O regime espanhol – por razões óbvias resisto a chamar-lhe “democracia” – voltou a condenar centenas de milhares de cidadãos bascos ao ostracismo político, determinou confiscar o seu património colectivo e decidiu repartir as ganâncias: as económicas, as políticas e as eleitorais.
No mesmo dia em que conhecíamos as aparências, o mesmo Regime – unificado nos seus poderes legislativo, executivo e judicial no que a Euskal Herria se refere – condenou a severas penas de prisão destacados militantes do Movimento Pró-Amnistia. Põe-se assim, com o braço judicial como executor material, fora de circulação o independentismo político e manda-se para a prisão a solidariedade com o colectivo de prisioneiros políticos mais numeroso da Europa.
Até aí, a constatação de que as coisas continuam onde estavam e que o caminho empreendido com os macro-sumários e as ilegalizações não terminou. Ficam processos importantes em aberto e não há dúvida de que se abrirão novos procedimentos. Só falta saber a quem sairá a rifa desta vez.
E a partir daí resta uma reflexão e um lamento.
A reflexão leva-nos, de forma inevitável, ao porquê de tamanha brutalidade e a avaliar as consequências de uma ofensiva deste calibre. O porquê é claro: um movimento político independentista que perdura no século XXI no coração da Europa, enraizado numa sociedade avançada como a basca, não pode ser erradicado sem uma violência descomunal. O contrário seria resignar-se a que, com o tempo, o projecto independentista se materializasse com a adesão da maioria. Os que governam o regime espanhol sabem-no com tanta certeza que não tiveram dúvidas no momento de empreender a campanha de violência e saque a que assistimos.
O lamento, sincero, é pela debilidade política manifestada por alguns que dizem partilhar o sentimento e o objectivo independentista, e pelo triste espectáculo que outros oferecem no comércio dos euros e dos votos. Tudo para continuar bem assentes no poleiro do poder delegado.
Recordo agora a lucidez de Jon Idigoras quando proclamava a urgência de alcançar a independência. Aonde vais com esta gente?
Martin GARITANO
jornalista
No mesmo dia em que conhecíamos as aparências, o mesmo Regime – unificado nos seus poderes legislativo, executivo e judicial no que a Euskal Herria se refere – condenou a severas penas de prisão destacados militantes do Movimento Pró-Amnistia. Põe-se assim, com o braço judicial como executor material, fora de circulação o independentismo político e manda-se para a prisão a solidariedade com o colectivo de prisioneiros políticos mais numeroso da Europa.
Até aí, a constatação de que as coisas continuam onde estavam e que o caminho empreendido com os macro-sumários e as ilegalizações não terminou. Ficam processos importantes em aberto e não há dúvida de que se abrirão novos procedimentos. Só falta saber a quem sairá a rifa desta vez.
E a partir daí resta uma reflexão e um lamento.
A reflexão leva-nos, de forma inevitável, ao porquê de tamanha brutalidade e a avaliar as consequências de uma ofensiva deste calibre. O porquê é claro: um movimento político independentista que perdura no século XXI no coração da Europa, enraizado numa sociedade avançada como a basca, não pode ser erradicado sem uma violência descomunal. O contrário seria resignar-se a que, com o tempo, o projecto independentista se materializasse com a adesão da maioria. Os que governam o regime espanhol sabem-no com tanta certeza que não tiveram dúvidas no momento de empreender a campanha de violência e saque a que assistimos.
O lamento, sincero, é pela debilidade política manifestada por alguns que dizem partilhar o sentimento e o objectivo independentista, e pelo triste espectáculo que outros oferecem no comércio dos euros e dos votos. Tudo para continuar bem assentes no poleiro do poder delegado.
Recordo agora a lucidez de Jon Idigoras quando proclamava a urgência de alcançar a independência. Aonde vais com esta gente?
Martin GARITANO
jornalista
Fonte: Gara