Dezenas de ikurriñas abriram o caminho ao interlocutor político que esteve encarcerado antes, durante e depois do processo de negociação. Meteu-se no meio da multidão acompanhado por solidários que levavam a imagem do preso político gravemente doente Mikel Ibáñez. Elgoibar foi pequena e a ovação rompeu à passagem de Arnaldo Otegi.
Centenas de pessoas procedentes de todos os cantos de Euskal Herria brindaram ontem Arnaldo Otegi com um caloroso ongietorri [cerimónia de boas-vindas]. De fora das fronteiras de Euskal Herria também chegaram mensagens de alegria e de ânimo: o Partido Comunista sul-africano e associações da Argentina ou da Flandres estiveram presentes no acto, bem como o próprio líder do Sinn Féin, Gerry Adams, que enviou uma mensagem exigindo a todas as formações políticas e, de maneira especial, ao Governo espanhol que abordem de novo um processo negociação que dê solução ao conflito que Euskal Herria vive.
Otegi não tardou a tomar a palavra e, após recordar as últimas palavras que Jon Idigoras lhe transmitiu antes de morrer, reiterou o seu “compromisso com este povo”.
Pese a insistir na sua falta de treino como orador, em alusão aos 15 meses que passou na prisão, Otegi, com o seu habitual tom irónico, pediu à multidão que não ligasse às informações publicadas nalguns meios de comunicação sobre a sua desvinculação da esquerda abertzale. E garantiu que o seu compromisso com Euskal Herria seguirá vigente “até que todos os presos políticos estejam em casa”.
A sua primeira mensagem, plena de carinho, foi dirigida aos familiares dos presos políticos porque, como comentou, são eles os que, “em silêncio e com afinco, os apoiam e os amam”. Insistiu na necessidade de libertar todo o Colectivo de Presos Políticos Bascos como algo “vital”, e encorajou as pessoas a trabalharem nessa direcção.
Aquele que foi interlocutor político no último processo de negociação reiterou que as posições que a esquerda abertzale mantém na estratégia de negociação “são muito fortes”. E argumentou este posicionamento fazendo referência ao contexto europeu e destacando que a proposta de solução avançada pela esquerda abertzale se fundamenta em termos democráticos.
Acima de tudo, optimista
Apesar de que esse processo tivesse terminado sem dar saída ao contencioso, Otegi mostrou-se “razoavelmente optimista” perante a situação política actual. Precisou que o conflito continua “como há 15 meses” e também não desaproveitou a ocasião para criticar a classe política que “gere a manutenção do conflito”.
Não obstante, disse estar “absolutamente convencido” de que Euskal Herria “conhecerá outra vez um processo de negociação”. Um processo que, como precisou, “desta vez, sim, desembocará num acordo político e na liberdade de todos os presos políticos bascos”.
Aplausos ensurdecedores apagaram então a voz de Arnaldo Otegi.
Oihana LLORENTE
Fonte: Gara