sexta-feira, 30 de outubro de 2009
Gazte independentistak - independência, socialismo, solidariedade
A Segi não é nenhuma organização «terrorista» - isso só tem cabimento à luz da mui espanhola «teoria do delírio» que serve de justificação a toda a opressão e a toda repressão que se abatem sobre a dissidência basca. A Segi é uma organização juvenil basca que defende a independência e o socialismo para o País Basco e valores como a justiça social, a luta contra sociedade patriarcal ou a solidariedade entre os povos. «Zuek faxistak zarete terroristak!»
Em euskara.
Em inglês.
O carnaval da justiça espanhola não tem fim: Garikoitz Mujika e Eneko Aizpuru foram encarcerados
Garikoitz Mujika é funcionário da Infozazpi Irratia, onde trabalha como coordenador.
O magistrado da acusação pediu sete anos de cadeia para cada um dos cinco jovens acusados de pertencerem à Segi, tal como a AVT.
Fonte: Gara
Entretanto, têm-se sucedido as manifestações de apoio a estes jovens em Euskal Herria, nomeadamente nas escolas e em localidades como Donostia e Lazkao (Gipuzkoa). Nesta última localidade, hoje voltará a haver nova concentração solidária.
Brian Currin confirma a iniciativa do Batasuna e define-a como «louvável»
Nas últimas semanas, na sequência dos avanços sobre movimentos da esquerda abertzale, o nome de Brian Currin foi ouvido em muitos meios. Mas até esta quarta-feira não o tinham ouvido a ele. Currin interveio em Donostia numa conferência organizada por Lokarri, e ali admitiu que há alguns meses realizou um trabalho pedido pela esquerda abertzale sobre a formação de um bloco anti-apartheid no seu país nos anos 80. Mas, sobretudo, confirmou que conhece a nova estratégia política proposta pelo Batasuna, garantindo ao auditório que se trata de uma proposta com novidades e que, se for levada à prática, «poderá ter um efeito profundo na cena política de Euskal Herria».
Currin foi muito explícito ao apontar que tipo de participação teve em trabalhos que se desenrolaram «nos últimos dezasseis meses». Manteve mais discrição, logicamente, sobre outras questões que permanecem em aberto, mas sobre as quais disse estar bem informado, como as possibilidades de apoio internacional a um eventual processo de paz. «Não lhes posso dizer que Gordon Brown ou Barack Obama farão declarações sobre aquilo que se vai passar no País Basco, mas digo-lhes, isso sim, que a comunidade internacional não ficará calada se vir uma oportunidade de alcançar a paz no último conflito violento na Europa Ocidental».
Uma proposta «louvável»
De Currin sabia-se até esta quarta-feira que foi uma figura importante na resolução do conflito da África do Sul - trabalhou na Comissão da Verdade. Também que colaborou posteriormente no Norte da Irlanda - coordenou a Comissão de Revisão de Sentenças - e que foi mediador no Sri Lanka, no Ruanda ou no Médio Oriente. Faltava saber qual era o seu grau de envolvimento em Euskal Herria. Currin lamentou que periodicamente lhe telefonem para o informar de que o seu nome aparece nos meios de comunicação espanhóis, «mas ninguém me chamou, e eu pensava que contrastar estas coisas fazia parte da ética jornalística».
Depois desta queixa, referiu que em Julho de 2008 «líderes da esquerda independentista» lhe pediram um relatório que descrevesse como as forças anti-apartheid sul-africanas se uniram e conseguiram intervir legalmente na política. Também lhe consta que depois, entre Setembro e Novembro do ano passado, houve «amplas consultas» sobre aquela estratégia e as suas possíveis aplicações em Euskal Herria. «Esse documento gerou um processo que ganhou uma vida própria. Eu não procuro qualquer mérito. Foram examinadas as estratégias e as consequências. Em Dezembro li que Arnaldo Otegi começava a falar de um novo projecto político diferente do do passado. Sei que houve mais consultas entre Dezembro e Abril deste ano, e que se desenvolveu um posicionamento sobre a violência».
Chegado a este ponto, Currin foi contundente: «Eu sei o que há nesse posicionamento e posso-lhes garantir que é recomendável».
«Apoiem-na»
Currin tinha começado a sua alocução aludindo às detenções de Arnaldo Otegi, Rafa Díez e seus companheiros, e admitiu o seu assombro: «Claramente, o Governo espanhol parece saber que houve consultas entre a esquerda independentista e a ETA, mas se essas consultas têm a ver com um processo de paz, como se pode processar essas pessoas?», perguntou.
Perante um auditório que não perdia pitada, o mediador sul-africano admitiu que só pode avançar uma hipótese sobre o motivo: «Sei que existe uma desconfiança mútua entre a esquerda independentista e a maioria dos partidos, se não todos. Sei-o porque o testemunhei. Pode ser que Madrid, e não digo isto com ligeireza, deseje aprofundar essa desconfiança, porque não quer que essa iniciativa tenha êxito. Porquê? Talvez porque o PSOE está agora à frente do Governo basco?».
Assim sendo, Currin deixou uma última mensagem, que admitiu que podia ser vista como «ingénua» ao ser formulada ante rivais políticos da esquerda abertzale: «Creio sinceramente que esse movimento está verdadeiramente comprometido com uma estratégia alternativa. Apoiem esta iniciativa. Com isso, não apoiam a esquerda abertzale, apenas apoiam um projecto que precisa de ser inclusivo. Se não começam a confiar uns nos outros, não existe qualquer possibilidade de encontrar uma solução». Ouviram-no, entre outros, Juan José Ibarretxe, Joseba Egibar, Markel Olano ou Aintzane Ezenarro.
Ramón SOLA
Fonte: Gara
Prendem o advogado Joseba Agudo e alguns parecem ter o dom da premonição
Por incrível que pareça, um meio de comunicação público começou os informativos matinais a anunciar a detenção de um advogado basco e a inspecção policial do seu escritório mesmo antes de que a operação se iniciasse. Foi isso o se passou ontem em Oiartzun (Gipuzkoa), no bloco de escritórios que se situa junto ao antigo Mamut e onde vários jornalistas chegaram antes da própria Guarda Civil. A RTVE anunciou no princípio do dia que tinha sido detido Joseba Agudo - o próprio ficou a saber da sua não-detenção pelos meios de comunicação -, mas à tarde o advogado acabaria por ser preso pela Polícia francesa em Hendaia (Lapurdi), onde reside.
«La Guardia Civil ha detenido al abogado Joseba Agudo Mancisidor en una operación contra el entorno de ETA en Guipúzcoa», era o titular que se podia apreciar na quarta-feira na edição digital da RTVE, ainda que nos seus boletins informativos e nos restantes órgãos de comunicação a razão da operação policial fosse mudando à medida que o tempo ia passando.
«Más detenciones...»
A notícia eclodiu já depois das 9h, provocando até a interrupção na transmissão de um programa da TVE, de modo a dar informações sobre uma operação de envergadura. «La operación continúa abierta y se esperan más detenciones en las próximas horas», disse-se.
Mas a essa hora nem a Guarda Civil se encontrava a inspeccionar o gabinete onde trabalha habitualmente Joseba Agudo, nem este tinha sido detido. Demorou pelo menos uma hora até que uma das duas coisas acontecesse. E quando vários meios de comunicação se dirigiram para o edifício de Mamut - agora Alcampo -, em Oiartzun, depararam com a ausência da Guarda Civil.
Às 10h10, uns cinco jipes estacionaram em frente ao bloco de escritórios de Alcampo, começando de imediato os agentes a entrar nas instalações dos advogados. Um dos três advogados que ali trabalham habitualmente encontrava-se no seu interior, como testemunha da inspecção policial. Nesta altura já a RTVE tinha retirado da sua página de Internet - embora não eliminando totalmente, uma vez que, se se procurasse o rasto informático, era possível recuperar a informação de forma integral - o anúncio da operação. E a partir daí foram muitas as especulações tanto nas redacções como entre os jornalistas que se mantiveram em Oiartzun durante horas.
Quase sete horas de inspecções
Passadas quase sete horas, às 17h, a Guarda Civil e a secretária judicial abandonaram o escritório dos advogados com várias caixas com discos rígidos e suportes informáticos.
Mas a operação dirigida pelo magistrado da Audiência Nacional espanhola Fernando Grande-Marlaska - dado que foi confirmado pelos advogados por volta do meio-dia - não acabou aí. Às 19h30 a Guarda Civil efectuou uma outra inspecção em Errenteria - de onde Agudo é natural - e, poucos minutos depois, o Gara era informado da detenção de Agudo em Hendaia por parte da Polícia francesa.
[Ver na sequência:]
«O Movimento pró-Amnistia alerta para a possibilidade de mais detenções»
Gari MUJIKA
Fonte: Gara
Já hoje, o Movimento pró-Amnistia fez saber que Joseba Agudo passou a noite na esquadra de Baiona. Depois de conduzido ao Tribunal de Pau, foi encarcerado em Muret, onde fica à espera da audiência que terá lugar nesse tribunal na próxima terça-feira, relativa ao mandado europeu emitido pela Audiência Nacional espanhola que esteve na origem da sua detenção.
Fonte: Gara
De acordo com o Berria, estava prevista para ontem às 18h30 uma concentração de protesto em Hendaia, no Gaztelu Zaharra. Por outro lado, uma associação de advogados argentina já se pronunciou contra esta detenção.
IndaRRap - «Piztu Gasteiz zuzenean!»
IndaRRap ao vivo em Gasteiz (11/10/2008)
«Continuar a lutar»
«Ainda sem conhecer o resultado do julgamento, já tínhamos decidido que iríamos recorrer», afirmou Anne-Marie Mendiboure à saída do tribunal, na terça-feira à tarde, na presença de quarenta pessoas, na sua maioria membros da Oldartu e do sindicato ELB [Euskal Herriko Laborarien Batasuna] que queriam manifestar o seu apoio a Jean-Michel Ayçaguer em frente ao Palácio da Justiça de Baiona.
O membro da ELB, por seu lado, afirmou que a decisão do tribunal era «inaceitável e grave», e fez saber que irá «continuar a lutar e a passar a mensagem contra a recolha de ADN», apelando à desobediência em nome do «nosso património, da nossa identidade».
Pouco antes do processo, o ELB e o GFAM Lurra tinham denunciado «o grave atentado» aos direitos sindicais que representa a recolha de ADN, manifestando o seu apoio a Jean-Michel Ayçaguer. Afirmaram ainda que agricultores e trabalhadores enfrentam hoje os mesmos riscos: defesa dos instrumentos de trabalho, erosão dos direitos, uma enorme precariedade.
Anne-Marie Mendiboure, advogada de defesa, afirmou que o FNAEG (Fichier national automatisé des empreintes génétiques) «diz respeito a 137 tipos de infracções pelas quais as pessoas condenadas figuram durante quarenta anos no arquivo, e as pessoas simplesmente incriminadas, 25. É desproporcionado. Este arquivo é um monstro voraz, obeso, inquietante, com 30 000 novas fichas todos os anos».
Aqui encontra-se de tudo, desde gente anti-OGM (organismos geneticamente modificados) a manifestantes anti-CPE (contrato de primeiro emprego), passando por nacionalistas corsos, militantes abertzales, violadores e incendiários de caixotes do lixo. Em 2007, dois pequenos ladrões de tamagochis, de 8 e 11 anos de idade, também passaram a fazer parte do arquivo, sem grande oposição por parte do seu pai.
C.R.J.
Fonte: lejournalPaysBasque - EHko kazeta
Os «Gudaris» de Cárcar
Republicanos de Cárcar, associação que trabalha pela recuperação da memória numa terra muito castigada pela repressão franquista, tal como o foi a grande maioria das terras situadas na Ribera estellesa, quer encontrar testemunhos que ajudem a apurar o que aconteceu aos gudaris dos batalhões 19 e 20 que estiveram presos no campo de concentração de Cárcar. Sabe-se que, apesar das lamentáveis condições em que viveram enquanto ali permaneceram, mantiveram relações cordiais com os habitantes da localidade. Sabem também que muitos deles foram fuzilados em Saragoça. Quem lhes puder fornecer qualquer informação ou quiser comentar experiências ali vividas pode usar o telefone 691 210 034 ou a sua página de Internet, na qual se pode aceder a esta notícia na versão completa.
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
Propagar a falsa notícia
A repetição e a semelhança das crónicas políticas relativas às últimas detenções ocorridas em Euskal Herria, por se fazer política, deixa patente a tentativa, por parte de especialistas experimentados na câmara e no papel, de cloroformizar intelectualmente a comunidade. A cópia, a repetição sem dissimulação, a falsidade repetida mil vezes, a propaganda de propagar a falsa notícia são sempre utilizados quando falha a razão. Um exemplo do passado recente.
Inventaram-se as provas para invadir o Iraque governado por um desses ditadores a que os Roosevelt-Kissinger definiam como «o nosso filho da puta», que amamentaram enquanto isso lhes interessou, transformando depois sem escrúpulos todo o país e a sociedade iraquiana num brinquedo estragado. Não alcançaram o obrigatório êxito militar para mitigar a mentira e agora justificam-se com a desculpa de que foram enganados, com todos os seus mortos incluídos. Em cima da mesa e espalhadas pelo deserto estão as cruzes com as estrelas de inocentes cavaleiros e damas da reconquista americana que os seguiram solidariamente, enquanto milhões de cidadãos sem informação secreta, mas inteligentemente informados, lhes davam ânimo para que ficassem em casa a fazer amor.
As mil provas que se escreveram sobre a existência de armas de destruição maciça com fotos falsificadas, com estudos plagiados de estudantes universitários, com documentos secretos inventados, sempre em flagrante contradição com quem verdadeiramente as procurava, transformaram-se em mil mentiras. São mil coices que levou a sociedade que ocupou democraticamente as ruas contra a guerra e que depois devolveu a todos os governantes. A coligação invasora não pôde manejar a grande mentira que sepultou debaixo de uma lápide de críticas os três presidentes dos Açores. Bush, Blair e Aznar são já escória da história. Evidência de outros tempos, que agora entende todo o mundo mundial.
Hoje curiosamente o mecanismo repete-se, porque as mil provas e as mil mentiras que os serviços secretos espanhóis fabricaram para justificar a invasão são do mesmo estilo e calibre das que se apresentaram para redigir a Lei de Partidos espanhola, que deixou uma parte dos bascos sem opção de voto nem representação, e as mesmas provas e mentiras para encarcerar dezenas e dezenas de bascos por fazerem política.
Para justificar a detenção de Arnaldo Otegi apresentaram mil provas, estudos, vídeos e sentenças, de forma a construírem uma montagem política e mediática. Manipularam as mil provas e as mil mentiras para confundir a opinião pública, que, sem relatórios secretos, exige inteligente e pacificamente nas ruas a liberdade e a democracia para todos os bascos, de acordo com uma legitimidade histórica que supera a própria monarquia espanhola.
Com o propósito de enganar, tiraram da manga o truque da correia de transmissão e da cartola o coelho do terrorismo, o mesmo ardil que transformou o Afeganistão e o Iraque em terra queimada e desestabilizada. Milhares e milhares de bascos, num sábado, na Concha, disseram-lhes que estão enganados, como já o tinham dito milhões de manifestantes antes da invasão do Iraque.
Os possíveis pactos e alianças que se começam a perfilar para superar o apartheid político em Euskal Herria causam tanto medo que só podem utilizar o velho recurso da propaganda. E então aparecem no gabinete sinistro plumas ao serviço do regime que escrevem conforme lhes ditam e, fiéis à ideologia de Maquiavel, colocam o seu director acima da salvação da alma, da honra e da sua assinatura, como Soroa bem enxerga com a sua lupa neste periódico, para transformar tudo, tudo, em terrorismo. Fazem propaganda ou, o que é quase a mesma coisa, propagam a mesmo notícia falsa.
Estes trabalhadores do gabinete sinistro vivem no imaginário do faccioso de 36 com a sua Espanha una, e compensam a realidade com a mentira. São uma espécie de vencedores mal aconselhados, só querem uma voz e o poder dá-lhes legitimidade para penalizar qualquer ingerência. «A minha honra chama-se fidelidade» era o lema das SS. Rubalcaba e os seus epígonos demonstraram ultimamente que são uma ameaça para os cidadãos que não pensam como eles quando a unidade de Espanha lhes escapa. Temos evidências suficientes nesse sentido, mas a história avança mais depressa do que alguns dirigentes espanhóis gostariam.
Francisco LARRAURI
psicólogo
Fonte: Gara
Análise política na Info7 Irratia
Iñaki Altuna aborda questões como:
O 30.º aniversário do Estatuto de Gernika, festa do lehendakari López;
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O sindicato LAB na mira da Inquisição espanhola;
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A estratégia repressiva: análise;
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A comunicação social como agente de fortalecimento da posição do Estado espanhol;
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A Procuradoria abre outra via para manter Otegi na prisão
A Procuradoria da Audiência Nacional espanhola pediu à Sala Penal deste tribunal que dê ordem de prisão a Arnaldo Otegi - encarcerado pela enésima vez no dia 16 deste mês - também no âmbito do processo das herriko tabernas, em que se encontra à espera de julgamento. Com esta manobra procura-se garantir que Otegi não sai da prisão, para onde o juiz Baltasar o mandou sob a acusação de estar a compor uma nova direcção do Batasuna ou de reclamar «treguas encubiertas».
Esta decisão da magistratura espanhola representa mais um passo contra Otegi num momento em que a esquerda abertzale propôs à suas bases uma ofensiva política para avançar em direcção à solução do conflito, com base em novos parâmetros. Alguns dias antes de se consumarem as detenções de dia 13, tinha-se anunciado também a abertura de um julgamento contra Otegi, Joseba Permach e Joseba Álvarez pela realização do comício do Velódromo de Anoeta, em Novembro de 2004, um processo que tinha estado parado vários anos.
A Procuradoria torna público o pedido de prisão depois de um grupo de trabalho da ONU ter decretado como «arbitrária» a detenção de representantes do Batasuna pelo mero facto de o serem. A queixa deferida fazia referência à detenção e ao encarceramento de Karmelo Landa, mas os seus argumentos podiam ser extrapolados para os restantes dirigentes políticos perseguidos, já que a acusação da Audiência Nacional espanhola assenta simplesmente no facto de se constituir a direcção de um partido político ou de promover iniciativas políticas.
Depois deste pedido do Ministério Público, deverá ser realizada uma «audiência» para determinar se Otegi também fica na prisão também por causa deste processo.
Quebra
O argumento técnico do magistrado é o de que Otegi, em liberdade sob fiança de 50 000 euros por este caso, estava obrigado a comparecer quinzenalmente no tribunal e proibido de abandonar o território do Estado espanhol, em relação com o processo denominado 35/02. Depois do auto de prisão que Baltasar assinou no dia 16, a Procuradoria chega à conclusão de que violou a última destas medidas.
Esse auto de prisão baseava-se em relatórios policiais que revelavam uma intensa espionagem sobre os movimentos e as comunicações de Otegi ou Rafa Díez Usabiaga. Nesta operação, também foram encarcerados Miren Zabaleta, Arkaitz Rodríguez e Sonia Jacinto.
O magistrado defende agora que Arnaldo Otegi terá cruzado a fronteira «al menos en dos ocasiones para, presuntamente, mantener contactos con miembros de ETA, con similar finalidad que con la que presuntamente ha realizado los hechos objeto de imputación».
Por este caso 35/02, aberto por Baltasar em 2002 e que levou ao processamento de cerca de 40 pessoas, que estão à espera de julgamento, o magistrado deu ordem de prisão a Otegi, a que podia escapar pagando uma fiança de 400 000 euros, em Maio de 2005. Depois, esta verba passou para os 650 000 euros, em Março de 2006. Nesse mesmo mês, voltou a ser encarcerado, apenas alguns dias depois do cessar-fogo decretado pela ETA.
As medidas foram «atenuadas» em Outubro de 2006, altura em que a fiança passou para 50 000 euros. O magistrado lembra que a proibição de sair do território estatal se manteve.
Fonte: Gara
Mulheres em Iruñea: primeiro espancadas e depois multadas e julgadas
Como era de seu direito, as mulheres não desistiram e mais de 40 colectivos mantiveram a convocatória, recusando-se a aceitar a proibição «patriarcal». Depois, seguiu-se a violência que o vídeo deixa ver parcialmente.
Como se tudo isto não bastasse, 15 das mulheres foram multadas, entre os 300 e os 600 euros, o que perfaz um total de 4800 euros. A Asamblea de Multadas e a Comisión 8 de Marzo fizeram saber que apresentaram um recurso e que agora enfrentam... 15 julgamentos, que irão decorrer entre o final deste ano e Junho do ano que vem. As mulheres afirmam: «Foram agressões absolutamente injustificadas contra uma concentração que até já tinha terminado», e garantem que estão a fazer frente «ao sistema patriarcal, desta vez no seu formato judicial», um sistema que «nos reprime, ao não ouvir a mensagem feminista e ao impedir as nossas reivindicações».
Fontes: nabarreria.com e Gara
Imagens da violenta carga policial sobre a manifestação de 8 de Março de 2008, Dia Internacional da Mulher Trabalhadora, em Iruñea [Pamplona]. Agora, ainda são multadas e julgadas!
Presos, solidariedade, repressão, resistência
Durante o julgamento de seis jovens independentistas, que se iniciou hoje no tribunal de excepção espanhol, os acusados rejeitaram a ideia de que a organização juvenil Segi seja "terrorista" e afirmaram que lutam pela "independência e pelo socialismo em Euskal Herria com ferramentas políticas".
"As armas que a Segi utilizou são as mesmas que utiliza qualquer organização política", sublinharam, ao rejeitarem as acusação de "integração em organização armada" realizada pelo magistrado contra Asier Tapia, Zigor Ruiz, Eneko Aizpuri, Garikoitz Mujika, Araitz Zubimendi e Oier Oa, que não compareceu em tribunal e para quem foi decretado um mandado de "busca e captura".
Mujika afirmou que participou em conferências de imprensa para divulgar o projecto que acredita ser necessário "para a mudança política e a independência do meu país". Os acusados disseram que participaram em conferências de imprensa para denunciar "a repressão sobre a juventude basca e reivindicar os seus direitos".
"Noutros lugares chama-se direito ao trabalho político, liberdade de expressão e direito à associação, mas isso é violado em Euskal Herria", afirmaram no tribunal de excepção, que mandou calar Eneko Aizpuri e Zigor Ruiz quando denunciaram a natureza política do julgamento. Fontes: Gara e askatu.org
Recepção calorosa a Amaia Urizar em Bilbau
Ontem noticiámos a sua saída da prisão, depois de cinco anos de encarceramento, de dispersão, e de um relato de tortura arrepiante. Hoje é dia de noticiar o carinho que recebeu das centenas de pessoas que se juntaram na Alde Zaharra de Bilbau. Já depois das oito, retirou a sua fotografia do lugar onde se encontram as outras fotos dos presos do bairro. Isto foi antes de aparecer a Ertzaintza, que levou o material que estava preparado no local para lhe dar as boas-vindas. Em todo o caso, o ongi etorri a Amaia prosseguiu na Alde Zaharra.
Fonte: askatu.org
A Guarda Civil ocupou Lesaka para criar entraves à realização de actos solidários
O Movimento pró-Amnistia fez saber que, no sábado passado, os militares espanhóis mantiveram debaixo de apertado controlo esta localidade navarra, bem como as suas imediações, de forma a evitar que uma jornada solidária com os perseguidos políticos da localidade decorresse com normalidade. O MPA recorda que no ano passado esta jornada foi proibida e que, se este ano a Audiência Nacional espanhola não se pronunciou neste sentido, a presença policial teve como objectivo criar entraves ao desenrolar da iniciativa.
Controles e identificações
O habitantes de Lesaka referiram que no sábado de manhã vários jipes da Guarda Civil ocuparam a Praça do Povo, onde ninguém se juntou. Apesar disso, mantiveram-se ali toda a manhã. Nas entradas da localidade instalaram controles. Várias pessoas que se dirigiram para o monte para realizar uma marcha de montanha que tinha sido convocada depararam com um impressionante dispositivo militar. Os guardas mantiveram estas pessoas retidas durante uma hora e identificaram ainda grupos de caçadores que passavam pela zona.
O Movimento pró-Amnistia também refere uma denúncia contra a ocupação policial na zona de Lesaka, que tem sido reiterada nos últimos meses e que foi qualificada como "asfixiante". Afirmam também que estas operações têm por objectivo fazer desaparecer a solidariedade com os perseguidos e as perseguidas políticas.
Fonte: apurtu.org
A Ertzaintza entrou na Arrano de Mutriku e levou fotos de presos
Segundo o Gara pôde apurar, os ertzainas dirigiram-se à taberna Arrano, em Mutriku (Gipuzkoa) e levou as fotos dos presos políticos que ali havia. Pessoas de Mutriku disseram que um sócio foi acusado de "apologia do terrorismo".
De acordo com o Berria, o empregado do bar ficou sozinho lá dentro com quatro ertzainas, que entraram na taberna e fecharam a porta e as janelas, não deixando que as pessoas que se acumulavam no espaço em frente entrassem.
Fontes: Gara e Berria
terça-feira, 27 de outubro de 2009
Pacbi-Tour ou solidariedade com a Palestina em Euskal Herria
No fim-de-semana passado teve início o «elkartasunez-tour», uma série de concertos, festivais de bertsos (poesia improvisada), maratonas de cinema palestiniano, etc., que têm com característica principal a expansão do manifesto pacbi (http://www.pacbi.org/), que em Euskal Herria designámos como «elkartasunez». (Mais informação aqui).
Pacbi ou elkartasunez é a base teórica de toda esta campanha. Por isso entendemos a dupla necessidade de: impulsionar o boicote a Israel no domínios cultural, desportivo e académico, e de dinamizar as relações directas com palestinianas e palestinianos destas mesmas áreas.
Esta campanha irá durar (de uma ou outra forma) até ao limite estabelecido no manifesto palestiniano:
Regresso das refugiadas e dos refugiados palestinianos a casa.
Fim da ocupação sionista na Cisjordânia e em Gaza.
Igualdade de direitos para os cidadãos palestinianos com passaporte israelita no Estado sionista.
Preparámos 4 mini-tours, compostas parcialmente por representantes palestinianos: DAM (myspace) grupo precursor do hip-hop palestiniano, Basel Zayed (myspace), folk-palestiniano, Nabil Monsour cantautor palestiniano/catalão e Ahmad Naamnah e Muhammad Zoabi poetas improvisadores. Com eles, artistas bascos e bascas que, em grande número, contribuíram voluntariamente com as suas formas de expressão artística para que o elkartasunez-tour fosse possível: Arrebote, Stockholm, Mikel Urdangarin, Petti, Uxue Alberdi, Jon Maia, Txuma Murugarren, Fredy Paia, Anje Duhalde, Miren Artetxe, Amets Arzallus, BAD Sound System, Indarrap, Eñaut Elorrieta, Joseba Tapia, Sustrai Kolina, Jexux Mari Irazu, Igor Elortza, Iñigo Izagirre, Gargardogura, Fermin Muguruza checkpoint-rock, Porrotx, Fermin Valencia, entre outros.
Como referimos anteriormente, estas visitas coincidem com as visitas sionistas do grupo Mayumana e do Maccabi de Tel Aviv. O grupo Mayumana não passou despercebido em Iruñea [Pamplona] no dia 23 de Outubro, não apenas pelos saltos e piruetas dos bailarinos, mas também porque, através da convocatória da Plataforma de Solidaridad con Palestina (a que a Askapena se juntou), a sua presença foi denunciada no exterior do Baluarte (local do concerto). Este grupo estará também presente em Donostia no fim-de-semana que vem. No domingo, distribuiu-se propaganda no jogo de basquetebol do Baskonia-Caja Laboral para preparar a recepção ao Maccabi na próxima quinta-feira, em Gasteiz.
Vídeo da campanha «Elkartasunez tour», da Askapena, no caso, via Hala Bedi Irratia (Piztu Gasteiz...).
Milhares de pessoas em Baiona pela oficialização
Questionado sobre os dados relativos a esta manifestação pelos agentes do movimento em prol da língua basca, Hur Gorostiaga, director da Seaska, refere que está prevista uma reunião para Novembro com a Eskolim (plataforma das línguas «menorizadas» do Estado francês) que vai conduzir a novas mobilizações. «Obrigaram-nos a associar-nos e agora vamos lutar juntos», disse. «A lei deve trazer avanços, ou então não vale a pena ser feita. Deve levar-nos até à oficialização».
No sábado, foram as crianças a abrir a marcha, com faixas em que se exigia o «cumprimento da promessa» feita pelo Governo francês, seguidas por representantes do mundo cultural basco, que levavam a faixa principal, onde se lia «Une loi-cadre, officialisation». O mundo da cultura basca foi representado por responsáveis de associações que trabalham no ensino, pelo que se viram inúmeras ikastolas com as suas bandeirolas, rádios que emitem em euskara, professores e alunos da AEK (cursos para adultos), bem como bertsularis e escritores.
Todos os partidos políticos
Do mundo da política, notava-se a presença de uma delegação do NPA, com Claude Larrieu, que foi o cabeça-de-lista às municipais de Angelu (Lapurdi), bem como representantes dos partidos abertzales EA, AB e Batasuna. Presença também do colectivo Bizi!, que uma hora antes tinha participado numa acção contra o aquecimento climático, e de um cortejo importante de jovens sob a bandeira do colectivo Ikasi eta Irauli. Os antigos trabalhadores do Egunkaria (primeiro diário inteiramente em euskara, interdito pelo Estado espanhol) também participaram no desfile.
Mais de 20 000 em Carcassona
À mesma hora, em Carcassona, entre 15 000 e 25 000 pessoas, conforme as fontes, proveninetes de quarenta departamentos, manifestaram-se em defesa da língua occitana. Enviaram também uma mensagem de apoio à manifestação de Baiona, lida em occitano e francês, no final da mobilização.
Na Córsega, não havia manifestação, mas o colectivo Parlemu Corsu emitiu um comunicado em que afirma que «a solidariedade que nos liga a todos nós, falantes de línguas ditas minoritárias, é uma força».
Julen GAZTELU
PreSOS e solidariedade
No dia 21 de Outubro passaram 28 anos sobre a morte Andrés Izagirre, Gogor, que foi homenageado neste sábado em Zornotza (Bizkaia) juntamente com o ibartarra Josetxo Jauregi. Estes dois militantes da ETA foram abatidos a tiro num confronto com a Guarda Civil, em Pasaia (Gipuzkoa). Na homenagem participaram umas cem pessoas, que se deslocaram até ao cemitério da localidade biscainha. Familiares e amigos de Izagirre depuseram flores em frente ao seu túmulo e todos os presentes deixaram um cravo vermelho no local.
Sem visitas em Badajoz
Por outro lado, no sábado de manhã familiares e amigos dos presos políticos bascos que se encontram em Badajoz foram inspeccionados e revistados pela Polícia espanhola e pelos funcionários prisionais ao chegarem, como o fazem todos os fins-de-semana, ao centro penitenciário. Alguns deles recusaram-se a passar por aquilo, e o centro penal proibiu-lhe as visitas. O Movimento pró-Amnistia veio afirmar, em face do sucedido, que o Governo espanhol quer «apagar» a solidariedade com os presos políticos e que «para isso não se limita unicamente a retirar fotografias».
A Ertzaintza em Balmaseda
Em Balmaseda (Bizkaia), a Ertzaintza apareceu no recinto das festas e exigiu que fossem retiradas as imagens dos presos. Como as pessoas que se encontravam nas txosnas nessa altura se recusaram a satisfazer tal pretensão, consta que os agentes, embora não tendo identificado ninguém, anotaram os nomes das pessoas que andavam a laurear a pevide pelo recinto festivo.
Fontes: Gara, askatu.org e askatu.org
Mobilizações pelo fim da repressão nas universidades
Amanhã, haverá diversas mobilizações nas faculdades de Euskal Herria como resposta aos ataques repressivos das últimas semanas.
Na sequência das detenções e encarceramentos de membros da esquerda abertzale, do acórdão do Supremo espanhol contra as Gestoras-Askatasuna, que levou à detenção de mais oito pessoas, dos ataques a presos políticos bascos, da limitação de direitos, os jovens vão-se mobilizar nas universidades. 28 de Outubro, lotu mobilizazioetara!
Fonte: askatu.org
Problemas com a Ertzaintza em várias concentrações
Ontem à noite houve problemas com agentes de rudolf nas mobilizações pró-presos em Santurtzi (100), Santutxu (80) e Añorga (15). Em Santutxu irromperam pela herriko taberna adentro. Também houve concentrações solidárias em Otxarkoaga (18), Ondarroa (76), Iurreta (38), Ataun (25), Zaldibia (22), Euba (12), Zorrotza (27), Zaldibar (16), Laudio (42) e Altza (31).
Fonte: Gara
Amaia Urizar saiu hoje da prisão de Córdova
A presa política bilbotarra Amaia Urizar saiu hoje em liberdade, depois de cinco anos na prisão. Foi detida em Bilbau no dia 29 de Outubro de 2004 pela Guarda Civil e, depois de passar por um período de incomunicação, relatou ter sido torturada de forma particularmente cruel, o que tornaria o seu caso bastante conhecido. Ao longo dos cinco anos de prisão, conheceu a criminosa política de dispersão imposta pelo Estado espanhol, passando por Soto, Brieva, Granada e Córdova.
Fonte: askatu.org
Amaiaren tortura testigantza / Relato de tortura de Amaia (cas.)
Primeira cerimónia de boas-vindas a Borxa Urberuaga, em Gernika
O Borxa foi detido em Lapurdi no dia 24 de Outubro de 2007 pela Polícia francesa e enviado para a prisão de Muret. Depois disso, o Estado espanhol emitiu um mandado de captura a nível europeu, o que o levou conhecer ainda, na Península, os resorts de Valdemoro, Puerto e Jaen. Saiu agora em liberdade.
Fonte: askatu.org
Solidariedade com Josu Beaumont em Beruete
Nesta localidade navarra, cerca de 100 pessoas vieram para a rua em solidariedade com Josu Beaumont, uma das oito pessoas recentemente encarceradas pelo Estado totalitário espanhol na sequência de um acórdão emitido pela justiça contra as Gestoras-Askatasuna. Para além de manifestarem a sua solidariedade, os cidadãos que ali se concentraram exigiram a liberdade do preso político.
A Seix Barral vai publicar uma tradução para castelhano do romance de Kirmen Uribe
Fonte: Gara
Mais informações: Gara (sobre Kirmen Uribe e Xabier Lete), Kirmen_Uribe (ing), Kirmen_Uribe (eus)
Ver também: «Xabier Lete, Premio Euskadi de Literatura», em Gara
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
A árvore de Nafarroa
Na actualidade, completando-se a primeira década do século XXI, os governantes espanhóis das instituições impostas na Nafarroa submetida continuam a perseguir, de forma sistemática, qualquer vislumbre ou conjectura da identidade própria e ancestral dos navarros, que não é outra senão a do povo basco (e dos vascones), ao ponto de parecerem estrangeiros na nossa própria terra aqueles que procuram recordar, recuperar, manter e mesmo mostrar a ampla gama histórico-política e sociocultural dos bascos livres ou navarros.
Esses governantes espanhóis, que usurparam o gentílico político de navarros, renunciam ao maior património do povo navarro, o seu milenário idioma, a lingua navarrorum ou euskara. Ocultam e falsificam o facto de que o Estado de Nabarra, estruturado como Reino, nunca poderia ter existido sem contar com o carácter independente, libertário e lutador que manteve o povo mais antigo da Europa, os bascos, como ficou demonstrado nas vitórias de Orreaga e Olats, uma contra os francos e a outra contra os árabes, antes mesmo de se constituírem como estado.
As sucessivas e continuadas invasões sofridas pelo Reino de Nabarra, com a ocupação posterior sofrida pela terra da Baskonia, favorecidas e até incentivadas a partir do Vaticano, serviram para podar ou extirpar o termo político «navarros» de muitos bascos, ficando «como oficial», unicamente e a título bastante residual, para aqueles bascos residentes na província espanhola de Navarra, uma vez eliminado dos mapas políticos mundiais a existência do Estado soberano e independente de Nabarra.
Regressando à crua realidade actual, até mesmo os dirigentes espanhóis que se associam e conjuram contra os navarros, menosprezam o título do nosso Estado, para eles denominado Reyno de Navarra, atribuindo esse nome a espaços desportivos, usando-o para rebaptizar centros médicos e vá-se lá saber o que mais, com o único objectivo de desprover de conteúdo a história sociopolítica do único estado que possuímos, nós, os navarros ou bascos livres e independentes.
O império espanhol, com os seus agentes políticos incrustados numas instituições impostas aos navarros após a mal designada «Ley Paccionada» de 1841, e ilegítimas desde a colonização militar espanhola que se seguiu ao ataque que fizeram aos navarros ao invadirem e ocuparem o Reino de Nabarra no ano de 1512, prossegue hoje em dia e de forma permanente com a sua política colonialista de extermínio, procurando eliminar o eliminável, que não é outra coisa senão a cultura basca de Nafarroa.
Para concluir, é preciso ter bem presente que continuam a tentar cortar de uma vez por todas essa antiquíssima árvore, hoje em dia e infelizmente bastante seca, quase morta, mas que sabemos bem tratar-se da nossa árvore. A sua intenção é clara e inequívoca, querem separar o nosso tronco histórico e político, o Estado soberano e independente de Nabarra, das necessárias raízes socioculturais que o alimentaram e sustentaram através dos séculos, e que hoje em dia, inclusive, lhe podem devolver a ansiada vida, através de um exercício independente dos bascos, necessário para recuperar a soberania do nosso Estado, sem nos esquecermos de que as raízes da nossa árvore, de nome Nafarroa, são tão antigas e milenares neste mundo como o é Euskal Herria.
Iñigo SALDISE ALDA
membro da Nabarralde
Barricada - «Por la libertad»
Iruñea * E.H. / A partir de hoje, já se pode ver o videoclipe de «Por la libertad», primeiro single do novo álbum dos Barricada La tierra está sorda, um disco-livro dedicado à Guerra Civil que estará à venda a partir do próximo dia 3 de Novembro. Rodado nos dias 10 e 11 de Outubro com a colaboração de familiares de perseguidos políticos, o vídeo inspira-se no chamado cemitério das garrafas do monte Ezkaba, um espaço sinistro onde os presos do presídio franquista de San Cristóbal eram enterrados com uma garrafa que continha um papel com a sua identidade e outros dados pessoais. Fonte: SareAntifaxista
Alerta do «Gara»: «El País» tenta intoxicar o debate na esquerda «abertzale»*
O texto denominado «Gakoa» foi lançado na Internet, em formato «pdf», pelos diários do Grupo Noticias, que nos dias 18 e 19 de Outubro - após a operação em que foram detidos Arnaldo Otegi, Rufi Etxeberria, Rafa Díez e mais sete militantes abertzales - o elegeram como centro das notícias que veicularam a este respeito. Estes periódicos também destacaram o tema como assunto principal das suas primeiras páginas: «Militantes de la izquierda abertzale piden un debate que no esquive a ETA», podia-se ler no domingo no Noticias de Álava, e «'Gakoa' admite que los militantes han asumido la posible derrota de ETA», no cabeçalho do Gipuzkoa, na segunda-feira.
Embora o Grupo Noticias tenha apresentado o texto no âmbito do debate que a esquerda abertzale está a levar a cabo actualmente - o que é falso, como o Gara pôde verificar, pois na terça-feira passada dava a conhecer o conteúdo do documento elaborado pela direcção do Batasuna -, não ignorava o facto de que «es una iniciativa que tiene sus orígenes en el verano de 2008». Não o podia fazer porque o texto que divulgava está datado de Outubro de 2008 (literalmente: «2008ko urrian»). Também não chegava a afirmar que tinha sido um texto posto em debate no Batasuna, mas indicava que o «Gakoa anda circulando entre militantes de la izquierda abertzale con el propósito de abrir en su seno un debate sobre el futuro de esta expresión política». Quanto aos seus «promotores», apenas se dizia que são «un numeroso grupo de militantes con décadas de actividad política, sindical o en el campo de los presos».
A partir deste texto apócrifo, o El País publicou ontem um artigo, assinado pelo seu analista Luis R. Aizpeolea, no qual os autores desconhecidos desse texto passaram a ser «veteranos dirigentes abertzales».
Apesar de beber da mesma fonte que o Grupo Noticias, o El País oculta que o texto está datado de há um ano, mentindo ao destacar que se trata de «un nuevo documento». E insiste nessa versão: «Pero, además, ahora ha surgido en el mismo interior de la izquierda abertzale una iniciativa, denominada Gakoa (clave, en euskera), que exige que se plantee ya el debate sobre la continuidad de la violencia».
A página completava-se com um outro texto de Aizpeolea intitulado «Las fuerzas que se solidarizaron con Otegi rechazan su plan», em alusão ao ELA, ao EA e ao Aralar.
Fonte: Gara
* Os alertas relativos à desinformação propagada por certos órgãos de comunicação social e à tentativa de boicotar as iniciativas da esquerda abertzale com vista a uma solução democrática para o conflito basco têm sido lançados em vários meios de difusão informativa; a título de exemplo, deixamos aqui o artigo «'El País', o ministro, informação, desinformação e Arnaldo Otegi e a sua via política para a paz para a prisão», de Manuel Márquez, em kaosenlared.net
Homenagem justa e emotiva a «Txiki» em Zarautz
Centenas de pessoas prestaram ontem homenagem a Jon Paredes Manot 'Txiki', gudari antifascista fuzilado em 1975, participando numa marcha e numa cerimónia posterior que decorreu no cemitério de Zarautz (Gipuzkoa). Entre os presentes, estavam familiares, amigos e representantes da associação Ahaztuak 1936-1977.
O acto, que foi convocado por habitantes de Zarautz, teve como objectivo dar apoio à família de «Txiki», depois do que aconteceu no dia 27 de Setembro, quando a Ertzaintza impediu a realização da homenagem que tem lugar todos os anos e humilhou a família do fuzilado.
A marcha partiu da casa da mãe de «Txiki», Antonia Manot, que esteve acompanhada por alguns dos seus seis filhos e pelo carinho dos zarautztarras.
Os participantes na homenagem, entre os quais havia representantes da esquerda abertzale, como Itziar Aizpurua, ou Doris Benegas, da IZCA, dirigiram-se até ao cemitério da localidade acompanhados por vários txistularis.
Em frente ao túmulo de «Txiki», onde colocaram uma ikurriña e uma bandeira republicana, o porta-voz do colectivo Ahaztuak 1936-1977, Martxelo Álvarez, afirmou que, com a cerimónia de ontem, procuravam "terminar algo que não os tinham deixado acabar" no dia 27 de Setembro, quando "homens de uniforme [apetrechados] com toda a parafernália repressiva" obrigaram os presentes na homenagem a abandonar o cemitério "com uns modos que ficaram muito longe de ser os correctos".
Álvarez realçou o facto de essa actuação da Ertzaintza responder à ordem do juiz Eloy Velasco, da Audiência Nacional espanhola, que decretou a proibição dos actos de homenagem às vítimas do franquismo programados para esse dia.
Em suma, «Txiki» recebeu finalmente a justa homenagem, que o respeito pela sua memória exige, bem como a de todas e todos os que lutaram contra o criminoso regime de Franco.
Fonte: lahaine.org
Imagens da homenagem a «Txiki» em Zarautz (25/10/2009)
Manifestações em Berriozar e Bakaiku
Cerca de 300 pessoas participaram na manifestação que percorreu as principais ruas de Berriozar (Nafarroa) neste sábado. Exigiram "que nos deixem em paz" e o arquivamento do processo que está a decorrer na Audiência Nacional espanhola contra os vereadores independentistas Fermin Irigoien, Izaskun Cebrián e Ezekiel Martín.
Por outro lado, a esquerda abertzale de Berriozar fez saber que o autarca da localidade, Xabier Lasa (NaBai), rejeitou a proposta apresentada pelos vereadores independentistas para que se realizasse uma sessão plenária extraordinária em que fosse abordada a sua presença recente no tribunal de excepção.
Numa nota de imprensa enviada à comunicação social, a esquerda abertzale manifestou a sua perplexidade perante a recusa do autarca. "Se não podemos aspirar a tratar este tema num pleno extraordinário, cuja marcação está inteiramente nas mãos do presidente da autarquia, que outras actuações ou medidas concretas podemos esperar da sua parte? Está na hora de agir contra a repressão do Estado, contra a falta de democracia, contra a detenção de representantes políticos e contra a campanha que pôs Berriozar em risco e que incide em três vereadores do Município", lê-se na nota.
Fonte: apurtu.org
Mais informação: eguzkiplaza.net
No início de Outubro, a Polícia Foral procedeu a uma série de inspecções nesta localidade navarra em busca de fotos de presos políticos bascos e desde então as pessoas deixaram de ter acesso às escolas velhas, que, de acordo com os convocantes da manifestação de protesto que ontem se realizou, são habitualmente utilizadas por grupos populares da terra. A impossibilidade de acesso a um local destas características significa que todos os habitantes estão na «mira da repressão».
No comunicado que leram no final da mobilização, salientaram que os retratos dos perseguidos políticos bascos «são a imagem da solidariedade» e que não representam qualquer tipo de delito.
Criticaram também a utilização da Polícia Foral por parte da UPN, referindo que, desde que o quartel de Altsasu foi inaugurado, as acções de carácter repressivo aumentaram. Defenderam a ideia de que a aposta da UPN e do Estado espanhol na via da repressão se fica a dever ao facto de «terem perdido a batalha política» e asseguraram [que os agentes da repressão] «não irão ser capazes de travar os gaztetxes e as gazte asanbladas ou de acabar com a dissidência».
Fonte: Gara
domingo, 25 de outubro de 2009
Sindicatos da Função Pública solidários com sindicato basco
A ACÇÃO REPRESSIVA E INTIMIDATÓRIA
DA POLÍCIA ESPANHOLA É INADMISSÍVEL
Foi com indignação e repulsa que a Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública (FNSFP) tomou conhecimento de que a polícia espanhola invadiu a sede nacional da central sindical basca LAB e deteve 5 militantes, entre os quais o ex-Secretário-geral da Central Rafael Diez Usabiaga.
Esta operação policial visa criminalizar o trabalho político-sindical que a LAB desenvolve no País Basco e a postura de defesa da classe trabalhadora basca e do direito que lhe assiste, assim como a todo o povo basco, de decidir o seu futuro.
A FNSFP entende que o Governo espanhol não pode utilizar a repressão e a intimidação sindicais, perante as iniciativas dos trabalhadores que têm em vista a superação do conflito político existente e a criação de uma alternativa estratégica ao modelo económico hoje imperante, que continua e agrava a brutal exploração do trabalho pelo capital.
Assim, a FNSFP:
- Manifesta total solidariedade e empenhado apoio à central sindical LAB;
- Exige o fim da repressão sobre os representantes dos trabalhadores e a libertação do ex-Secretário-geral da LAB, Rafael Diez Usabiaga e dos restantes detidos;
- Repudia os assaltos policiais a instalações dos Sindicatos;
- Apoia as iniciativas sindicais de luta em defesa a liberdade do exercício da acção político-sindical e de denúncia das acções governamentais repressivas e atentatórias dos direitos dos trabalhadores;
A FNSFP está certa de que a central sindical LAB e os trabalhadores seus filiados não se deixarão amedrontar nem admitirão o seu condicionamento na luta em defesa dos trabalhadores e por uma sociedade mais justa.
Reiteramos a nossa solidariedade e apoio à central sindical LAB, que também pode contar com a nossa luta em defesa de uma sociedade de onde seja banida a exploração do homem pelo homem.
Sentença 001/2009
Audiencia Suprema, Sala de lo penal. En el recurso de casación que ante Nos pende, por el que se enjuicia a los partidos políticos PSOE y PP por su presunta pertenencia a entramado terrorista. Antecedentes de hecho: Que a partir del 18 de julio de 1936, tras el alzamiento contra la legalidad entonces vigente, se instituye un sistema político cuyo garante será la organización terrorista autodenominada «Fuerzas Armadas Españolas - FAE» y que cuenta entre sus funciones las de «defender la integridad territorial, la soberanía e independencia de España», para lo cual parte de la necesidad de la lucha armada en el territorio geográfico que viene a denominar el «Reino de España».
Que esta organización adoptó en aquel primer momento una estructura unificada que, a partir de 1978 y en base a un proceso que pretendía amoldarse a los tiempos denominado «transición a la democracia», sustituyó por una estructura frentista. Así, el frente militar se constituye en vanguardia, y mantiene la dirección del conjunto para además, desarrollar sus acciones «ilegales», diferenciadas de otras «legales» que serían llevadas a cabo por los diferentes «frentes» institucional, político, social, cultural. De esta manera, se conforma toda una proliferación de organizaciones que denominaremos «el entorno» cuyo vínculo será la adhesión a los principios programáticos que se expresan en la pretendida «Constitución democrática», así como el rechazo a la voluntad mayoritaria del pueblo vasco.
Para garantizar la unidad de acción política y sin perjuicio de que cada organismo desarrollase su propia intervención sectorial, era imprescindible la coordinación de los distintos aportes de cada uno de aquéllos, de manera que, en su interrelación, se alcanzase el triunfo del proyecto político aunador.
Fundamentos de derecho: Como quiera que FAE era el frente armado y la única de todas las organizaciones que mantenía una estrategia global, se mantuvo en la dirección política, diseñando la estrategia general que el resto de las organizaciones sectoriales deberían ir desarrollando, y así, en lo que ella por ser la facción armada derivaba hacia las demás. La posición preeminente de FAE la situó en la vanguardia dirigente, pasando a ser las demás organizaciones vanguardias delegadas.
FAE elaboró un proyecto de carácter «político-militar», en el que, junto a la acción terrorista, incluía la propuesta de una convergencia entre el PSOE y el PP para formar una «alianza estratégica nacional». Es decir, no se trata de iniciar una apuesta por las vías políticas institucionales y democráticas, abandonando la violencia terrorista, sino, sencillamente, de adaptar ésta a la evolución de esta peculiar «apuesta política», en la que los obstáculos no son superados mediante los votos, sino mediante la manipulación de las elecciones y la amenaza de intervención de FAE.
En este esquema de actuación compartido, los partidos políticos PSOE y PP -con la confluencia de UPN en territorio navarro- tendrán una relevancia destacada. En efecto, desplegarán una labor en el frente institucional y político al nivel principal de minimizar o contextualizar las acciones terroristas llevadas por la organización FAE tanto en territorio vasco como en el exterior -otras naciones o pueblos de la península ibérica, así como estados como Irak, Afganistán etc.-. Este hecho se substanciará en la actuación de ambos partidos al negarse a condenar rotundamente y sin paliativos las actuaciones pasadas y presentes de la organización FAE. Asimismo, su actuación se deriva hacia el objetivo de dar cobertura política a las vulneraciones de derechos humanos cometidas por FAE y, más en concreto, por sus Fuerzas y Cuerpos de Seguridad del Estado acantonados en territorio vasco.
La encomienda de esta función se desprende de las recientes declaraciones hechas en sede parlamentaria por los sres. Pastor y Urquijo en el desarrollo de un debate en el que, en contra de las principales recomendaciones de organismos internacionales, buscaban justificar la incomunicación de los detenidos y en el que se pudieron fácilmente encontrar elementos de apología de la tortura. En palabras de Urquijo para defender esta práctica, «si un policía quisiera hacer eso, lo podría hacer en otro ámbito». Estas declaraciones sólo se pueden entender desde la persecución del objetivo, reconocido por el entorno de las FAE, de humillar a las víctimas de vulneraciones de derechos humanos.
En paralelo, llevarán a cabo el enaltecimiento de los penados por motivo de sus acciones terroristas, tales como Vera, Barrionuevo o Galindo, a quienes buscarán en todo momento exculpar de sus responsabilidades, al tiempo que reclaman para ellos su inmediato excarcelamiento.
Asimismo, con su actividad pretendidamente política, desarrollarán una labor de «señalamiento» a toda persona, grupo, organización y partido político a los que se hace responsables de la imposibilidad para obtener sus objetivos, para que después sean objetos de atentados, hostigamiento o persecución. Del mismo modo, cumplirán con la función de «captación» de nuevos integrantes para la organización terrorista FAE.
Por último, buscarán cualquier resquicio del sistema jurídico-político para denegar una salida en justicia para el denominado «conflicto vasco», así como deslegitimar cualquier aspiración popular de debate público y más democracia. Esta acción, sin duda alguna, conlleva la prolongación del contexto de violencia y el sufrimiento que éste genera.
Fallo: que debemos prohibir y prohibimos los partidos referidos PSOE y PP, además de suspender todas sus actividades, internas y externas. Que se proceda a la detención de todas sus ejecutivas, así como cierre de sus locales y demás expresiones públicas de los referidos partidos. Que sean asimismo desalojados de las instituciones y cargos que fraudulentamente ocupan. Que se adopten las medidas necesarias para que las protestas que pudiera en su caso generar esta sentencia sean prohibidas por considerarlas ilegítimas. De la misma manera, decidimos la inmediata desarticulación de la organización FAE, y en concreto la retirada de sus Fuerzas de Seguridad del Estado del territorio referido, para evitar causar más daño y sufrimiento a los ciudadanos y ciudadanas de estas tierras.
Así por esta nuestra sentencia, que se publicará en la Colección Legislativa, lo pronunciamos, mandamos y firmamos.
P.S.: Em dois dias foram publicados um auto da Audiência Nacional contra o Batasuna e um acórdão do Supremo Tribunal contra as Gestoras-Askatasuna. Quem tiver dedicado algum tempo a lê-los poderá verificar que não só emprego neste artigo a sua própria argumentação como lhes arranquei parágrafos inteiros, literais - alguns, seguramente, com uma prosa intolerável. Como se pode apreciar, não é difícil escrever sentenças fabulosas. Mais difícil é estar entre os eleitos que as publicam. Dizia Henry de Montherlant que «não há poder. Há um abuso do poder, nada mais». Não é altura para fábulas, a realidade chama por nós.
Julen ARZUAGA
Euskal Herriko Giza Eskubideen Behatokia
O Estado espanhol, contra o diálogo político em Euskal Herria
O ministro do Interior espanhol, Alfredo Pérez Rubalcaba, recebeu com intenso mal-estar a resposta dada pelo PNV e o Aralar às detenções de membros da esquerda independentista e a receptividade dos meios abertzales ao texto de debate do Batasuna. É que, segundo o Gara pôde apurar, Rubalcaba tinha pedido à direcção jelkide e a Patxi Zabaleta que secundassem a sua estratégia.
A existência destas reuniões era um segredo já muito conhecido que o ministro do Interior espanhol confirmou no sábado passado, aparentemente de modo não intencional, na Cadena Ser. Foi Alfredo Pérez Rubalcaba que telefonou para a emissora para ganhar posição face à polémica aberta pelas detenções de Arnaldo Otegi e seus companheiros e pela decisão tomada pelo PNV de ir à manifestação que tinha lugar horas depois em Donostia. Neste contexto, Rubalcaba realçou o facto de os jelkides estarem a apoiar uma «estratégia político-militar», e neste ponto deixou escapar que «o PNV o sabe, entre outras coisas, porque eu lhes disse».
O envolvimento jeltzale nessa resposta social deixou Rubalcaba bastante tocado, posto que o ministro anda há já algum tempo empenhado em conseguir que partidos bascos e comunicação social façam ouvidos surdos a qualquer iniciativa renovadora que a esquerda abertzale possa pôr em marcha.
Os «avisos» de Rubalcaba foram na realidade uma tentativa de alinhar tanto os partidos como os meios de difusão, e porventura também outros agentes, numa estratégia assente na negação de qualquer opção de diálogo, com a pretensão de que tal condicionasse a tomada de decisões da esquerda abertzale e lançasse a dúvida sobre a viabilidade de uma aposta nas vias exclusivamente políticas.
Mas os acontecimentos posteriores demonstram que o ministro do Interior não encontrou respostas positivas de todos aqueles com quem se tinha encontrado. Já em Agosto, quando Rubalcaba lançou a ameaça de jamais legalizar a esquerda abertzale e fechar definitivamente essa via, porta-vozes jelkides recordaram-lhe que o «final dialogado» é um conceito presente em todos os pactos anti-ETA, a começar pelo de Ajuria Enea, além do que vem referido na resolução do Congresso de Maio de 2005.
Desde Agosto
A realização destas reuniões foi conhecida já no início de Setembro, pelo que vinham a ter lugar desde Agosto, ou seja, depois de Alfredo Pérez Rubalcaba ter lançado a sua primeira ameaça, na sequência das primeiras especulações sobre movimentos políticos da esquerda abertzale, que incluíam uma data marcada: o Outono.
O Gara pôde confirmar a partir de três fontes distintas que Rubalcaba falou também directamente com Patxi Zabaleta, coordenador do Aralar, para o informar da posição do Governo e solicitar o seu apoio. Neste caso concreto, o ministro terá pedido a Zabaleta que, no caso de a esquerda abertzale iniciar movimentos políticos de peso, o Aralar evitasse fazer qualquer apreciação antes de falar com ele.
Depois destes preparativos, o Governo espanhol deu um salto que ninguém esperava - pelo menos neste momento específico - com a detenção de Arnaldo Otegi, Rafa Díez, Rufi Etxeberria e mais sete representantes da esquerda abertzale, cinco dos quais foram parar à prisão. Rubalcaba esperava que os contactos mantidos servissem de «colchão» para amortecer a resposta, mas escapou-lhe um factor: a determinação da maioria sindical basca, que convocou de modo urgente um acto que acabou por arrastar os partidos e trouxe para as ruas mais de 37 000 pessoas.
A estratégia do cerrar de fileiras de Rubalcaba sofreu ainda mais dois reveses posteriores. O primeiro foi a escassa credibilidade outorgada em geral à tentativa de o ministro ligar Otegi e os seus companheiros a Aitor Elizaran e Oihana San Vicente.
Meios espanhóis sublinharam o facto de Rubalcaba não ter apresentado nenhum elemento objectivo que sustentasse essa tese. O segundo foi a forma positiva como o EA, o ELA e, mesmo que com mais disputas, o Aralar acolheram o documento de debate do Batasuna - que o Ministério do Interior tinha ocultado, face à impossibilidade de o contornar. O realce dado ao texto nos meios estatais deitou também por terra a tese oficial de que «não há nada de novo», exposta neste caso pela porta-voz do Governo de Lakua, Idoia Mendia.
O coordenador do Lokarri, Paúl Ríos, é uma das vozes que confirmaram a existência destas reuniões privadas ou, melhor, secretas. Escreveu logo a 10 de Setembro, no seu blog, que o ministro andava a «explicar a sua estratégia» a jornalistas e a partidos com a intenção de tapar todas as gretas possíveis. Num outro artigo publicado esta terça-feira, Ríos explica que falou com os seus contactos e que a versão transmitida pelo Ministério do Interior sobre as detenções responde ao esquema de obstinação adiantado já nas reuniões de Agosto-Setembro.
Nesses encontros, Rubalcaba estaria a justificar o encarceramento dos dirigentes independentistas com o argumento de que «o que os detidos estavam a preparar não era suficientemente claro nem contundente no que respeita à violência». Para reforçar as suas teses, o Ministério do Interior foi muito selectivo na transmissão de informação aos meios de comunicação relativa aos documentos apreendidos. Resta saber se a Polícia pôs nas mãos do juiz instrutor todo o material que tem à disposição.
Paralelamente, e sempre segundo as fontes de Ríos, Rubalcaba «vendeu» aos partidos a ideia de que «uma declaração do Batasuna que aponte para uma etapa sem violência representa uma ameaça para a estratégia do Governo de não dar qualquer oportunidade ao diálogo sem o abandono prévio da violência». Assim sendo, optou-se directamente pela detenção dos seus impulsores para evitar que fosse sequer apresentada.
Esta tese sobre a linha de actuação do ministro ganha total credibilidade ao coincidir com os discursos de quem a apoiou. O caso mais significativo é o de Jesús Eguiguren, que foi quem preparou o processo de negociação de 2005-2007 em nome do PSOE. O partido trouxe-o para a liça um dia depois das detenções para que defendesse a ideia de que, na verdade, o que os detidos tinham entre mãos «não era nada de definitivo».
Também encaixam plenamente nas informações de Paúl Ríos as interpretações sobre as detenções aparecidas no El País, onde se chegou a publicar que o dinamismo de Otegi na busca de vias de solução representava um estorvo para a estratégia do Governo de acabar com qualquer expectativa.
Ramón SOLA - Iñaki IRIONDO
Notícia completa: Gara
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