terça-feira, 13 de abril de 2010

Caso «Egunkaria»: «A sociedade basca acabou por derreter o poderoso impulso político que existia por trás deste caso», afirmam os absolvidos


Os cinco dirigentes do Egunkaria absolvidos pela Audiência Nacional manifestaram-se satisfeitos com a sentença mas advertiram que se trata de uma «vitória limitada», já que o processo ainda não terminou. «Estamos contentes não porque se tenha feito Justiça, mas porque se conseguiu parar provisoriamente a roda da injustiça», salientaram, ao mesmo tempo que atribuíram à sociedade basca o mérito «indiscutível» pelo que foi alcançado.
Ver: Gara
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Editorial do Gara: «Um dia de alegria e muitas razões para continuar alerta»

«A Audiência Nacional admite que o processo movido ao Egunkaria foi construído sobre teses “preconcebidas” e falsos indícios», de Ramón SOLA
«O processo contra o Egunkaria nunca devia ter começado. Sete anos depois, a Audiência Nacional admite que "a hipótese acusatória foi artificiosa", que foi usado o "ponto de partida preconcebido de uma ligação à ETA" e que se "inverteu o processo indutivo" seleccionando apenas indícios propícios. Os cinco acusados são absolvidos; o diário é história desde 2003.»

«O Estado deteve, encerrou e...», de Iñaki IRIONDO
«A sentença assinada por Javier Gómez Bermúdez pretende ser um valente puxão de orelhas às acusações populares que sustentaram o caso, mas na verdade deveria ser um correctivo contra as formas de actuação do Estado e da própria Audiência Nacional, que foram quem levou a cabo a operação contra o Euskaldunon Egunkaria, e muitas outras com os mesmos métodos.»

«Foi o Estado que encabeçou aquela operação que agora, sete anos volvidos, é considerada não conforme às leis.»

«Portanto, se neste longo processo houve uma montagem artificiosa, as culpas excedem claramente as acusações populares.»

«O que chama a atenção é que, depois de sete anos e de tudo o que foi visto e ouvido, haja responsáveis políticos, institucionais e judiciais a dizer que a sentença de ontem evidencia que "a Justiça em Espanha funciona" e que é "um Estado garantista".»

«Não houve controlo judicial suficiente»
«Desta forma, a sala presidida pelo juiz Javier Gómez Bermúdez prolonga a falta de atendimento judicial a estas denúncias [de tortura], que se verificou também noutros tribunais. Iñaki Uria, Martxelo Otamendi, Xabier Oleaga e Xabier Alegria - este último acabou por não ser processado neste causa - interpuseram iniciativas judiciais em virtude do modo como foram tratados na esquadra, mas foram todas arquivadas.»