quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Uma visão global da pintura basca entre Donibane Lohizune e Urdazubi


O claustro do mosteiro de Urdazubi exibe uma colecção que abrange os últimos cinquenta anos da pintura basca num espaço estupendo. Por outro lado, a sala da Rotonde, em Donibane Lohizune, apresenta, por iniciativa de Michel de Jaureguiberry, uma exposição que procura abarcar o que se poderia denominar como a pintura basca.

Perguntar o que é a pintura basca é uma questão que foi formulada inúmeras vezes e que continuará a sê-lo no futuro. O comissário da exposição que está a decorrer em Donibane Lohizune, Michel de Jaureguiberry, relembra o grande pintor guipuscoano Ángel Cábanas Oteiza para responder a esta grande questão. «Em 1917, um jornalista perguntou ao pintor o que era a pintura basca e ele respondeu-lhe que é algo que não se pode definir exactamente. Dizia que, quando pintava uma rua, não sabia o que tinha de basco, mas que certamente havia algo que nos une, uma espécie de ar familiar, um toque que é diferente». A convivência, o facto de viver em Euskal Herria, poderia ser uma característica, mas De Jaureguiberry referia-se também à luminosidade; «há algo de particular na luz que nos mostra que não estamos na Provença».

A resposta a esta pergunta também pode ser descoberta pelos amantes da pintura nas duas exposições que estão a decorrer nesta altura em Nafarroa e Lapurdi. A de Urdazubi estará aberta até 31 de Dezembro. Para ir a Donibane Lohizune, já faltam poucos dias, uma vez que terminará a 20 de Setembro.

De Arrue a Zumeta
A visão global e circular em Donibane Lohizune liga-se à reunião de vários artistas num claustro quadrangular de Urdazubi. A arte contemporânea une as duas mostras seguindo, entre outros, os traços de Zumeta. O comissário da exposição costeira apresenta assim as obras exibidas em La Pintura Vasca. Pasiones privadas: «De Arrue até Zumeta, cerca de quarenta obras notáveis da criação artística clássica e contemporânea de Euskal Herria reunidas pela primeira vez». A privacidade referida no título advém do facto de as obras apresentadas serem provenientes de colecções privadas e terem sido emprestadas pelos seus donos para esta única mostra. Aqui, podem-se encontrar «Pescadores en el puerto de San Juan de Luz», de Louisse D'Aussy-Pintaud, «Fandango», de Gaspar Montes Iturrioz, «El bollero», de Ramiro Arrue, ou «El menor», de Aurelio Arteta.

Pelo contrário, o claustro navarro é uma galeria em que os espectadores têm oportunidade de descobrir artistas contemporâneos e na qual podem também adquirir as suas obras. Aqui, além das criações pictóricas, também se encontram expostas várias esculturas. Entre os escultores de renome, há que mencionar o conhecido Juan Gorriti.

Quinhentas obras dispostas com uma intenção de movimento que combina com o espírito de cada artista paisagista, retratista ou abstracto em união com as esculturas mais inverosímeis e as lápides centenárias que cobrem o chão em que o espectador passa. 50 años de pintura en el País Vasco reúne as obras de quinze artistas reconhecidos como Michel Hacala, Christine Etchevers, Irkus Robles, Pier, Gonzalo Etxeberria ou Patxi Aranoa.

Os artistas contemporâneos Jose Luis Zumeta, Xabier Soubelet ou o pintor e escultor Aitor Etxeberria, podem ser encontrados em ambas as colecções e, como complemento, uma visão histórica com as obras dos grandes pintores dos anos 30 na sala costeira. Separadas por trinta quilómetros, estas obras complementares patenteiam em si uma visão efémera da pintura, mas que pode ajudar a encontrar essa visão global sobre a pintura basca e esse «ar de família» de que Cábanas Oteiza já falava há um século e que continua a ser actualmente um dos temas principais entre os artistas, especialistas e amantes da arte.

Idoia ERASO
Fonte: Gara


Para os interessados, «Uma visão de Euskal Herria através do que foi a pintura basca», entrevista de I.E. a Michel de Jaureguiberry, comissário de arte, em Gara

"Após a publicação da obra La pintura vasca, obras escogidas, o autor organizou uma exposição na sala da Rotunda de Donibane Lohizune."