sábado, 25 de setembro de 2010

«A ETA está disposta a um cessar-fogo permanente e verificável, e também a ir mais longe»

Na extensa entrevista que o Gara publicará amanhã, e cujas questões adiantamos na nossa edição digital, a ETA afirma que a sua decisão de parar as acções armadas «se enquadra nos êxitos alcançados durante muitos anos pela luta de libertação», e explica que, se demorou a anunciá-la, isso se fica a dever ao facto de que «o protagonismo devia corresponder aos agentes que estão a dinamizar a mudança política. Ter tornado pública a decisão depois dos acontecimentos dos últimos meses evitou que o passo dado pela ETA seja entendido de forma inadequada», acrescenta a organização armada, ao mesmo tempo que afirma que o Ministério espanhol do Interior sabia que estava a mentir quando anunciava novas acções por parte da ETA.



Questionados sobre uma hipotética data para a suspensão das acções armadas, os entrevistados respondem perguntando se há alguém que queira que tal data exista. «Nós, não», acrescentam, antes de sublinharem que «a ETA quer avançar no caminho da resolução, cada vez com maior profundidade, até que em Euskal Herria nasça uma verdadeira situação democrática».


A entrevista, como é lógico, foi realizada antes da apresentação em Gernika do texto subscrito por diferentes forças sobre os mínimos democráticos a alcançar no processo de solução. Ainda assim, a ETA fala do «cenário básico para que o processo seja viável», no qual, em seu entender, devem estar presentes estes dois elementos: «Que sejam tomadas as medidas necessárias para que todos os agentes possam agir em igualdade de condições, que sejam estabelecidos os direitos civis e políticos, que sejam desactivadas as punições acrescidas impostas aos presos políticos bascos e que, de uma forma geral, seja desactivada toda a situação de pressão, ingerência e violência».



A ETA entende também que o processo deve desenrolar-se através do diálogo e da negociação, ao mesmo tempo que assinala quem são os protagonistas e manifesta a sua vocação para não o dirigir: «Há que activar e articular o processo de diálogo. Devem ser traçados os objectivos do diálogo, o método, a constituição da mesa de diálogo, as regras do jogo e a temática. Como se faz? Isso diz respeito aos agentes políticos e sociais vascos».
Fonte: Gara
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ADENDA (26/09/2010): Entrevista à ETA publicada no diário Gara (cas)