Entrevista de Agustin GOIKOETXEA a Kepa BEREZIARTUA, Presidente da EAE-ANV
Legais, ilegais, legais e de novo ilegais. Antes, fê-lo Franco; agora, um governo do PSOE. Mas Kepa Bereziartua referia ao GARA, apenas uns minutos depois de conhecer a sentença do Supremo Tribunal, que os argumentos de 1939 e os de 2008 são quase idênticos.
Legais, ilegais, legais e de novo ilegais. Antes, fê-lo Franco; agora, um governo do PSOE. Mas Kepa Bereziartua referia ao GARA, apenas uns minutos depois de conhecer a sentença do Supremo Tribunal, que os argumentos de 1939 e os de 2008 são quase idênticos.
Pouco depois de conhecer a ilegalização do partido a que preside, Kepa Bereziartua afirmava ao GARA de forma categórica que os argumentos que os conduzem à sua segunda ilegalização nos seus 78 anos de existência são semelhantes. Seguro de que o resto da classe política basca olhará para outro lado, anuncia que irão recorrer da sentença do Supremo espanhol em Estrasburgo.
Não é a primeira vez que EAE-ANV é ilegalizada. Que representa a sentença da Sala do 61 para a história do partido?
Em 1939, o Governo fascista de Franco ilegalizou-nos usando argumentos que são os mesmos que utiliza agora um governo socialista para fazer a mesma coisa. Temos a sentença de 39 e procuraremos que toda Euskal Herria leia as duas resoluções judiciais para ver as suas semelhanças. Na sentença de há quase 70 anos, ilegalizaram-nos e confiscaram-nos o património com a mesma argumentação de 2008.
Vê alguma diferença entre ambas as resoluções judiciais?
Nenhuma. Então, diziam que era apoio à subversão por enfrentarmos Franco e agora dizem que apoiamos o Batasuna. É vergonhoso, porque é a mesma linha argumentativa, embora com os 70 anos na diferença de linguagem.
Apesar de terem avançado, desde o início do processo, que não esperavam nada dos tribunais espanhóis, guardavam alguma esperança?
Na verdade, sempre resiste uma mínima esperança de que, no fundo, não sejam tão burros. A única coisa que a EAE-ANV fez foi apresentar-se às eleições municipais, o que é legal, e não se passou nada de estranho, nem colaborámos com ninguém. Simplesmente nos apresentámos às eleições municipais com um programa independentista e de esquerda, e, com base nisso, abre-se a caixa de Pandora e dizem-nos que somos tudo e mais alguma coisa.
Esperam algo das restantes forças políticas bascas?
Absolutamente nada. Precisamente, logo depois de se conhecer a notícia, numa rua de Erandio um senhor dirigiu-se-me para me perguntar o que iria dizer o lehendakari, e eu respondi-lhe que Ibarretxe não irá dizer nada, nada de nada. É assim, perante este novo atropelo à democracia, ficarão calados.
A do seu partido é a segunda ilegalização após a do Batasuna, Herri Batasuna e Euskal Herritarrok. Irão também a Estrasburgo?
Na verdade, já fomos. Apresentámos na Europa uma iniciativa contra a ilegalização de uma parte importante das listas às eleições municipais e forais, e, tal como no caso dessas três organizações políticas, foi admitida. Em que país democrático se pode dizer a um partido democrático que candidaturas podem ou não concorrer às eleições? Além disso, perante esta sentença, iremos ao Tribunal Constitucional espanhol, embora isso não sirva para nada, por certo, e depois a Estrasburgo, e aguardaremos cinco ou seis anos até que as instâncias europeias se pronunciem.
Após a sentença do Supremo, temem algum tipo de operação policial ou judicial contra os vossos militantes?
Não descartamos nada, já que a resolução pode dar asas ao juiz Garzón para atacar os nossos militantes e enviá-los para a prisão.
Fonte: Gara