quinta-feira, 12 de março de 2009

Diferentes gerações reivindicam o direito à desobediência cívica, à beira de um julgamento inédito

Pessoas que participaram activamente nas principais lutas sociais das últimas décadas em Nafarroa uniram-se ontem, na Praça do Castelo, para reivindicar o protesto sentado como um acto legítimo de desobediência cívica. E nisso são acompanhados por Ghandi, Rosa Parks, John Lennon ou Touro Sentado, em cartazes espalhados pelas ruas de Iruñea [Pamplona] e em que se pode ler: “yo también lo hice / nik ere egin nuen”. Quiseram assim mostrar o seu apoio a doze simpatizantes da iniciativa Iruñerria Piztera Goaz que incorrem numa pena de dois anos e meio de prisão por agirem dessa mesma forma. Vão a julgamento no dia 26 de Março, na Audiência de Nafarroa.

Aranguren, Itoitz, Koxka...
Ekiza falou da defesa do meio ambiente no vale de Aranguren, das penas de prisão a que foram condenados dez elementos do movimento popular, mais tarde absolvidos pelo Supremo Tribunal, lembrando aos mais jovens a história de uma luta que provavelmente não chegaram a conhecer, travada quase corpo a corpo com a Guarda Civil.
Lander Aurrekoetxea falou como representante do movimento da luta antimilitarista, que obteve grande apoio social também durante os anos 80 e 90, qualificando o protesto sentado como “uma forma de acção cívica e de resistência passiva a que qualquer colectivo pode recorrer para fazer ouvir a sua voz”. Defendeu ainda o fomento de um modelo de cultura “aberto e livre, por contraponto à cultura enlatada que nos querem impor desde o Município”.

Nessa mesma linha, Mabel Cañada, membro da plataforma Solidários com Itoitz, defendeu o direito dos cidadãos “a ocupar a rua. A rua é de toda a gente, e por isso toda a gente tem o direito a caminhar, a sentar-se, a plasmar a sua voz e a pintar as suas palavras nela”.
Ainhoa Aznárez, porta-voz da comissão do 8 de Março e membro do PSN, participou na manifestação do Dia da Mulher do ano passado em Iruñea, proibida pela Delegação do Governo espanhol no herrialde e que terminou uma carga policial brutal. “Nós também levámos a cabo um acto de desobediência civil ao ocupar a rua, mesmo quando isso nos tinha sido expressamente proibido”, realçou Aznárez, antes de manifestar todo o seu apoio às pessoas agora processadas.

Mas se há alguma luta social conhecida hoje em dia é a que advém da crise. O trabalhador da Koxka Santiago Viedma, recentemente despedido, com outros 274 colegas, na sequência de um ERE [expediente de regulación de empleo], quis estabelecer uma comparação entre a sua situação e a dos membros da Iruñerria Piztera Goaz. “O que se passou connosco, tal como o que se passa com vocês, foi um arranjo dos de cima, às escondidas, sem que pudéssemos fazer nada”.
A campanha «Yo también lo hice / Nik ere egin nuen» não se limitará a esta mostra de apoio público, nem aos cartazes colocados em tantas paredes da cidade. No sábado, pelas 19h, quem quiser também o pode fazer, numa manifestação que partirá da Gaztelu Plaza.

Asier VELEZ DE MENDIZABAL

Notícia completa: Gara

Ver também: http://yotambienlohice.com/