quinta-feira, 26 de março de 2009

Libertaram uma deputada eleita


Bobby Sands, Marwan Barghouti, Leyla Zana... e Amparo Lasheras, entre tantas outras pessoas, partilharam não apenas a condição de presos políticos mas também o facto de terem sido eleitos pelos seus respectivos povos para exercer funções parlamentares. Na maioria desses casos, foram eleitos para trabalhar em câmaras que, curiosamente, além de não aceitarem ou negarem directamente a legitimidade das suas propostas políticas, pretenderam obviar que são os próprios parlamentos, e não os eleitos presos, os que se encontram sob suspeita. Pois o mero facto de uma parte dos seus membros estarem na prisão evidencia a violação dos direitos políticos de uma parte da sua cidadania, bem como das mais básicas normas da democracia. Avançar com a hipótese contrária aduzindo que se trata simplesmente de “terroristas”, como fizeram os respectivos governos em diferentes épocas, implica assumir que a grande massa social que neles votou apoia directamente essas organizações. Hipótese com a qual os securocratas pretendem tranquilizar as suas hostes, quando na realidade deveriam reflectir sobre as suas consequências.

Hoje, juntamente com as outras sete pessoas com que foi detida por promover uma candidatura ao Parlamento de Gasteiz, Lasheras recuperou a sua liberdade, depois de ter pago uma fiança elevada. Não obstante, deixam atrás das grades mais de 700 cativos que partilham, não só com os presos mencionados mas também com milhares e milhares de pessoas por todo o mundo e durante toda a história contemporânea, uma enorme punição por terem lutado pela liberdade dos seus povos e por um mundo melhor. Alguns deles, evidentemente, por meio das armas; mas muitos outros apenas fazendo uso da palavra.

É óbvio que as apreciações baseadas em elementos corporativos sobre encarceramentos, libertações ou, de um modo geral, sobre acontecimentos políticos são eticamente parciais. Não deixa de ser surpreendente, contudo, que neste caso nem deputados nem jornalistas aludam ao tema. A D3M recebeu o voto de mais de 100 000 pessoas.

Fonte: Gara