sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Guerra psicológica

Dizia ontem um colunista madrileno: «Um dever do ministro do Interior é descobrir fissuras na banda, e, se não, inventá-las». Pode-se dizer mais alto, mas não mais claro. Como seguimento lógico de tal argumento, e à vista do tratamento da operação, haverá que concluir que a missão auto-adjudicada por quase todos os meios de comunicação é difundir as «invenções» de Rubalcaba como coisa credível.

Não é necessário ter uma sensibilidade crítica especial para entender que a operação de terça-feira é uma operação propagandística, o que não lhe retira uma ponta de gravidade quando nove pessoas estão nos calabouços da Guarda Civil. O Estado procura, e agora de forma forçada, após a declaração da ETA, espalhar o medo na esquerda abertzale, empeçonhar, bloquear. Mas já não engana ninguém.

Antes estas coisas escondiam-se com dissimulação. Agora, no entanto, o ministro da Justiça não se importa de admitir que detêm só para encenar que «não estamos em tréguas», e o do Interior não hesita em vender a operação como uma tentativa de «retirar à ETA parte do seu poder sobre o Batasuna». Como bem diz o colunista do El Mundo, fazem o seu trabalho, mentir. Mas essas duas frases deveriam ser suficientes para que qualquer um situasse a operação no seu devido lugar. E, partindo daí, pensasse se vale a pena prosseguir a guerra psicológica ou dar uma oportunidade à paz.

Ramón SOLA
Fonte: Gara