sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Punido por denunciar a usurpação de bens navarros


O Arcebispado de Iruñea [Pamplona] foi ontem cenário de um protesto insólito. Meia centena de sócios da associação de reformados e pensionistas Sasoia concentraram-se ali para denunciar o facto de terem privado o ex-sacerdote Pedro Leoz do complemento de pensão que vinha recebendo, obrigando-o a viver com 561 euros por mês. O motivo desta punição é o facto de Leoz presidir à Plataforma de Defesa do Património Navarro.

Em silêncio, sendo o único som o de uma sineta das utilizadas na missa, mais de quarenta membros da associação de reformados Sasoia concentraram-se ontem às 12h em frente à sede do Arcebispado de Iruñea para apoiar Pedro Leoz na sua exigência. O próprio Leoz explicava a sua situação enquanto participava na concentração, vigiada de perto por uma carrinha da Polícia espanhola. «Eu sou canonicamente um cura da diocese. Estive a receber a pensão que atribuem aos reformados desde 1995, que consiste em 561 euros da Segurança Social e mais 247 euros que a Diocese dá como ajuda aos sacerdotes reformados. No dia 1 de Janeiro retiraram-me estes 247 euros e eu escrevi uma carta de reclamação ao ecónomo do Arcebispado, o senhor Aizpún».

O caso de Pedro Leoz foi conhecido pelos seus companheiros da Sasoia, que decidiram protestar em frente ao Arcebispado. Representantes desta associação já tentaram reunir-se com o arcebispo há um mês e meio, mas não foram recebidos e deixaram ali uma carta, que ainda não obteve resposta.

O próprio Leoz também deixou há alguns dias uma carta no Arcebispado, em que reclama os seus direitos, e à qual também não responderam, apesar de que, por ofício, têm obrigação de o fazer.

Basicamente, Leoz dizia nessa carta que, quando ele já contava com 42 anos de serviço na América Latina como missionário, o senhor Aizpún tinha sido ordenado sacerdote havia pouco. «Não sei se ele terá ideia do que passámos na América Latina, juntamente com os marginalizados no mundo indígena e no mundo operário, com quem passei toda a minha vida. Não sei se conhece as dificuldades económicas por que uma pessoa passou, sem qualquer tipo de rendimento. Que autoridade tem ele para me eliminar agora essa ajuda económica?», perguntava ontem Pedro Leoz.

Iñaki VIGOR

Notícia completa: Gara

Ver também: nafarroan.com

«Concentração da Sasoia em frente ao Arcebispado»
No comunicado distribuído pela associação de reformados Sasoia pode ler-se: "Passaram meses e o Arcebispado não se mexeu. Mantém com descaramento este roubo a quem durante toda a sua vida trabalhou com dedicação admirável. Entendemos essa mesquinhez como uma vingança pelo facto de o Pedro ser presidente da Associação que reivindica para o Povo o que é do Povo, ainda que a Igreja o esteja registar como seu".