Se a possibilidade de conceder o direito de voto em Euskal Herria às pessoas que partiram alegando ameaças já tinha suscitado controvérsia, a tentativa de fazer com que a reforma do recenseamento abranja todos aqueles que viveram no País Basco «por um determinado tempo» e se foram por uma qualquer razão faz prever uma enorme tempestade política.
A realidade voltou a ultrapassar a mais alucinante das ficções. Já nem sequer será necessário ser um «exilado» pela ameaça da ETA para se poder votar em Araba, na Bizkaia, em Gipuzkoa e Nafarroa vivendo fora. Qualquer pessoa que tenha residido durante algum tempo nestes territórios e queira, de agora em diante, exercer ali o seu direito de voto terá apenas de passar pelo Gabinete de Recenseamento Eleitoral quando o prazo abrir e solicitar a alteração.
Esta é a proposta defendida no estudo encomendado pelo Ministério espanhol do Interior ao professor titular de Direito Administrativo da Universidade Complutense de Madrid e ao letrado das Cortes Gerais Fabio Pasqua, cujos principais excertos foram divulgados ontem à tarde pela agência Europa Press.
O relatório foi distribuído pelos especialistas chamados à sede do Centro de Estudos Políticos e Constitucionais, um órgão dependente do Ministério da Presidência, para participarem no seminário organizado pelo M. do Interior intitulado «Residencia y Derecho de Sufragio. Análisis del caso vasco».
A maioria dos convidados são da órbita política do PP e associações como o Foro Ermua. A nota da agência acrescentava que o orador foi felicitado de forma quase unânime pelo grupo de vinte teóricos reunidos para o efeito.
Segundo refere Pasqua, trata-se de «una reforma razonablemente practicable, esto es, sin modificar ni la Constitución ni los Estatutos de las dos comunidades autónomas afectadas y limitándose a una alteración de preceptos concretos de la LOREG». O PP dispõe de maioria suficiente para aprovar sozinho esta reforma.
Basta ter estado recenseado

O que contempla é a «exigencia de una cierta estabilidad en la domiciliación» em Hego Euskal Herria, estabelecendo «como requisito que esta se haya mantenido durante un número mínimo de años».
O responsável pelo estudo justifica a sua proposta surpreendente com «la dificultad de probar las razones que llevaron al abandono del domicilio en el País Vasco, así como por imperativos constitucionales derivados del derecho a no responder sobre la propia ideología, religión o creencias».
Se esta reforma da Lei Eleitoral for avante, as pessoas que quiserem efectuar esta mudança - «uma única vez» - poderão fazê-lo num prazo de «três a seis meses», passando assim a estar recenseadas no seu último local de residência em Araba, Bizkaia, Gipuzkoa ou Nafarroa.
Uma vez realizada, a alteração terá efeitos em todas as eleições, não estando contemplada a possibilidade de dupla votação em dois locais diferentes. / Iñaki IRIONDO - Alberto PRADILLA / Fonte: naiz.info
Leituras:
«Proponen un burdo y enorme pucherazo» (editorial do Gara)

«Pucherazo: Cardenal Cisneros, Franco, PP y PSOE», de Borroka Garaia (BorrokaGaraiaDa)
Esta es la tradición española que siglos después va a intentar ser aplicada masivamente en el sur de Euskal Herria con la intención de modificar y falsear el censo electoral vasco mediante la legalización del método de pucherazo de los «cuneros».
«Esta sí que es buena», de Xabier SILVEIRA (lahaine.org)
Y como él todos esos que ocupan la lista que Basagoiti airea. Mercenarios que en su día se subieron al carro del antiterrorismo y se forraron a costa de nuestro sufrimiento. Si vuelven todos necesitarán una nueva ETA, un nuevo IRA y tres ejércitos como las FARC para poder pagarles el sueldo. Porque, no pensaréis que esta gentuza vota gratis, ¿verdad? Lo gratis no da Mercedes, ni Balenciagas.