terça-feira, 31 de março de 2009

Aritxulegi volta a ser o cenário do tributo à memória dos ‘gudaris’


Cerca de duzentas pessoas participaram no último domingo na cerimónia anual que se celebra em Aritxulegi em honra dos 225 gudaris “que deram a vida na luta pela liberdade de Euskal Herria”, coincidindo com o 28.º aniversário do falecimento de Telesforo Monzón. A presença da Guarda Civil não impediu que o acto de reconhecimento tivesse lugar. A instituição militar colocou um controlo em Arditturi, onde identificaram os que assistiram à homenagem.

No dia em que se comemorava o 28.º aniversário da morte do histórico abertzale Telesforo Monzón, cerca de duzentas pessoas voltaram ao “carvalhal dos gudaris” de Aritxulegi, em Oiartzun, para honrar a sua memória e o seu exemplo, plantando uma nova árvore pelo recentemente falecido Pedro Mari Goikoetxea.
O “bosque dos gudaris” de Aritxulegi conta já com 225 carvalhos, que a partir das 11h30 de domingo foram obsequiados com rosas vermelhas, entre lágrimas dos familiares e amigos que os voltaram a recordar, apesar dos entraves policiais.

Depois de passar pela placa da EAE-ANV em honra aos gudaris mortos, na qual é possível observar mais de uma dezena de marcas de disparos, um acto simples mas emotivo evocou a memória desses 225 cidadãos bascos e cidadãs bascas “que deram a vida por Euskal Herria”.
Com uma manhã limpa, quase toda a gente notou a presença de vários guardas civis postados sob uma árvore, no cume. Mais evidente era o controlo que montaram logo após a conclusão da cerimónia, perto das minas de Arditturri, onde identificaram todos os que desciam de Aritxulegi. Militares que, além de fazerem perguntas tão curiosas como “Leva consigo explosivos ou armas?”, possuíam também pseudónimos assinaláveis como, por exemplo, Ander ou Portu.

A irrupção da Guarda Civil conseguiu atrasar por uns minutos o acto político que decorreu por volta do meio-dia na praça de Oiartzun e no qual tomou a palavra um membro da esquerda abertzale, que reiterou o compromisso de proteger o “bosque dos gudaris” e de evocar “a memória dos que deram a vida na luta pela liberdade de Euskal Herria”.
Com uma breve passagem pelo contexto político actual, insistiu especialmente no modo como as proibições dos ongi-etorri a presos, dos actos em defesa dos seus direitos ou de iniciativas como a de Aritxulegi perseguem “o carinho que lhes mostramos, porque isso lhes dói. Querem determinar, como a Constituição, de quem devemos gostar. Mas não, isso jamais será assim”.
Também referiu que, com vista ao futuro, “também nada será muito fácil, como até agora”, mas mostrou-se seguro de que, com o trabalho e o compromisso militante, Euskal Herria alcançará um quadro democrático.

Gari MUJIKA

Fonte: Gara


Como tributo a Telesforo Monzón, deixamos a canção «Lepoan hartu ta segi aurrera» [Pega nele e segue em frente], de que é autor; a interpretação é da dupla Pantxoa ta Peio.

Pega nele e segue em frente!
Pega nele e segue em frente!

Encontrámos um jovem caído
o peito cheio de flores vermelhas…
Do meio dos barrotes chega
o grito da juventude basca!
Rapazes, demos as mãos!
Levemos isto unidos!
Se no caminho cai um irmão…
Pega nele e segue em frente!

Pega nele e segue em frente!
Pega nele e segue em frente!

Não temos medo, não temos vergonha
de mostrar quem somos, o que somos.
Não somos ladrões, não somos cães
para nos prenderem a uma corrente.
Se somos homens, continuemos em frente,
até sermos senhores da nossa terra.
Estamos acostumados a aninhar
sob as asas da liberdade.
Aprendemos a caminhar
sem dar a mão aos lobos.

Pega nele e segue em frente!
Pega nele e segue em frente!

Se o inimigo me quer amedrontar
ameaçando-me com a sua espada,
erguer-me-ei à sua frente
falando-lhe na minha língua.
Rapazes, não me choreis se cair
nesta noite escura.
Irei acender uma nova estrela
no céu de Euskal Herria…
no céu de Euskal Herria…
no céu de Euskal Herria…

Pega nele e segue em frente!
Pega nele e segue em frente!