terça-feira, 20 de outubro de 2009

Monstros, alienígenas... O criador do «Alien» exibe em Donostia a sua maior retrospectiva


Trinta anos depois da estreia no cinema, o «Alien» chega a Donostia pela mão do seu criador, Hans Ruedi Giger, que expõe a sua maior retrospectiva dos últimos anos.

Gara, Donostia * E.H
A mostra do artista suíço Hans Ruedi Giger, um dos pais da síntese entre o humano e o tecnológico que definiu o imaginário da ficção científica nas últimas décadas, permanecerá aberta até a 6 de Janeiro na sala Kubo Kutxa, em Donostia, onde se poderá ver a cabeça original do famoso alienígena.

Giger, nascido em Chur (Suíça) em 1940, obteve o reconhecimento internacional pela sua contribuição para o filme Alien, o oitavo passageiro, do realizador Ridley Scott, em que deu forma ao terrível extraterrestre e a alguns cenários do filme, a partir da série de desenhos que tinha reunido na obra Necronom V. Sem formação artística e influenciado pelo surrealismo, Giger afirmou numa conferência de imprensa que "foi fácil" transformar as imagens de Necronom V no Alien porque os seus colaboradores viam o livro como uma "bíblia", embora tenha reconhecido que deixou o cinema por se sentir envergonhado por outros filmes em que colaborou, como Species.

Giger lamentou que sempre tenham olhado para ele com um "olho crítico", sobretudo no seu país, pelas suas colaborações cinematográficas, aspecto em que coincidiu com o comissário da exposição, Carlos Arenas, que afirmou que essa subvalorização tem como contraponto os círculos da cultura popular, que o classificam como um "autor de culto".
A bomba atómica, a destruição do meio ambiente, o excesso de população a nível planetário, o nascimento, o acto sexual e a simbiose entre o humano e a máquina são alguns dos temas abordados por Giger, que, nas palavras de Arenas, foi um "visionário" na criação de monstros e "ciborgs".

Entre as 106 obras que podem ser vistas nesta mostra, destacam-se a cabeça original do Alien, bem como parte do obscuro mobiliário que Giger desenhou para a casa de Harkonnen, na tentativa de Ridley Scott levar Dune ao grande ecrã, no início dos anos 80.
Com estas peças, está exposta uma série de desenhos a tinta e óleos da primeira fase de Giger, assim como numerosas pinturas com aerógrafo, técnica que marcou decisivamente a sua trajectória, desde 1972, porque lhe permitiu desenhar o seu universo imaginado "com um revólver, disparar a arte".

A série sobre Nova Iorque, em que aparece um torso humano coberto de cabos e mecanismos, antecipa as imagens de "ciborgs" e destaca-se pelo uso de moldes que dão à obra um ar mais futurista e industrial, que foi explorado em filmes como Terminator e Robocop, e que saltou para âmbitos como a arquitectura ou as capas dos discos de rock, comentou Arenas. A visita fica completa com dois vídeos sobre o museu de Giger e a rodagem de Alien, "o monstro que devorou o próprio artista".
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SALA KUBO KUTXA
«H.R. Giger, Retrospectiva»
De 16 de Outubro de 2009 a 6 de Janeiro de 2010
Av. de Zurriola Etorbidea, 1 (Gros auzoa * Donostia)
Tel: 943012400 kubo@kutxa.es
Horário: 2ª-Dom., das 11h30 às 13h30 e das 17h00 às 21h00
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Fonte: SareAntifaxista
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Texto completo: «Criador de pesadelos e criaturas impossíveis», de Koldo LANDALUZE, em Gara