sábado, 26 de setembro de 2009

Donostia: recordando Tomas Alba Irazusta, vereador do HB assassinado pela guerra suja


Tomas Alba Irazusta foi, como tantos outros, um homem que veio de fora até Astigarraga (Gipuzkoa). Aqui se estabeleceu e, graças a isso, a associação de moradores de Astigarraga escolheu-o como representante nas listas do Herri Batasuna para a Câmara Municipal de Donostia. Naquelas primeiras eleições, o Herri Batasuna obteve seis vereadores, e foi assim que Tomas se tornou um vereador do Herri Batasuna.
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Estávamos em 1979, e Euskal Herria vivia tempos de Mudança. Eram tempos de decisão sobre o rumo que Euskal Herria ia tomar, para um ou para o outro lado. Depois da morte do ditador Franco, as possibilidades de Euskal Herria alcançar a soberania pareciam próximas. Mas os estados francês e espanhol apostaram na continuidade e no aprofundamento da divisão e da negação da territorialidade deste país, utilizando para tal as forças e os poderes de estado (policial, militar, judicial, económico…) que continuavam vigentes, a que se acrescentava o apoio de alguns partidos até então na oposição, em troca da possibilidade de acederem ao poder.
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Naqueles tempos, a guerra suja dirigida pelos nacionalistas espanhóis e aceite pelo estado francês manifestava-se em toda a sua crueza: os atentados, ameaças e assassínios de pessoas ou militantes que trabalhavam a favor de Euskal Herria eram habituais. Assim sendo, temos de enquadrar o assassínio de Tomas neste contexto: isto é, no âmbito da actividade exercida por mercenários, polícias ou militares que recorriam a fundos públicos e eram orientados por alguns partidos nacionalistas espanhóis que actualmente têm assento neste Município. Ainda que os autores materiais do assassínio tenham sido dois mercenários, os GAE reivindicaram a sua autoria, os que depois seriam denominados BVE, AAA e GAL, mas sendo, no fim de contas, uma só coisa: o Estado espanhol.

Tomas é actualmente mais uma das vítimas que a Câmara Municipal de Donostia e o seu autarca põem de parte, mais uma das vítimas que, quando se vêem forçados a lidar com elas, são tratadas com desprezo e negligência. Essas vítimas que aparentemente não existem para alguns são na sua maioria causadas pela repressão, que há 30 anos era enorme, mas que hoje em dia consegue ser maior, e que, como tal, continua a causar mais vítimas.
No dia 28 de Setembro, data em que se cumprem 30 anos do assassinato e num contexto semelhante ao actual, vamos recordar Tomas. Na parte da manhã, nós, que fomos seus amigos e companheiros, levaremos a cabo uma pequena actividade e ao final da tarde, às 20h, no Alderdi eder, realizaremos uma cerimónia evocativa.