quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Atacam Batasuna no outro lado dos Pirinéus: catorze detidos pela polícia francesa em Ipar Euskal Herria


A polícia francesa deteve catorze cidadãos bascos em Ipar Euskal Herria [País Basco Norte], vinculando-os ao Batasuna, e inspeccionou a sede da formação abertzale em Baiona, para onde levou Xabi Larralde. As mobilizações de denúncia sucederam-se em numerosos municípios.

Sindicato LAB: “O Governo de Paris deu mais um passo no caminho da repressão” (cas)

O Movimento Pró-Amnistia confirmou até agora doze detenções: trata-se de Xabi Larralde (Baiona), Jean-François Lefort (Lekuine), Maider Duhalde (Lekuine), Jean-Claude Agerre (Jutsi), Patricia Martinon (Aiherra), Haritza Galarraga (Senpere), Giuliano Cavaterra (Baiona), Frederic Carricart (Baiona), Jokin Etxebarria (Urruña), Antton Etxeberri (Bunuze), Jon Irazola (Lekorne) e Aurore Martin (Baiona).

Além deles, também tinham sido detidos Eñaut Elosegi e Gwenaëlle Morvan, companheiros de Patricia Martinon e Xabi Larralde, respectivamente.

Os agentes da polícia francesa, que fez uso de um amplo dispositivo, inspeccionaram durante longas horas a sede do Batasuna em Baiona, na rua Cordeliers, para onde levaram Xabi Larralde, como se pode ver na imagem. Cerca de 250 pessoas concentraram-se no exterior em protesto, fazendo ouvir palavras de ordem como «Batasuna aitzina!» [Batasuna, para a frente!] ou «Alde hemendik, utzi bakean» [Vão-se embora, deixem-nos em paz].

As mobilizações sucederam-se em numerosos municípios de Ipar Euskal Herria: Donibane Garazi (150), Anhauze (100), Lekuine (80), Urruña (100), Senpere (110), Maule (25) e Hazparne (25), entre outros.

Duas investigações judiciais

As agências referem, citando “fontes próximas à investigação”, que as detenções se efectuaram no âmbito de três investigações judiciais. Mais concretamente, precisam que cinco das detenções estão ligadas a uma investigação sobre o EHAK [Partido Comunista das Terras Bascas] e outros sete a uma comissão rogatória das juízas Laurence Le Vert e Marie Antoinette Houyvet relacionada com o caso do ataque ao complexo hoteleiro do cozinheiro Alain Ducasse, em Bidarrai, levado a cabo em Junho de 2006. Ligam ainda esta última operação ao processo judicial iniciado após a operação contra o bar Kalaka, de Donibane Garazi.

Em Março, o juiz da Audiência Nacional Baltasar Garzón requisitou às autoridades francesas e belgas que investigassem sete pessoas por possível implicação no financiamento do EHAK, entre as quais se encontram vários dos detidos hoje.
Em Abril, as contas bancárias pessoais de 14 pessoas foram bloqueadas.

Segunda operação em três dias

É a segunda operação que as forças policiais francesas efectuam em Ipar Euskal Herria esta semana. Na segunda-feira foram detidas seis pessoas em Nafarroa Beherea, tendo sido postas em liberdade nesse mesmo dia. Essa acção realizou-se no âmbito da operação policial contra o bar Kalaka e as agências relacionaram-na com um auto emitido pela juíza da secção “antiterrorista” de Paris, Laurence Le Vert, no qual se vinculava os detidos à “lavagem de dinheiro para financiar o movimento independentista basco, através de bares e cafetarias”.

Denúncia e mobilizações

O Movimento Pró-Amnistia veio denunciar a operação policial, tendo referido que é “um ataque directo” contra a esquerda abertzale. Situou-a no contexto “dos passos que o Estado francês tem vindo a dar nos últimos meses na política de ilegalização” e criticou o governo de Paris “por apostar cegamente na repressão de mãos dadas com o governo espanhol”. Na sua opinião, as detenções dos últimos dias mostram isso mesmo.

Por tudo isto, apelou à participação nas mobilizações que tenham lugar esta tarde e nos próximos dias.

Fonte: Gara