Juristas internacionais pedem que os acusados possam prosseguir com «os seus esforços por uma solução pacífica e democrática»
«Corren para detener y condenar, pero llegan muy tarde», de Ramón SOLA
Editorial do Gara: «Respuesta impotente a una estrategia ganadora»
Iñigo Iruin foi o primeiro dos advogados da defesa a tomar a palavra no último dia do julgamento.
O advogado começou por se referir a Rafa Díez, tendo salientado que o magistrado do MP não provou «absolutamente nada» e que «não existe qualquer prova incriminatória» contra o seu defendido.
«Existem apenas conjecturas, divagações, documentos fora de contexto para poderem encaixar nos factos sob a chave da abóbada de que "tudo é ETA"», disse.
Depois de referir que toda a actividade do ex-dirigente do LAB foi política, Iruin insistiu na ideia de que o magistrado se limitou a juntar «suspeitas, que não indícios, pensando que, com isso, tem a prova. Mas isso não é assim».
Criticou também o magistrado do MP por apenas olhar «para trás, e não para a frente», e considerou ter ficado bastante provada a existência de um debate, com discordâncias e confrontos, no seio da esquerda abertzale. Lembrou que no documento da ETA se fazia uma aposta na abertura de «um ciclo de confrontação armada» para cinco anos, face ao qual os arguidos promoveram uma estratégia exclusivamente assente em vias políticas.
Acrescentou que, desde o debate interno de finais de 2009, «não houve mais nenhuma acção da ETA». Perguntou «a que se fica a dever este período de dois anos sem atentados e antes jamais vivido». «Não pode ser entendido como uma simples manobra de adaptação porque isto nunca se tinha passado», disse.
Na sua opinião, «existe apenas um factor que o explica» e que é «o posicionamento claro da esquerda abertzale relativamente ao fim da estratégia político-militar».
«Foi a decisão da esquerda abertzale que levou a ETA a declarar o cessar-fogo», sublinhou Iruin.
Sobre o Bateragune, o advogado lembrou que surge apenas mencionado num documento e em «sete linhas». Enquadrou a sua existência no Ekin, mas deixou claro que «não existe qualquer prova de que Arnaldo Otegi ou algum dos outros sejam militantes do Ekin.
Iruin terminou a sua exposição ressaltando que Otegi, Díez e os restantes arguidos «tinham de enfrentar o problema, enfrentaram-no e ganharam», e «convenceram a ETA».
«A sociedade basca, que é a entidade mais próxima, já o percebeu. Deixem-nos terminar este trabalho pela mudança histórica que o próprio magistrado reconheceu no seu informe de ontem», pediu ao tribunal.
Jone Goirizelaia
À intervenção de Iruin seguiu-se a de Jone Goirizelaia, que denunciou o carácter político do julgamento e insistiu na ideia de que os oito processados trabalhavam para levar a cabo uma mudança de estratégia e apostavam em vias «exclusivamente políticas, pacíficas e democráticas». «Nunca agiram às ordens da ETA», salientou.
«Como é que isto pode ser compatível com uma estratégia político-militar se se está a falar da rejeição da violência?», perguntou ao tribunal enquanto mostrava aos juízes a Declaração de Altsasu.
Terminou a sua alocução com uma mensagem muito directa aos juízes: «Aquilo que vocês decidirem terá consequências, para além das penais».
Kepa Landa: «Aquilo que importa é o presente, que também será o futuro»
À advogada, seguiu-se Kepa Landa, que defendeu que, desde que os oito militantes independentistas foram encarcerados, «não existe um único dado que sustente a tese das acusações».
O advogado disse que essa tese é «o passado» e que o que importa agora «é o presente, que também será o futuro».
A Procuradoria pede 45 anos para os cinco arguidos que reconheceram o seu envolvimento na promoção do debate interno e da mudança de estratégia: dez para Arnaldo Otegi e Rafa Díez – detido quase por acaso –, nove para Miren Zabaleta, e oito para Arkaitz Rodríguez e Sonia Jacinto. «Não lhes dêem uma oportunidade», exigiu o magistrado do MP ao tribunal.
Vicente González Mota absolveu Txelui Moreno, Amaia Esnal e Mañel Serra, tendo em conta a clamorosa falta de provas.
Fonte: Gara