Milhares e milhares de pessoas responderam à convocatória e percorreram o caminho que une o túnel do Antiguo e o Boulevard donostiarra, onde a manifestação terminou e onde decorreu um breve acto. Xabier Oleaga e a andereño Kontxita Beitia ressaltaram que «os julgamentos políticos fazem parte do passado» e, por isso, exigiram que «se acabe com os existentes» e que as condenações decretadas noutros sejam revistas.
Vídeo da manifestação (Gara)
«A primeira semana do julgamento do Bateragune termina sem provas», de Ramón SOLA (Gara)
O jornalista Xabier Oleaga e a histórica andereño Kontxita Beitia leram, no final da manifestação que juntou milhares de cidadãos em Donostia, uma declaração em que ressaltaram que «os julgamentos políticos fazem parte do passado» e exigiram que «se acabe com os existentes» e que as condenações decretadas noutros procedimentos desta natureza sejam revistas.
«Não ao passado e sim ao futuro. Foi o que aqui viemos dizer hoje», afirmaram Oleaga e Beitia, em castelhano e euskara, respectivamente.Ambos defenderam que «chegou o momento de exteriorizar a consciência crítica da sociedade basca» contra este processo, uma mensagem que, em seu entender, deve chegar às «instâncias judiciais espanholas e internacionais».
«Não queremos as políticas repressivas dos estados. Não queremos a violência da ETA, nem queremos violência política de género algum», afirmaram.
Disseram também que «há muito em jogo no caso Bateragune, porque é um precedente para processos posteriores».
Depois de reconhecerem que nos últimos tempos houve «mudanças profundas» em Euskal Herria e que «há muita gente nessa sala», salientaram que «os arguidos assumem um particular protagonismo». «Todo o mundo o sabe e faz falta que essa mensagem chegue às instâncias judiciais espanholas», referiram, antes de concluir com exifgência da livre absolvição dos imputados e a libertação de pessoas encarceradas noutros processos de carácter político.
Manifestação e apoios
Minutos antes das 17h30, hora prevista para o início da manifestação, inúmeros autocarros tinham chegado às imediações do túnel do Antiguo, onde milhares de pessoas aguardavam que se iniciasse a manifestação de protesto contra o julgamento que tem estado a decorrer em Madrid relativo ao «caso Bateragune».
A faixa, em que se podia ler «Epaiketa politikorik ez. Aterabideak aurrera» [Não aos julgamentos políticos. Sim às soluções], foi levada por Javier Madrazo, da Ezker Batua; Jesús Uzkudun, das CCOO; a ex-directora da Emakunde Txaro Arteaga, o ex-autarca de Donostia Ramón Labaien, e também Ramón Zallo e Xabier Oleaga.
Estiveram também presentes representantes de inúmeros agentes políticos e sociais, acompanhados por um dia de sol e uma temperatura agradável, na capital guipuscoana. O deputado geral de Gipuzkoa, Martin Garitano, também participou na manifestação.
Entre os assistentes, encontravam-se ainda caras importantes da esquerda abertzale, como Rufi Etxeberria, Itziar Aizpuru ou Ibon Arbulu. Um outro conhecido militante abertzale e também imputado no «caso Bateragune», Txelui Moreno, fez, em nome da esquerda abertzale, um apelo directo ao lehendakari, Patxi López, para que realize uma declaração pública a pedir o «fim da perseguição por motivos políticos contra os militantes independentistas deste país».
Depois de agradecer as manifestações de apoio, salientou o facto de se tratar de um processo judicial contra «actividades políticas» e que se pretende «criminalizar» a sua estratégia, enquanto o «Estado se debilita».
O dirigente da esquerda abertzale disse que estão «expectantes» quanto à proposta realizada pelo lehendakari, Patxi López, que esta sexta-feira anunciou que, depois do Verão, entre os objectivos do seu Executivo estará a elaboração de uma proposta que coloque o Governo de Gasteiz «na primeira linha da política de pacificação e convivência».
Moreno disse que a proposta devia constituir «uma solução integral» para o conflito actual. Mas insistiu na ideia de que o lehendakari devia realizar uma declaração pública.
«Que diga que já se acabaram os macro-processos, os julgamentos na Audiência Nacional, e que se acabou, de uma vez por todas, a perseguição às ideias políticas em Euskal Herria», acrescentou.
Com Moreno, estavam também em Donostia os arguidos Rafa Díez Usabiaga, Amaia Esnal e Mañel Serra, os únicos que se encontram em liberdade.
Tasio (Gara): no sábado, para Donostia; no domingo, para Iruñea
Delegações políticas e caras conhecidas
Representantes do Eusko Alkartasuna como Maiorga Ramírez, Juanjo Agirrezabala e Koldo Amezketa também secundaram a convocatória. Agirrezabala, que representa o EA na Câmara de Gasteiz, disse que, com este tipo de julgamentos, «querem colocar entraves à vontade maioritária dos bascos e bascas», mas defendeu que o caminho iniciado em Euskal Herria «não tem volta atrás».
Em representação do Aralar, estiveram Rebeka Ubera e Patxi Zabaleta. Este último, que esta semana viajou até Madrid para seguir in situ o julgamento, em que a sua filha Miren também é arguida, referiu que o objectivo da manifestação é o de que «não haja mais julgamentos políticos».
Não faltaram caras conhecidas, como Oskar Matute, da Alternatiba; o coordenador da Lokarri, Paul Ríos; ou jornalistas como Joxean Agirre e Martxelo Otamendi.
Fonte: Gara via boltxe.infoVer também: «Rejeição dos julgamentos políticos e aposta no futuro em Donostia» (Gara)
«Herritarrek eman dute auziaren epaia: absoluzioa» (Berria)