terça-feira, 14 de setembro de 2010

Operação policial: detidas nove pessoas em Euskal Herria e Espanha


A operação foi decretada dirigida pelo juiz da Audiência Nacional Fernando Grande Marlaska, que acusa os detidos de fazer parte da «direcção do Ekin». Para o Movimento pró-Amnistia, o objectivo desta operação é dar cabo do novo ciclo político aberto em Euskal Herria por iniciativa da esquerda abertzale.

De acordo com as agências noticiosas, os detidos são Eneko Compains Silva - detido num autocarro em Cariñena (Saragoça), quando regressava de Valência, onde tinha gozado as férias -, Rosa Iriarte Laset e Joxe Aldasoro Jauregi - presos em Nafarroa -, Sandra Barrenetxea Diez e Erika Bilbao Barcena, na Bizkaia; em Gipuzkoa, Ugaitz Elizaran Aguilar; em Gasteiz (Araba), Egoitz Garmendia Vera e Urko Asier Aierbe Sarasola e em Noja (Cantábria) a eibartarra Aniaiz Ariznabarreta Ibarluzea.

A operação da Guarda Civil iniciou-se pouco antes das 4h00, tendo os militares iniciado em seguida a inspecção das habitações, uma inspecção que, segundo as agências, se irá prolongar durante o resto do dia. Numa nota, o Ministério do Interior espanhol comunicou que foram efectuadas 28 buscas.

Os agentes da Guarda Civil abandonaram já a Juan de Garai kalea, em Bilbo, onde agentes de uniforme e à paisana, vindos em dois jipes, derrubaram a porta da casa de Sandra Barrenetxea.

Já passava das 7h00 quando Barrenetxea foi metida numa viatura da Guarda Civil, abandonando o local em seguida.

A Guarda Civil levou para Eibar (Gipuzkoa) Aniaiz Ariznabarreta, que foi detida na Cantábria (em Noja), onde se encontrava de férias com o seu companheiro. O Movimento pró-Amnistia informou que, quando este se preparava para ir buscar a sua viatura, foi agredido, tendo ainda deparado com os pneus furados. Em Eibar, a Guarda Civil inspeccionou a casa do companheiro de Aniaiz.

Egoitz Garmendia, preso em Gasteiz, foi levado para a sua terra natal - Otxandio (Bizkaia) -, onde efectuaram buscas em casa dos seus pais. A Guarda Civil também inspeccionou o andar em que vivia em Gasteiz, o euskaltegi de Gasteiz onde trabalha e a sede da associação de moradores de Judimendi.

Inspeccionaram também a casa de Urko Aierbe, em Durango (Bizkaia), depois de ter sido detido na sua casa de família, em Egia. Nesse bairro donostiarra entraram também no Gazteleku. Aierbe trabalhou no EHE (Euskal Herrian Euskaraz) e no Kontseilua.

Erika Bilbao, detida em Erandio (Bizkaia), foi levada para Leioa por causa da inspecção de um local, após a inspecção da sua casa, que se prolongou até às 8h00.

A Guarda Civil fechou a Antonio Trueba kalea, em Erandio, e impediu que a família da detida entrasse na casa.
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Também estiveram em Iruñea, na Travesía de los Glacis, onde efectuaram buscas na casa de Eneko Compains, na Alde Zaharra, e na dos seus pais. Vedaram também o acesso a outra casa de família na Estafeta kalea.

Os agentes da Guarda Civil efectuaram buscas na casa de Rosa Iriarte, militante há muitos anos do movimento feminista. Obrigaram o seu companheiro a sair de casa, tendo depois vedado o acesso. Dali foram até ao andar dos seus pais.

Ocupação em Etxarri Aranatz
Efectivos da Guarda Civil ocuparam Etxarri (Nafarroa) e as crianças que iam para a ikastola depararam com os caminhos vedados pelos agentes do corpo militar. Também houve problemas com a ordem para inspeccionar a casa de Joxe Aldasoro, que durante vários anos trabalhou na EHE e no AEK.

Viveram-se momentos de grande tensão durante as buscas efectuadas, tendo os agentes do corpo militar detido Juan Cruz Aldasoro, irmão de Joxe Aldasoro. Foram ambos levados algemados de forma violenta, segundo relatou um irmão em apurtu.org (ver ligação mais em baixo).

Em Intxaurrondo (Donostia), a Guarda Civil efectuou buscas na casa do ex-preso político Ugaitz Elizaran, mas tiveram problemas com a ordem, pelo que, enquanto resolviam a questão, inspeccionaram o estabelecimento Zulo Zahar, de onde, segundo testemunhas, levaram uma reprodução do Gernika, de Picasso, e quadros de presos.

«Direcção do Ekin»
A operação foi decretada dirigida pelo juiz da Audiência Nacional Fernando Grande Marlaska e, de acordo com a Efe, que cita fontes da luta contra a ETA, garante que os detidos fazem parte da «direcção do Ekin».

O Ministério espanhol do Interior afirmou que dá por «desarticulada a nova direcção do Ekin», avaliação reiterada pouco depois por um seu representante, que disse ainda que esta «a estrutura que a ETA utiliza para instrumentalizar e dirigir a esquerda abertzale».

Risco de tortura
O Movimento pró-Amnistia alertou para o risco de tortura que os detidos correm durante o tempo que estiverem em poder da Guarda Civil, tendo lembrado anteriores operações decretadas pelo juiz Grande Marlaska.

Afirmou que o objectivo desta operação é dar cabo do novo ciclo político aberto em Euskal Herria por iniciativa da esquerda abertzale. Lembra, neste contexto, a resposta do Executivo espanhol à declaração da ETA.

Vaticina que a repressão não irá parar e apela à participação nas mobilizações que se realizarem.

Por seu lado, o Torturaren Aurkako Taldea (TAT) exigiu que sejam aplicadas aos detidos as medidas de prevenção contra a tortura como a derrogação do regime de incomunicação, serem conduzidos de imediato à presença de um juiz, a gravação de todo o período de incomunicação, a observação dos detidos por um médico de confiança e a assistência jurídica por parte de um advogado de confiança, bem como a informação da sua situação e paradeiro aos seus familiares.
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O TAT (Grupo contra a Tortura) lembra que só este ano foram detidas 38 pessoas pelas FSE, das quais 33 denunciaram ter sido torturadas em instalações policiais. Realça ainda o facto de duas das pessoas hoje detidas - Sandra Barrenetxea e Eneko Compains - já terem sido presas anteriormente, tendo ambos afirmado ter sido submetidos a tortura.

A Bilgune Feminista também manifestou a sua preocupação com os detidos e, especialmente, com Rosa Iriarte, membro desse colectivo.
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Mobilizações
Para as 20h00, foi convocada uma mobilização que partirá da ponte de Zubiaurre, em Intxaurrondo (Donostia), em protesto contra as detenções.

Em Bilbo, haverá uma mobilização à mesma hora a partir da Chalet de Hiedra plaza, no bairro de Irala, e em Eibar haverá uma mobilização às 19h00, a partir da Unzaga plaza.
Em Gasteiz, foi convocada uma assembleia para as 20h00.
Nos próximos dias haverá mais protestos e mobilizações, também em diversas localidades de Nafarroa.
Fonte: Gara

Ver também: apurtu.org / apurtu.org / askatu.org

MOBILIZAZIOAK:
Bilboko Irala auzoan mobilizazioa burutuko da, 20:00etan Txalet de Hiedra plazatik abiatuta.
Donostiako Intxaurrondo auzoan elkarretaratzea egingo da, 20:00etan Zubian. Bihar hiriburuko manifestaldia egingo da 20:00etan Bulebarretik abiatuta.
(Amnistiaren aldeko mugimendua)

Antsoainen jaiak hasiko dira, eta horren baitan mobilizazioak burutuko dira. Gaur arratsaldeko 20etan batzarra egingo dute. Iturraman ostegunean arratsaldeko 20etan Eskirotz eta Iturramako kaleen arteko bidegurutzean kontzentrazioa izango da. Etxarri Aranatzen ere mobilizazioak egingo dira. (apurtu.org)