Amparo Lasheras, Arantza Urkaregi, Iñaki Olalde, Hodei Egaña, Agurtzane Solabarrieta, Eli Zubiaga, Imanol Nieto e Iker Rodrigo voltaram ontem a poder gozar o prazer da companhia dos seus, depois de permanecerem cerca de dois meses presos em diversas prisões do Estado espanhol, pelo desejo de concorrerem às eleições que decorreram no passado dia 1 de Março.
Estes oito militantes independentistas foram detidos na madrugada de 23 de Janeiro, numa operação dirigida pelo juiz da Audiência Nacional espanhola Baltasar Garzón e na qual participaram cerca de 300 agentes da Polícia espanhola. Apenas treze dias antes, a plataforma D3M, com Amparo Lasheras como uma das suas porta-vozes, apresentava-se perante a sociedade como uma opção política de esquerda e abertzale.
A operação e o posterior encarceramento dos detidos foram utilizados pelos tribunais espanhóis para abrir caminho à ilegalização da plataforma abertzale e do Askatasuna, um partido legal desde 1998.
No entanto, anteontem, passadas que estão as eleições autonómicas, o tribunal de excepção aceitou parcialmente o recurso de apelação apresentado pela defesa e revogava a prisão preventiva decretada pelo mesmo tribunal, contra o pagamento de 6000 euros.
Reencontros emotivos
Só Arantza Urkaregi foi liberta na terça-feira, horas depois de o tribunal ter dado conhecimento da decisão e depois de os seus familiares terem pago a quantia exigida antes de que os bancos fechassem. A professora da UPV deixou para trás a prisão galega de A Lama às 21h00, reencontrando os seus familiares, que se tinham deslocado até ali.
Depois de passar a noite na Galiza, Urkaregi pôs-se a caminho de Euskal Herria, onde amigos e familiares a esperavam ansiosos na herriko taberna Errondabide. Urkaregi retirou a sua fotografia da parede entre aplausos dos que ali se juntaram.
Os familiares de Iñaki Olalde também conseguiram pagar o dinheiro exigido na terça-feira de manhã e, apesar de numerosos amigos e familiares se terem deslocado até Teruel para esperar o aguraindarra, este não saiu antes do meio-dia de ontem. Alguns amigos tiveram mesmo que regressar de Teruel na noite de terça por causa do trabalho.
O GARA pôde falar com Olalde, que se encontrava surpreendido com a decisão e “muito contente” por poder voltar a ver os seus colegas da ikastola, familiares e amigos. No entanto, também teve palavras para os kides que o acarinharam durante estes dois meses. Disse que passou a manhã toda a despedir-se deles e garantiu que vem para a rua com o compromisso de trabalhar até que os seus companheiros também estejam cá fora.
A usurbildarra Agurtzane Solabarrieta abandonou por volta das 14h00 a prisão de Brieva, onde também era esperada por gente amiga, e, assim que chegou a Usurbil, foi recebida pelos seus conterrâneos.
Eli Zubiaga abandonou ao meio-dia de ontem a prisão de Córdova, onde a aguardavam o seu companheiro, o seu irmão e um amigo. Disse ao GARA que se estava “a passar e querendo regressar a Euskal Herria”.
Hodei Egaña, Iker Rodrigo e Imanol Nieto, por seu lado, deixaram também para trás as prisões de Herrera, Ocaña e Foncalent, respectivamente.
A última a abandonar a prisão foi a deputada eleita da D3M por Araba, Amparo Lasheras, que saiu já depois das 19h00 da prisão de Valhadolide.
No auto emitido na terça-feira, o tribunal assume parcialmente a apelação da defesa, que se baseia no facto de os oito cidadãos terem sido encarcerados por exercer o direito à participação política. Assim o avaliou ontem a advogada Jone Goirizelaia: “O que faz é aceitar a tese da defesa, dizendo que, efectivamente, as actividades pelas quais estas pessoas foram presas são actividades de carácter político”. Esta advogada referiu ainda que, sem emitir um parecer sobre o potencial carácter delitivo das acções, o tribunal entende que estas pessoas não vão tentar escapar à acção da J/justiça.
Oihana LLORENTE
Fonte: Gara
Arantza Urkaregi, na Alde Zaharra de Bilbau. Aupa!!!
Ver também: em kaosenlared, «Euskal Herria: Ongi Etorri etxera Arantxa, Bem-vinda a casa, Arantxa», de Aníbal Garzón
«Arantxa foi presa, privada da sua rotina e dos seus desempenhos sociais pelo juiz Baltasar Garzón, para a impedir de dar voz a mais de cem mil votantes em Euskal Herria. Quem é então o/a terrorista?»