quarta-feira, 20 de julho de 2011

Para a Eskubideak, o encarceramento de Zulueta fica a dever-se à «patológica obsessão» de Marlaska com os advogados

A associação de advogados bascos Eskubideak deu uma conferência de imprensa em Bilbo para tornar públicas as diversas anomalias que detectaram no processo que conduziu à detenção e posterior encarceramento da sua colega Arantza Zulueta, que actualmente se encontra na prisão madrilena de Soto del Real.

Os advogados Iñigo Santxo e Alfonso Zenon, em euskara e castelhano, respectivamente, disseram que Zulueta se encontrava em liberdade condicional desde Dezembro de 2010. Depois de ter pago os 60 000 euros requisitados, «esteve sempre à disposição de todos os tribunais onde a sua presença foi requerida».

Nesse sentido, lembraram que, por iniciativa do juiz da Audiência Nacional espanhola Fernando Grande-Marlaska, foi citada novamente em Março deste ano para responder por uma nova acusação.

Não se justificava nenhuma alteração
Os seus companheiros lembraram que Zulueta se deslocou «voluntariamente» e que, dessa vez, a Procuradoria «considerou que não se justificava uma alteração» na sua situação pessoal, já que se mantinham as circunstâncias tidas em conta apenas quatro meses antes para decretar a sua liberdade condicional: inexistência de risco de fuga e/ou reiteração de acto criminoso.

De acordo com Santxo e Zenon, que estiveram acompanhados por cerca de quinze advogados, o auto em que foi decretada a detenção de Zulueta provém das mesmas diligências processuais, pelo que «nenhum dos factos implica uma alteração na acusação inicial de 'pertença a grupo armado'».
Por isso, consideram que «não fica explicada de forma alguma a razão de ser da medida de prisão».

Irregularidades
Criticaram ainda que o facto de não se aludir às irregularidades detectadas e denunciadas durante as buscas efectuadas no escritório de Zulueta, durante as quais, entre outras questões, os agentes permaneceram sem qualquer testemunha.

Para além disso, «dá-se o caso de que os elementos utilizados pelo juiz para alterar a situação de Arantza provêm de um informe da Guarda Civil que é adicionado incompleto ao processo». Esclareceram que «apenas se apresentam os fólios 31-34, algo que é absolutamente contrário às mais elementares normas do procedimento penal».

Por todo isso, a associação de advogados considera que a detenção de Zulueta «responde única e exclusivamente» à «patológica obsessão» de Grande-Marlaska com os advogados «que habitualmente defendem dissidentes bascos», perseguindo-os e encarcerando-os.
Fonte: Gara

Leitura:
«Presos y víctimas», de Gloria REKARTE, ex-presa política (Gara)