terça-feira, 20 de abril de 2010

Operação da Guarda Civil: prisão para cinco dos detidos, enquanto Landa, Gallastegi e Pla ficam em liberdade


O juiz da Audiência Nacional espanhola Fernando Grande-Marlaska deu ordem de prisão, já esta noite, a cinco dos dez detidos na quarta-feira passada pela Guarda Civil (Jon Enparantza, Arantza Zulueta, Iker Sarriegui, Saioa Agirre e Naia Zuriarrain), enquanto Juan Mari Jauregi e Asier Etxabe saíram em liberdade sob fiança. Erramun Landa, José Luis Gallastegi e David Pla ficaram em liberdade ao princípio da tarde.

Os advogados Arantza Zulueta, Jon Enparantza e Iker Sarriegi, juntamente com o pintor e professor da UPV Erramun Landa, Naia Zuriarrain, Saioa Agirre, José Luis Gallastegi, Joxe Domingo Aizpurua, Juan Mari Jauregi e Asier Etxabe foram submetidos ao regime de incomunicação durante cinco dias, desde a sua detenção, na quarta-feira passada.

Também foram presentes ao juiz Grande-Marlaska nessa situação, pelo que não puderam ser assistidos por um advogado da sua confiança. Estes foram expulsos da Audiência Nacional, segundo fez saber o Movimento pró-Amnistia.

Os interrogatórios dos dez acusados iniciaram-se pouco antes do meio-dia, tendo sido interrompidos durante duas horas, e posteriormente retomados, terminando por volta das 20h30. Nessa altura, e correspondendo ao pedido do magistrado Luis Barroso, deu ordem de prisão a Arantza Zulueta, Jon Enparantza e Iker Sarriegi, bem como a Saioa Agirre e Naia Zuriarrain.

Juan Mari Jauregi e Asier Etxabe saem em liberdade contra o pagamento de fianças no valor 30 000 e 12 000 euros, respectivamente, enquanto Erramun Landa e José Luis Gallastegi eram postos em liberdade em função da debilidade dos indícios que existem contra eles. Abandonaram a sede judicial pelas 15h, momento em que foram recebidos pelos familiares que se tinham deslocado até à Audiência Nacional.

O décimo detido, Domingo Aizpurua, não é acusado de nenhum crime pelo magistrado, já que foi condenado no Estado francês pelos mesmos factos que lhe eram agora imputados e que uma pessoa não pode ser julgada duas vezes pelo mesmo. Terão sido todos acusados pela Guarda Civil dos crimes de «integração em organização terrorista» ou «colaboração com a ETA».

Pla, na rua
David Pla, por seu lado, detido em Hendaia, foi presente a um juiz em Paris e ficou em liberdade, segundo informou o Movimento pró-Amnistia.

Após a sua detenção, o ministro espanhol do Interior, Alfredo Pérez Rubalcaba, veio a público relacionar a sua detenção com a operação efectuada pela Guarda Civil e ligar expressamente o ex-preso aos advogados capturados.

Acusou Pla de ser um dos «homens fortes» da ETA. «É alegadamente o responsável dos detidos de quarta-feira, a pessoa que dentro do aparelho político se ocupa dos presos. Existe um departamento específico que se encarrega dos presos e suas famílias, seria o chefe dos detidos na quarta-feira no País Basco", afirmou Rubalcaba.

O Movimento pró-Amnistia afirma que o se passou com Pla mostra «até onde vai a intoxicação mediática». Salienta que os grandes meios de comunicação espanhóis «se transformaram num instrumento de propaganda de guerra ao serviço de Rubalcaba».

Precisamente, a edição digital de El Mundo difundia anteontem uma notícia com acusações inauditas contra Jon Enparanza. De acordo com este diário, o advogado teria enviado uma carta à direcção da ETA para manifestar a sua opinião mais favorável a cometer um atentado contra Iñigo Urkullu que contra o empresário Inaxio Uria.

A publicação desta notícia ocorreu de uma forma inusual, no momento em que os detidos estavam a prestar declarações perante o juiz e quando tinha começado a passar cá para fora que três deles tinham saído em liberdade. Esta circunstância fez com que a notícia relativa às libertações fosse relegada para um segundo plano nos serviços noticiosos da noite tanto na Rádio como na Televisão.
Fonte: Gara

Ver também: «Marlaska manda para a prisão cinco das onze pessoas que Rubalcaba ligou à ETA»

Editorial do Gara: «Um ministro cada vez menos seguro»