terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Debate no seio da Esquerda Abertzale: excerto de entrevista a Xabi Larralde


Xabi Larralde: «O potencial da opção que debatemos foi demonstrado; agora é preciso desenvolvê-lo com o apoio dos militantes e da base social»

O diário Gara entrevistou Xabi Larralde. Este é um excerto da entrevista, mais concretamente da parte em que se aborda o debate aberto na esquerda abertzale e da sua situação.

O debate está quase a terminar. Pode fazer um pequeno balanço?
Temos dados quantitativos sobre o desenrolar do debate. É preciso destacar que 7500 militantes participaram nas assembleias, que decorreram em 270 bairros e localidades. O documento em si teve uma divulgação incrível: sabemos que só na Internet se fizeram mais de 200 000 descargas, e nós distribuímos 25 000 documentos de mão em mão. Além disso, houve também uma divulgação a nível internacional, tendo sido traduzido para várias línguas.

A participação foi muito grande e o debate estendeu-se para lá da nossa base social. Um outro elemento a ter em conta é que a grande maioria faz sua a tese que é defendida no documento, apostando nesse caminho. E também que há uma grande maioria a favor da Declaração de Altsasu. É isso que constatamos. Daí retiramos uma conclusão muito clara.

E agora?
O debate está à beira de terminar e está-se a trabalhar nas conclusões. Para responder a essa questão, primeiro é preciso notar um aspecto muito importante: que o debate em si mesmo agitou o panorama político. E em duas direcções. Por um lado, vimos a resposta que foi dada após a detenção dos militantes do Batasuna, e também vimos a força que teve a manifestação de 2 de Janeiro. O que é que isso mostra? Precisamente, o potencial da opção que estamos a debater. Essas são as opções e as oportunidades para activar a sociedade e assim levar até ao último patamar o processo de soberania.

Por outro lado, vimos também as reacções que temos pela frente, por parte do inimigo. Por parte dos políticos, basta ver as declarações Rubalcaba, basta ver também o nervosismo que o debate gerou numa grande parte do PNV e, ainda, as fugas de informação, putrefactas e interessadas, que alguma meios de comunicação e certa imprensa fizeram. Essas reacções evidenciam o nervosismo e o medo que lhes causa o processo democrático que estamos a debater. Seguramente porque os que temos pela frente vêem melhor que nós o potencial desta estratégia. Esse é o caminho, e consideramos que temos de promover essa opção, com base na leitura política que fazemos e com o apoio da militância da esquerda abertzale e da sua base social.

Portanto, é evidente que a esquerda abertzale se está a mexer e que terá de se mexer ainda mais, mas também dizemos que os restantes agentes terão de se mover no sentido de assumir compromissos a favor deste processo democrático, a favor deste processo de soberania. Porque, antes de mais, é óbvio que este processo será um processo de confrontação. E que ninguém pense que aqui será possível deitar abaixo o muro da negação sem assumir compromissos firmes e sem se envolver.
Fonte: ezkerabertzalea.info