segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Rumo à independência?

Apesar do tempo passado desde o seu abandono da política activa – ou talvez por isso –, Xabier Arzalluz, um dos referentes mais sólidos do jelkidismo [do PNV] nos últimos trinta anos, mantém intacta a sua capacidade de surpreender toda a gente. Para gozo de uns, indignação de outros e estupefacção dos que, como o assinante, observa desde há décadas o rumo divergente entre o discurso peneuvista e a sua praxis.

Agora, numa entrevista no meio mais hostil que se poderia imaginar, o presidente mais omnipotente que o PNV teve desde a morte de Ajuriagerra conta-nos que o caminho seguido pelo seu partido sempre se orientou – convém realçar o termo – rumo à independência.

Assim será se assim o diz Arzalluz, mas é difícil identificar no deambular errático do peneuvismo a decisão firme de quem conhece o destino da independência e se esforça por encontrar o caminho mais adequado às suas possibilidades.

É que desde os tempos de Txiberta – os mais velhos asseguram que desde muito antes – o PNV (o dirigido por Ajuriagerra, Garaikoetxea, Arzalluz, Insausti, Sudupe, Imaz ou Urkullu) escolheu companheiros de viagem que não tinham outro destino que o da sacrossanta unidade de Espanha. Companheiros que, por certo, nunca desdenharam o emprego da brutalidade para garantir o êxito da sua missão.

Pactuaram com o PSOE em numerosas ocasiões e instituições; cederam o poder aos neofranquistas em Nafarroa (ainda à custa de ter que expulsar o NBB [Napar Buru Batzar] por completo); concederam credibilidade pública à palavra de Aznar; partilharam mesa e prendas com Rafael Vera; permitiram à sua polícia intimar, colaborar e trabalhar conjuntamente com a Guarda Civil de Galindo e a Polícia de Amedo. E tudo isso para não falar do exemplar comportamento dos seus agentes para com a Audiência Nacional quando – outro exemplo – lhes ordenaram o sequestro e o enterro dos ossos calcinados de Lasa e Zabala, e o espancamento dos seus familiares.

Em todas essas estiveram o PNV e Arzalluz. Talvez seja o caminho para a independência mas, a verdade seja dita, custa tanto a acreditar...

Martin GARITANO

Fonte: Gara