Rufi Etxeberria admitiu que, à velocidade a que os acontecimentos políticos se dão em Euskal Herria, o debate interno na esquerda abertzale possa já parecer «pré-história», mas passaram apenas dois anos. É uma das constatações mais claras do impacto da mudança desencadeada por aquela iniciativa em todo o panorama político. Uma mudança que foi objecto de estudo, na segunda-feira, na Faculdade de Humanidades e Ciências da Educação da Mondragon Unibertsitatea. Numa sessão pouco comum, que tinha um propósito educativo - não mediático, pelo que as portas apenas estiveram abertas aos jornalistas no início -, um político e um advogado deram a classe.
A sessão decorreu na sala grande da HUHEZI, que mantém a decoração da capela que foi, o que conferiu um toque peculiar ao acto. O professor Aitzol Loyola encarregou-se de explicar que a iniciativa partiu dos alunos, que, ao analisarem o fenómeno das mudanças sociais, se centraram em dois pontos principais relativamente a Euskal Herria: o euskara e o novo cenário político. Foram então os próprios estudantes que decidiram convidar Rufi Etxeberria e Iñigo Iruin, que ali se deslocaram com gosto, para participar numa conferência pública a uma hora pouco habitual: 14h00. Contudo, na sala encheu, com mais de 130 pessoas, quase todas alunos.
Etxeberria admitiu logo de início que não vinham «ensinar nada, pois temos mais para aprender com o nosso povo que para ensinar». E isso conduziu-o a uma reflexão sobre a figura do espelho, presente no cartaz que anunciava o acto, porque, segundo explicou Loyola, quem quer dar início a uma mudança primeiro tem de olhar para si mesmo.
Etxeberria ampliou a reflexão explicando que a esquerda abertzale utilizou o seu povo como espelho, e acreditando ter entrado em sintonia com ele, ou seja, o povo também se viu reflectido na proposta da esquerda abertzale. E sobretudo na acumulação de forças impulsionada, sobre a qual disse tratar-se de «uma demanda dos cidadãos desde Lizarra-Garazi».A revolução e os jovens
Antes de que as portas fossem fechadas para que a sessão prosseguisse num âmbito exclusivamente académico, Etxeberria passou em revista todas as mudanças dos últimos tempos e antecipou outras que já se vêm no horizonte, como a aliança com outras nações do Estado depois de as eleições de 20 de Novembro terem deixado à vista «duas cicatrizes soberanistas claras em Euskal Herria e na Catalunya». Quanto ao PP, augurou que irá tentar parar o relógio da mudança, mas mostrou-se seguro de que será Euskal Herria a decidir o seu futuro.
E deixou um último apuntamento para um auditório muito jovem: «Será a juventude basca a decidir a sua estratégia e a sua organização, mas uma coisa é clara: vai ser o motor principal desta revolução democrática nacional». / Ramón SOLA
Fonte: Gara