O Euskal Preso Politikoen Kolektiboa (EPPK) dirige-se à sociedade basca através de um comunicado enviado ao Gara, no qual incentiva os cidadãos a participarem nas eleições do próximo domingo, para que assim façam avançar a liberdade de Euskal Herria. Mas o texto do EPPK avalia também o novo cenário criado ao cabo de 33 anos de constantes encarceramentos e faz um anúncio importante: que membros do Colectivo submetidos a determinadas medidas de excepção vão pedir a sua libertação «nos próximos dias». Trata-se, esclarece, de uma iniciativa colectiva e que procura incidir nas reivindicações que dizem respeito aos presos doentes, que deviam estar em liberdade condicional e a quem foi aplicada a «pena perpétua».
O Colectivo passa em revista a escalada repressiva dos últimos anos, mas salienta que «o nosso povo pôs o seu futuro na direcção contrária. Apostou num futuro livre há já algum tempo. Hoje não há quem justifique a política de vingança e a repressão de Espanha e França». Lembra que os signatários do Acordo de Gernika colocaram a reivindicação dos direitos colectivos e individuais do EPPK em cima da mesa. E refere que «o primeiro passo a ser dado pelos estados» é o de libertar os presos doentes e aqueles que deviam estar em liberdade condicional e «acabar com a política de punição da pena perpétua». «De forma urgente e sem qualquer condição», acrescenta.
Com o propósito de «fazer pressão» nesta demanda, o EPPK anuncia que «os membros do Colectivo que se encontram nessas situações irão pedir a libertação imediata nos próximos dias».
Para além disso, no comunicado afirma-se que «é imprescindível acabar com a dispersão e juntar os presos políticos bascos em Euskal Herria, aceitando o estatuto político a que temos direito». E enquadra esse passo no processo democrático, na medida em que, «para que o processo possa avançar, é imprescindível criar o contexto que permita a nossa participação no mesmo».
O anúncio ocorre depois de se assumir que o caminho a percorrer ainda será longo, mas salientando que «estamos nele». Neste ponto, alude à decisão da ETA de deixar a luta armada, considerando que foi tomada «com responsabilidade e a favor da liberdade de Euskal Herria».
Eleições
A última parte do comunicado refere-se à convocatória eleitoral do próximo domingo, a que o EPPK atribui uma «importância especial». E, tal como já o fez em Maio último, diz aos cidadãos bascos que, «neste momento de compromisso, o nosso voto estará com o vosso nas urnas».«Quem defende a estabilidade do Estado espanhol não espere pelo voto de nenhum de nós», diz o Colectivo. Acrescenta que «não vale dizer à boca pequena que estão a favor dos nossos direitos, e depois apoiar, com acções e em voz alta, a política repressiva dos estados que agem contra nós e o nosso povo. Têm de fazer uma opção. O PNV e partidos similares, que voltaram a dizer não à oportunidade única de apresentar a nossa voz como povo, não contarão com o nosso voto de forma alguma».
O Colectivo anuncia, portanto, que irá estar ao lado dos «abertzales, dos independentistas, dos que lutam pela mudança social, dos defensores da igualdade... numa palavra, da gente de esquerda! O EPPK estará com aqueles que assumem um compromisso com a liberdade do nosso povo, com quem sofre o apartheid político, com os que lutam e com os oprimidos, e também com a juventude rebelde, que é o futuro. Porque queremos atravessar a ponte para a liberdade com todos eles», afirma.
Para lá das eleições de 20 de Novembro, o EPPK precisa que no dia seguinte irá seguir em frente, mantendo sempre a sua essência de colectivo e o seu carácter político. Afirma que incidirá nas mesas de diálogo, que irá fomentar o trabalho conjunto e que exigirá aos estados o respeito pela vontade basca. «É esse o nosso compromisso», termina.
Fonte: Gara