Tasio (Gara)
Por incrível que pareça, um meio de comunicação público começou os informativos matinais a anunciar a detenção de um advogado basco e a inspecção policial do seu escritório mesmo antes de que a operação se iniciasse. Foi isso o se passou ontem em Oiartzun (Gipuzkoa), no bloco de escritórios que se situa junto ao antigo Mamut e onde vários jornalistas chegaram antes da própria Guarda Civil. A RTVE anunciou no princípio do dia que tinha sido detido Joseba Agudo - o próprio ficou a saber da sua não-detenção pelos meios de comunicação -, mas à tarde o advogado acabaria por ser preso pela Polícia francesa em Hendaia (Lapurdi), onde reside.
«La Guardia Civil ha detenido al abogado Joseba Agudo Mancisidor en una operación contra el entorno de ETA en Guipúzcoa», era o titular que se podia apreciar na quarta-feira na edição digital da RTVE, ainda que nos seus boletins informativos e nos restantes órgãos de comunicação a razão da operação policial fosse mudando à medida que o tempo ia passando.
«Más detenciones...»
A notícia eclodiu já depois das 9h, provocando até a interrupção na transmissão de um programa da TVE, de modo a dar informações sobre uma operação de envergadura. «La operación continúa abierta y se esperan más detenciones en las próximas horas», disse-se.
Mas a essa hora nem a Guarda Civil se encontrava a inspeccionar o gabinete onde trabalha habitualmente Joseba Agudo, nem este tinha sido detido. Demorou pelo menos uma hora até que uma das duas coisas acontecesse. E quando vários meios de comunicação se dirigiram para o edifício de Mamut - agora Alcampo -, em Oiartzun, depararam com a ausência da Guarda Civil.
Às 10h10, uns cinco jipes estacionaram em frente ao bloco de escritórios de Alcampo, começando de imediato os agentes a entrar nas instalações dos advogados. Um dos três advogados que ali trabalham habitualmente encontrava-se no seu interior, como testemunha da inspecção policial. Nesta altura já a RTVE tinha retirado da sua página de Internet - embora não eliminando totalmente, uma vez que, se se procurasse o rasto informático, era possível recuperar a informação de forma integral - o anúncio da operação. E a partir daí foram muitas as especulações tanto nas redacções como entre os jornalistas que se mantiveram em Oiartzun durante horas.
Quase sete horas de inspecções
Passadas quase sete horas, às 17h, a Guarda Civil e a secretária judicial abandonaram o escritório dos advogados com várias caixas com discos rígidos e suportes informáticos.
Mas a operação dirigida pelo magistrado da Audiência Nacional espanhola Fernando Grande-Marlaska - dado que foi confirmado pelos advogados por volta do meio-dia - não acabou aí. Às 19h30 a Guarda Civil efectuou uma outra inspecção em Errenteria - de onde Agudo é natural - e, poucos minutos depois, o Gara era informado da detenção de Agudo em Hendaia por parte da Polícia francesa.
[Ver na sequência:]
«O Movimento pró-Amnistia alerta para a possibilidade de mais detenções»
Gari MUJIKA
Fonte: Gara
Já hoje, o Movimento pró-Amnistia fez saber que Joseba Agudo passou a noite na esquadra de Baiona. Depois de conduzido ao Tribunal de Pau, foi encarcerado em Muret, onde fica à espera da audiência que terá lugar nesse tribunal na próxima terça-feira, relativa ao mandado europeu emitido pela Audiência Nacional espanhola que esteve na origem da sua detenção.
Fonte: Gara
De acordo com o Berria, estava prevista para ontem às 18h30 uma concentração de protesto em Hendaia, no Gaztelu Zaharra. Por outro lado, uma associação de advogados argentina já se pronunciou contra esta detenção.