoas responderam ao apelo feito por diversos agentes políticos e sociais, bem como por familiares de presos políticos, para se manifestarem nas principais artérias da capital navarra contra a tortura e a impunidade, e para reclamar uma solução democrática.

Fotos: Tortura eta inpunitatearen aurka (ateakireki)

A manifestação, que, para além das milhares de pessoas que nela participaram, já tinha contado com o apoio de numerosos agentes políticos e sociais, partiu depois das 17h30 dos cinemas Golem, em Iruñea.
Durante o percurso da manifestação, encabeçada por Ane Ituiño e Mikel Soto, do Torturaren Aurkako Taldea [Grupo contra a Tortura] e por familiares de Igor Portu, Mattin Sarasola e Mikel Zabalza – jovem detido faz hoje 26 anos pela Guarda Civil, e que apareceu «afogado» em estranhas circunstâncias depois de estar «desaparecido» várias semanas –, os participantes fizeram ouvir palavras de ordem contra a tortura e a favor do repatriamento dos presos políticos bascos, entre outras.
«Sabemos perfeitamente o que lhes fizeram»
Quando chegaram ao Passeio Sarasate, Soto e Ituiño afirmaram, em euskara e castelhano, respectivamente: «em Euskal Herria sabemos perfeitamente aquilo que fizeram a Igor [Portu] e a Mattin [Sarasola]». Assim, referiram que a sentença absolutória do ST «é o que é: um estranho artefacto construído única e exclusivamente para negar a evidência, para negar a tortura».
Em seu entender, «o que é realmente grave é que, com ela, se volta a passar uma mensagem de total impunidade» a quem pratica a tortura, «e isso não contribui propriamente para sua erradicação, bem pelo contrário».

Depois de recordarem várias passagens da sentença ditada pela Audiência Provincial de Gipuzkoa que foram eliminadas pelo Supremo, pediram aos cidadãos que se mobilizem, de forma «a acabar de uma vez com o regime de incomunicação e a aplicar as medidas de erradicação da tortura».
«Vamos acabar com a impunidade – afirmaram – para que a história não se volte a repetir, para encerrar de uma vez por todas este tremendo capítulo na história deste país».
Também encorajaram as pessoas a estarem presentes na homenagem que hoje terá lugar em Orbaizeta, para lembrar Zabalza.
Convocatória
A mobilização foi convocada no dia 19 deste mês, depois de ser conhecida a decisão do Supremo Tribunal, que absolvia os quatro guardas civis acusados de ter torturado os presos políticos bascos Igor Portu e Mattin Sarasola.
«Julgamos que o recurso à tortura ocorre por decisão política e que a natureza desta sentença é totalmente política, e estamos convencidos e convencidas de que o desaparecimento da tortura também será uma decisão política», afirmaram as representantes do TAT Ane Ituiño e Lorea Bilbao quando, acompanhadas por diversos agentes sociais e políticos e familiares de presos, convocaram a manifestação de hoje, com o objectivo de reclamar o fim da tortura e da impunidade de quem a pratica. / Fonte: Gara

Ver também: «Gehiago torturatu ez dadin, neurriak exijitu dituzte milaka lagunek» (Berria)

Vítimas da violência estatal defendem uma «verdade completa» e uma solução democrática
Gara, Bilbo * E.H.
Uma ampla representação de pessoas que morreram na sequência da violência exercida por diversos agentes estatais compareceu em Bilbo para dar a conhecer a sua determinação na defesa de uma «verdade completa» neste novo tempo, no qual reclamam uma «solução democrática». / Mais info: Gara

«Trabajemos hoy por el reconocimiento y la verdad»
O documento ontem apresentado em Bilbo à opinião pública por este grupo de vítimas da violência estatal, lido por Carmen Galdeano e Idoia Muruaga, consta de cinco pontos e foi redigido em euskara e castelhano. Aqui se apresenta o seu conteúdo na íntegra nesta última língua.


Ver também: «Estatuen biktimek "egia osoa" nahi dute» (Berria)