domingo, 27 de setembro de 2009

Democracia à espanhola - proibições, censura, estado de excepção - e resistência (I)

Numerosas concentrações em defesa dos presos políticos bascos, apesar das proibições do tribunal de excepção

Apesar das ameaças de ilegalização da Etxerat, da proibição, por parte do juiz da Audiência Nacional espanhola Eloy Velasco, de duas dezenas de actos relacionados com o Gudari Eguna [Dia do Combatente], e até de eventos programados pela associação de vítimas do franquismo Ahaztuak 1936-1977 em memória e homenagem aos mortos pela ditadura franquista, apesar de tudo isto, ou talvez por isto, houve dezenas e dezenas de concentrações espalhadas um pouco por toda a geografia basca, com destaque para Arrasate, onde centenas de pessoas se juntaram na Herriko Plaza, tendo de suportar a presença e a actuação da Ertzaintza, geradora de grande tensão, na medida em que tentou impedir a realização dos actos previstos, arrancou faixas e levou fotografias de PRESOS POLÍTICOS BASCOS. Consta que os autocolantes com as imagens dos ditos não faltaram. Houve ameaças e duas pessoas foram identificadas. Como resposta à intromissão de quem não era bem-vindo, cantaram-se temas como «Hator, hator» ou «Lepoan hartu ta segi aurrera».

A Etxerat, associação de familiares de presos políticos bascos especialmente visada nestes dias, afirmou que as «ameaças» proferidas por Ares, conselheiro do Interior de Lakua, são uma manifestação de «frustração, raiva e ódio» e que visam «apagar das ruas a denúncia da criminosa política penitenciária vigente e fazer alastrar a impunidade dentro e fora das prisões». «Inventaram uma lei inexistente para saciar a sua sede de vingança e vender uma suposta mudança em jeito de propaganda», criticaram.

Para além da de Arrasate e como acontece na última sexta-feira de cada mês, foram muitas as concentrações, entre as quais se destacam as de Gasteiz (440 pessoas) e a de Iruñea, também com 440 participantes e na qual houve um brinde aos presos, no âmbito das festas de San Fermin Txikito (herrikoak/populares, apesar de todos os entraves colocados por Borcina). Em Uharte juntaram-se 17 pessoas, 25 em Antzuola e Berriz, 28 em Uztaritze, 87 em Azpeitia, 20 em Aramaio e Usansolo, 32 em Getaria, 20 em Irurtzun, 120 em Lekeitio, 47 em Arrigorriaga, 76 em Lazkao, 220 em Orereta, 11 em Muskiz, 25 em Iurreta, 9 em Lemoiz, 23 em Trapagaran, 12 em Gatika, 110 em Algorta, 56 em Portugalete, 90 em Zornotza, 24 em Zaldibar, 70 em Barakaldo, 60 em Amurrio, 40 em Erromo, 70 em Usurbil e 80 em Zumarraga-Urretxu, onde também homenagearam Jose Mari Etxaniz «Potros», 24 anos depois da sua morte.

Em Soraluze reuniram-se 61 pessoas; 180 em Galdakao, 72 em Laudio, 55 em Deba, 35 em Bermeo, 55 em Ibarra, 80 em Tolosa, 100 em frente à Sabin-Etxea e 210 no Arriaga, em Bilbau, 180 em Donostia, 25 em Abanto, 100 em Gernika, 18 em Bera, 35 em Olazti, 83 em Aulesti, 37 em Orio, 85 em Zaldibia, 64 em Basauri, 60 em Beasain, 54 em Tafalla, 56 em Larrabetzu, 42 em Bakio, 38 em Urduña, 31 em Barañain, 25 em Irunberri, 142 em Durango, 50 em Oñati, 15 em Elgeta, 73 em Eskoriatza, 20 em Mundaka, 48 em Lizarra, 172 em Ondarroa, 24 em Legorreta, 45 em Berango, 80 em Tolosa e Azkoitia, 127 em Algorta, 30 em Zalla, 96 em Irun, 65 em Bergara, 30 em Munitibar, 50 em Andoain, 57 em Abadiño, 65 em Arbizu e Lizarra, 25 em Iruntzun e Agoitz, 37 em Lesaka, 20 em Elizondo, 50 em Busturia, 16 em Anoeta, 33 em Lezo e 30 em Urnieta.
Fonte: Gara

Ontem, em Aretxabaleta (Gipuzkoa) , houve o tradicional almoço a favor dos presos políticos bascos das festas de San Migel. A Ertzaintza apareceu por lá e, de acordo com o Movimento pró-Amnistia, empenhou-se em arrancar todas as faixas e todos os cartazes reivindicativos que havia nas redondezas. Nessa mesma acção, prenderam quatro jovens que traziam nas suas T-shirts autocolantes com imagens dos presos, levando-os para a esquadra de Bergara sob a acusação de [toca a adivinhar...] «enaltecimento do terrorismo». [Acertou.]
Isto foi antes do almoço, altura em que muita gente que gozava as festas participou numa concentração de protesto contra a actuação da Polícia. No almoço solidário – no qual se defendeu que a solidariedade «não é um crime» - participaram cerca de 500 pessoas e, à tarde, por volta das 18h, houve uma manifestação com cerca de 600 pessoas. Na faixa, podia-se ler «Atxilotuak askatu! Elkartasuna ez da delitua». [Liberdade para os detidos! A solidariedade não é crime]
Fonte: Gara

FRANQUISTAS, sim
O deputado do PNV em Madrid, Iñaki Anasagasti, criticou Ares por basear a sua argumentação sobre a retirada de fotos no facto de se tratarem de presos condenados, quando nos corredores do Congresso madrileno há um quadro de Esteban Bilbao, ministro da Justiça franquista.
ASKAPENA
A organização internacionalista manifestou a «revolta» que sente pelo facto de a Audiência Nacional espanhola ter emitido um auto contra a homenagem ao militante basco Pakito Arriaran no 25.º aniversário da sua morte, em El Salvador, considerando-o uma «vergonha».

«Pakito Arriaran é como um Che Guevara»


Há 25 anos que tiraram a vida a Pakito Arriaran. É por essa razão que um deputado salvadorenho por Chalatenango, terra na qual foi assassinado, veio até Euskal Herria, e participa em diversos debates, reuniões e cerimónias. Neste vídeo realizado para a ezkerabertzalea.info Gilberto Rivera saúda o povo basco, agradece a forma como foi recebido e fala sobre alguns dos desafios que a FMLN enfrenta nesta nova etapa. Fonte: ezkerabertzalea.info