segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

As CCOO e a tortura


Leio na imprensa (Gara, 13/01/2010): «CCOO reclama que Lakua actúe de oficio ante las denuncias de torturas que realicen los detenidos de ETA y su entorno que, a su parecer, finalmente, resultan ser falsas», e mais adiante: «para que los policías no deban costear de su bolsillo procurador y abogado...»

Eu, humildemente, vou-lhes dar duas ideias que podem contribuir para que não se verifique tanta denúncia de tortura e maus tratos:

1.ª. Perante a recusa, tanto do Governo de Madrid como do de Lakua, em eliminar o regime de incomunicação às pessoas detidas nos seus quartéis e esquadras, durante cinco dias, e a recusa em instalar câmaras que gravem a passagem dessas mesmas pessoas pelas instalações referidas, para mostrar o «tratamento excelente» que lhes é proporcionado (palavras de um ex-delegado de governo de Madrid em Nafarroa), sugiro-lhes que se faça uma colecta entre todos os corpos policiais estabelecidos em Euskal Herria para a compra «quotizada» de umas simples câmaras de vídeo. Sendo tantos, como são, os seus membros (a maior percentagem de polícia por habitante em toda a Europa), seguramente que não vai custar quase nada a cada um.

2.ª. Caso vejam que a ideia anterior não se pode concretizar, convidem a assistir aos interrogatórios todas as televisões que são convidadas a estar presentes nas detenções, inspecções, etc. De certeza que vão ficar encantadas com a possibilidade de garantir, com a sua presença e gravações, a total ausência de maus tratos e torturas.

Em ambos os casos, como os horários dos interrogatórios respeitam, falando em termos coloquiais, o «horário de comércio» - já que, em virtude do mencionado excelente tratamento que é proporcionado às pessoas detidas, são respeitados os seus horários de refeições, descanso, não sendo, naturalmente, incomodadas em caso algum durante as oito horas de sono -, as horas de interrogatório a cobrir por cada polícia ou cadeia de televisão seriam poucas e suportáveis. Estas poderiam estabelecer turnos para não calhar tantas horas a cada uma. Assim, tendo em conta o ambiente relaxado que se respira nesses lugares, poderiam verificar, e assim o transmitiriam aos incrédulos telespectadores, como os detidos e as detidas estão dispostos a cantar de forma voluntária e espontânea tudo aquilo que sabem... e que não sabem.

Em suma, eliminava-se a possibilidade de tortura e de maus tratos, e os detidos e as detidas agradecer-lhes-iam do fundo do coração, evitando-se essa chatice tão desagradável de ter de negar perante o juiz o que de maneira tão espontânea declararam nos seus hábeis interrogatórios.

P.S.: Recomendo, sobretudo aos incrédulos, e àqueles que olham para o lado, a leitura do livro Manual del torturador español, de Xabier Makazaga, publicado pela Editorial Txalaparta.

Koldo AMATRIA ZUDAIRE
Fonte: apurtu.org