O decreto sobre as vítimas da violência estatal apresentado por Lakua não satisfez as expectativas das associações que defendem a memória e evocam aqueles que foram mortos pela repressão espanhola. A última a juntar-se às inúmeras críticas que têm sido lançadas por diversos sectores contra o governo de Patxi López foi a fundação Egiari Zor, que ontem criticou duramente o decreto sobre vítimas «que não foram alvo de reparação, nem de justiça ou verdade».
Em nome da Egiari Zor, falaram Karmelo Arregi - irmão de Susana Arregi, militante da ETA assassinada na Foz do Irunberri - e Elena Bartolomé - companheira de Josu Muguruza, abatido a tiro em Madrid quando ia receber a sua acta de deputado pelo Herri Batasuna. Para além de se referirem ao decreto do governo de Lakua, congratularam-se com o «êxito» da Iniciativa Glencree, na qual participaram vítimas de violência das duas partes do conflito.
Em relação ao decreto, ambos os porta-vozes anunciaram que a sua fundação dará a conhecer no Outono «os nomes e apelidos de todas as pessoas mortas pela violência do Estado», de forma que a sua divulgação se oponha às «mentiras mil vezes repetidas e à ocultação» do Estado espanhol. E adiantaram que na lista há 379 nomes. / Mikel PASTOR / Ver: Gara
Homenagem aos escravos do franquismo no alto de Igari
O alto de Igari, em Bidankoze (Nafarroa), foi ontem o palco da homenagem que a Memoriaren Bideak tributa anualmente aos escravos do franquismo que cumpriram penas de trabalhos forçados na construção desta estrada de montanha.
No acto evocativo participaram membros de várias associações ligadas à memória histórica, para além de historiadores, escritores e, naturalmente, sobreviventes daquele terror.
Relataram, 73 anos depois, as penúrias e os sofrimentos que tiveram de enfrentar enquanto perdedores da guerra. Estes sobreviventes explicaram que estavam incluídos no Batalhão de Trabalhadores número 127, que era composto por cerca de 2300 prisioneiros, alguns dos quais viriam a falecer na abertura desta estrada.
No acto esteve presente Josefina Lamberto, filha de Vicente e irmã de Maravillas Lamberto, a menina de 14 anos que foi violada e assassinada pelos fascistas em Larraga. / Fonte: Gara