sábado, 23 de julho de 2011

Apresentam uma queixa contra Garzón por incumprimento do seu protocolo para a prevenção da tortura

Alguns dos nove jovens que foram detidos no dia 22 de Julho de 2008 na Bizkaia (EH), Galiza e Andaluzia, familiares, advogados e membros do TAT (Grupo contra a Tortura) deram uma conferência de imprensa ontem em Bilbo para dar a conhecer a queixa que apresentaram contra o então titular do Tribunal de Instrução número 5 da Audiência Nacional, Baltasar Garzón; a médica forense Carmen Baena Salamanca e o instrutor e secretário da Guarda Civil que comandou a operação.

As razões, segundo explicaram, são o incumprimento do protocolo implementado por Garzón para prevenir as torturas e maus tratos, apesar de o tribunal especial lhes ter garantido que ia ser aplicado e que todo o período de detenção ia ser gravado. O próprio Garzón afirmou publicamente que iria ser aplicado, tal como lembraram hoje.

No entanto, segundo disseram, os detidos não foram acompanhados enquanto permaneceram incomunicáveis e apenas foram gravados nos corredores dos calabouços.

Todos os detidos afirmaram na presença de Garzón ter sido torturados, mas, mesmo assim, o juiz mandou sete deles para a prisão.

Um deles, Gaizka Jareño – absolvido num primeiro julgamento –, apresentou o seu testemunho na conferência de imprensa, tendo aboradado as sequelas psíquicas e tudo o que período de incomunicação representou para eles, as «agressões, ameaças e humilhações» que sofreram.

O jovem fez um apelo aos cidadãos para que se mobilizem contra o regime de incomunicação e a tortura.

Por seu lado, a advogada Ane Ituiño lembrou o «circo mediático» que se montou à volta daquela operação, um «circo» que, segundo sublinhou, teve sequência há três meses na Audiência Nacional quando, num julgamento, foi emitido um vídeo policial em que Arkaitz Goikoetxea – detido também na mesma operação – assumia uma acusação da qual foi depois absolvido, sendo que os meios de comunicação «esconderam deliberadamente» o modo como se tinha conseguido [«a falsa confissão»], ou seja, depois de ter sido «torturado e de o terem ameaçado a ele e à sua companheira».

Ituiño também criticou a recente eleição de Garzón como membro espanhol do Comité para a Prevenção da Tortura (CPT) do Conselho Europeu, o que interpreta como «mais um passo para ocultar a prática da tortura» no Estado espanhol.
Fonte: Gara

Tortura
Os jovens bascos que estão a ser julgados no novo Tribunal de Ordem Pública reconheceram entre os polícias que depõem aqueles que os torturaram há três anos. Um mau bocado, que se vem juntar a um processo que visa castigar o seu trabalho político. Quando a justiça honrar o seu nome, serão os torturadores que se sentarão no banco dos réus dos tribunais, que não se hão-de parecer com essa tétrica Audiência Nacional. / OLASO
Fonte: Gara