A Ertzaintza prendeu seis pessoas depois de carregar sobre os 150 manifestantes que participavam numa convocatória relacionada com o Gudari Eguna [Dia do Combatente] em Donostia. A Audiência Nacional tinha prohibido todos os actos relacionados com este dia, mas foram muitas as localidades que prestaram homenagem a militantes bascos e vítimas do franquismo, com ou sem presença policial. O juiz Eloy Velasco também proibiu os quatro actos organizados pela Ahaztuak, o primeiro dos quais ontem em Iruñea [Pamplona].
Em Bilbau, na parte da manhã, 300 pessoas prestaram homenagem aos falecidos, e à tarde uma manifestação que partiu do bairro de Indautxu foi dissolvida pela Polícia autonómica. Em Gasteiz, a manifestação convocada para as 12h30 não chegou a sair da Praça Bilbo e, também na capital alavesa, não foi possível realizar a projecção de um vídeo nos cinemas Guridi. Perante a ameaça de que agentes de quatro furgões da Ertzaintza entrassem na sala, cerca de 120 pessoas decidiram abandonar o local. Os agentes recolheram imagens de todas as pessoas. E em Hernani (Gipuzkoa) também dissolveram uma manifestação espontânea, tal como em Orereta (Gipuzkoa), onde participaram várias centenas de pessoas.
Em Leioa mobilizaram-se 50 pessoas, tal como em Otxandio - onde a Ertzaintza identificou duas pessoas. Em Berango foram 40, 20 em Loiu, Derio e Lezama, 127 em Larrabetzu, 50 em Zalla e 70 em Bakio - onde houve cortes de estrada -, 100 em Deba, Portugalete e Gernika, 40 em Bermeo, 30 em Erandio, 80 na homenagem e 250 na manifestação de Durango, 60 em Getaria, 150 em Barakaldo e Santurtzi, 227 em Algorta e 80 pessoas em Ea. Na sexta-feira, também se mobilizaram 75 alunos nos institutos de Azpeitia, 100 no Agustin Iturriaga de Hernani, 50 em Meka, Albitxuri e IMH de Elgoibar, e 15 na ikastola Urola de Azkoitia, e na de Zumaia também houve uma homenagem.
Mas o magistrado Eloy Velasco não se limitou a vetar os actos relacionados com o Gudari Eguna, mas também quatro convocatórias que a associação pela recuperação da memória histórica Ahaztuak tinha feito para recordar as vítimas do regime franquista, a primeira delas ontem em Iruñea.
A Ahaztuak exigiu a rectificação do referido auto, sublinhando que as suas cerimónias não possuem qualquer relação com outras mobilizações.
Zuriñe ETXEBERRIA
«Escolheram um mau dia para protestar»
A Ahaztuak 1936-1977 quis recordar ontem em frente à Câmara Municipal de Iruñea todos os fuzilados durante a ditadura franquista muito especialmente os militantes do FRAP Humberto Baena, José Luis Sánchez Bravo e Ramón García Sanz e os militantes da ETA Juan Paredes Manot Txiki e Angel Otaegi, executados a 27 de Setembro de 1975. Contudo, a faixa em que se lia «En memoria de los demócratas y antifranquistas asesinados» teve de ser recolhida mal foi aberta.
Os polícias à paisana que se encontravam nas imediações não esperaram senão alguns segundos para avisar os participantes no protesto de que este tinha sido proibido e que deviam acabar com aquilo.
Os convocantes mostravam-se perplexos e perguntaram ao comandante da Polícia por que motivo não podiam exibir a faixa se esta mostrava as mesmas palavras que no ano passado. O polícia limitou-se a responder «hoje não sei por quê, mas...» A resposta, claro está, não deixou as pessoas presentes satisfeitas, tendo continuado a pedir explicações. O comandante da Polícia clarificou: «Escolheram um mau dia».
«Mas podemos ao menos ler o comunicado...», disseram-lhe. «Leia o comunicado e faça o que quiser, mas não exiba a faixa», respondeu o polícia, afastando-se depois alguns metros, para junto de outros agentes.
No auto que posteriormente foi facultado aos representantes da associação efectivamente constava que o tribunal de excepção tinha proibido o acto. Os membros da Ahaztuak criticaram a forma de proceder da Audiência Nacional e recordaram que as autorizações para este acto tinham sido pedidas pela Ahaztuak, «uma associação legal e inscrita». Por esta razão, mostraram-se dispostos a apresentar recurso da decisão do tribunal.
Apesar dos entraves, os congregados leram o comunicado, no qual, além de recordarem os cinco militantes fuzilados no dia 27 de Setembro, criticaram duramente a atitude que os representantes institucionais de Nafarroa tomaram perante os ataques fascistas ocorridos nos últimos tempos, desafiando a delegada do Governo espanhol em Nafarroa, Elma Sáiz, a proibir a marcha que os falangistas pretendem realizar no próximo dia 11 de Outubro em Iruñea. M.E.
Fonte: Gara
Tasio (Gara)
A dignidade da Ahaztuak, quando confrontada com a «democracia à espanhola»
1 - «Euskal Herria: face à proibição dos nossos actos em memória dos últimos fuzilados pelo regime franquista»
Fonte: kaosenlared.net
2 - «Quando a impunidade avança»
Fonte: ahaztuak1936-1977
3 - «As razões últimas de uma proibição definitiva e injusta»
Fonte: SareAntifaxista
4 - «A memória face à proibição»
"A proibição das cerimónias de homenagem às vítimas do franquismo por parte da Ahaztuak 1936-1977 no aniversário dos fuzilamentos de cinco lutadores antifascistas pelo regime franquista a 27 de Setembro de 1975 fez-se sentir nos referidos actos, sendo notória a presença policial nos lugares onde este colectivo de vítimas do franquismo os ia realizar, embora a vontade de os levar por diante tenha prevalecido sobre a proibição." Fonte: ahaztuak1936-1977