No sábado, dia 9 de Julho, cerca de 70 bascos provenientes de Elorrio (Bizkaia) - terra natal de Andoni -, cerca de uma dezena de activistas da ASEH e um representante da ACED (Associação contra a Exclusão pelo Desenvolvimento) concentraram-se em frente ao Estabelecimento Prisional de Monsanto para denunciar as condições a que o preso basco é submetido nesta prisão e para lhe expressar a sua solidariedade, numa altura em que se encontra em greve de fome, com mais quatro presos.
A concentração em frente à prisão de Monsanto durou cerca de três horas - aproximadamente, entre as 9h00 e as 12h00 -, durante as quais se gritaram palavras de ordem em defesa dos direitos dos presos, se entoaram cânticos de incentivo, se lançaram balões com faixas a apelar ao repatriamento dos presos bascos e se tocou txalaparta. À frente da concentração, uma faixa em que se lia «Andoni luta por umas condições dignas!».
Para além da proibição, reiteradamende comunicada por alguns agentes policiais presentes no local, da utilização do sistema de som que ali se tinha montado (a ideia era que Andoni pudesse ouvir alguma música basca, o que não acontece no interior da prisão), a concentração decorreu sem problemas e o tratamento por parte dos agentes foi correcto.
Pouco depois das 11h00, um elemento da comitiva vinda de Elorrio falou à comunicação social presente no local - ver reportagem da RTP aqui -, dando a conhecer os motivos que levaram Andoni a iniciar uma terceira greve de fome desde que se encontra encarcerado na prisão de Monsanto. Antes do final da concentração, um grupo de pessoas dirigiu-se à prisão para deixar uma carta que tem por destinatário o director do estabelecimento.
Depois disto, familiares e amigos do preso basco e activistas da ASEH dirigiram-se para o Rossio, no centro de Lisboa. Ali, exibiram duas faixas em que se aludia à situação de Andoni (uma em português, outra em inglês), distribuíram folhas com informação sobre a greve de fome que está a levar a cabo e as condições que vive na prisão (também em português e inglês), enquanto um grupo de zanpantzarrak dava animação à praça e despertava a curiosidade dos transeuntes. Entretanto, juntaram-se à comitiva solidária mais activistas da ASEH e dois deles colocaram uma ikurriña e uma faixa pelo repatriamento dos presos bascos no elevador de Santa Justa.
Comunicado distribuído pelos cidadãos bascos em Lisboa no dia 9 de Julho de 2011
«Em greve de fome para poder abraçar as filhas»
Aos cidadãos portugueses:
Somos um grupo de cidadãos bascos. Estão aqui familiares e amigos de Andoni, representantes de familiares de presos políticos, representantes do Movimento pró-Amnistia e um grupo de vereadores e presidentes de Câmara.
Andoni está na prisão de Monsanto, onde há cerca de 40 presos. As condições de vida nesta prisão são muito duras. Andoni não pode ver todos os seus familiares mais chegados. Tem duas filhas menores e não as pode abraçar mais do que uma vez por ano.
Andoni é o único preso político basco em Portugal. Entre Elorrio (sua terra natal) e Monsanto distam 867 quilómetros. Só pode receber duas visitas por semana (nestas visitas, o preso e o visitante estão separados por um vidro espesso). Uma das visitas é durante a semana, o que significa que o familiar perde pelo menos um dia de trabalho.
Os presos de Monsanto não podem vestir a sua própria roupa, à semelhança dos presos de Guantánamo. São obrigados a vestir uma indumentária (roupa exterior, interior e sapatos) da prisão. Nas celas, nunca se acende o aquecimento e faz muito frio. Podem sair apenas duas horas por dia para um pátio vedado com cerca de 40 m2.
Todas as vezes que entra e sai da cela é revistado com as mãos contra a parede e de pernas abertas. Depois das visitas íntimas com a companheira, são-lhe efectuadas análises à urina. E depois das visitas da companheira ou das do advogado é obrigado a despir-se. Estas regras penitenciárias servem apenas para humilhar, insultar, maltratar psicologicamente o recluso, para que perca a sua dignidade enquanto ser humano.
Para acabar com estas condições, Andoni e outros presos iniciaram uma greve de fome no dia 2 de Julho.
Andoni já fez duas greves de fome até agora para denunciar as duras condições de vida naquela prisão portuguesa. Esta terceira greve de fome pode deixar graves sequelas na sua saúde para o resto da sua vida. Mas não lhe resta outra forma de luta. É a única maneira de ser ouvido. Deixar de comer e fechar a boca para gritar o mais alto possível.
Para pôr fim a esta situação, gostaríamos de pedir a vossa colaboração. Entre todos, é possível melhorar as condições de vida do Andoni e dos outros presos.
Para tal, propomos duas formas de actuação: em primeiro lugar, escrevam ao Andoni para lhe expressarem a vossa solidariedade; em segundo lugar, escrevam ao director da prisão, denunciando a situação actual, de modo a que ela tenha fim o mais rapidamente possível.
Desde já agradecidos.
Andoni Zengotitabengoa Fernandez
Estabelecimento Prisional de Monsanto
Avenida 24 de Janeiro
1500 Lisboa