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Para os sindicatos que convocaram aquela greve, o arquivamento «evidencia a parcialidade do juiz». Com esta decisão, o juiz «impediu a realização de um julgamento que permitisse esclarecer a agressão» e a «argumentação é tal que sustenta a brutalidade policial», afirmam.
Os sindicatos criticam os repetidos intentos de «criminalizar» o direito à greve e à manifestação «que diversos estamentos puseram em marcha, centrando-se mais em determinados incidentes que na acção pacífica de dezenas de milhares de pessoas».
Criticam também «a acção policial desproporcional e irresponsável em vários momentos da jornada de greve de 26 de Setembro de 2012». As cargas policiais contra os grevistas ocorreram durante o comício contra os cortes impostos pelo Governo espanhol, chegando a interromper a concentração. Aingeru Zudaire era uma das centenas de pessoas que se encontravam sentadas como forma de protesto, mas, apesar disso, um agente da Polícia Nacional disparou sobre ele a uma curta distância, infringindo os protocolos de segurança e provocando-lhe uma lesão irrecuperável num olho.
«O facto de o juiz Otamendi considerar irrelevantes todos estes factos, arquivar a queixa e apontar os sindicatos convocantes como responsáveis pela lesão de Zudaire contraria qualquer sentido de justiça e evidencia preconceitos anti-sindicais e antidemocráticos incompatíveis com os princípios da imparcialidade que deveria presidir à acção judicial», afirmam os sindicatos.
Este juiz arquivou todas as queixas apresentadas por cidadãos agredidos pelas forças policiais durante a greve geral de 26 de Setembro; depois, face aos recursos interpostos, a Audiência Provincial emendou repetidamente as decisões de Otamendi, decretando a realização de julgamentos.
As forças sindicais que subscrevem o comunicado solicitam às instituições navarras «que tomem medidas para preservar o direito à greve e à mobilização face aos abusos policiais».
Familiares e amigos denunciam a «impunidade policial»
Familiares e amigos de Aingeru Zudaire (Atarrabia, Nafarroa) denunciaram a «impunidade» subjacente ao arquivamento da queixa que apresentaram contra o polícia que, na greve geral de 26 de Setembro de 2012, disparou uma bala de borracha que o atingiu numa vista e lhe provocou a perda da visão. Os familiares e amigos consideram «irresponsável» a sentença do juiz Fermin Otamendi, que desculpa os polícias e culpabiliza os sindicatos que convocaram a greve. Para dia 26, às 19h00, foi agendada uma concentração na Praça de Atarrabia em protesto contra esta situação. Ver: ahotsa.info e ahotsa.info