sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Criemos um tsunami pela democracia em Euskal Herria


Não consigo sair do meu assombro, outros dez dirigentes independentistas foram detidos no dia 13 de Outubro, terça-feira. Dia aziago, para os supersticiosos, e dia em que o estado se deu conta de que a sua festa nacional é um verdadeiro insulto para os cidadãos do estado, e já não só para os que até agora sempre se sentiram insultados, como podem ser os bascos e os catalães, pois dezenas de pessoas vieram paras as ruas em Madrid, Saragoça…

O que me surpreende e me dá náuseas não é o facto de que detenham 10 membros da esquerda abertzale, realmente isso já não é nada de novo, o que me repugna é que tenham tido o descaramento de chamar “bakea” [paz] a esta operação. Quando o ouvi no teleberri [telejornal] pensei que talvez tivesse ouvido mal e que não era possível que estivessem a gozar assim com a nossa cara, mas não, não ouvi mal, é assim mesmo, a operação chama-se Bakea.

Uma operação que vai contra a paz e a solução em Euskal Herria, uma operação que detém aqueles que se apresentaram com um ramo de oliveira na mão e pediram que não o deixassem cair, contra aqueles que pretendem apresentar uma nova proposta para solucionar o conflito - mas é claro que, prendam quem prenderem, as propostas da Esquerda Abertzale vão continuar a estar em cima da mesa.

E vão continuar a estar em cima da mesa por uma razão muito simples: é que, de cada vez que detêm um dirigente independentista, há dez pessoas que, ultrapassando todas as dificuldades, estão dispostas a assumir o trabalho que este deixa. Porque é óbvio que a esquerda abertzale é um sector importante desta sociedade, que está preparado para o combate das ideias. Porque é óbvio que não é com a ETA que têm um problema, nem com o Batasuna, nem sequer com a esquerda abertzale, o problema que enfrentam é com toda uma sociedade, a basca, que é a favor de algo tão simples como o direito do povo basco a decidir o que o povo basco quer ser.

A resposta a esta nova operação está na rua, em cada uma das mobilizações que se convoquem por todo o nosso país, nas embaixadas de Espanha no estrangeiro ou na esquina de qualquer rua, em qualquer parede. A resposta está nos bairros, nas casas, nas pequenas terras e nas grandes cidades, a resposta está onde houver uma só pessoa farta e que queira responder.

Mas não nos enganemos, a resposta a estas agressões, como de cada vez que tocam num filho de Euskal Herria, está em nós mesmos, na nossa firme vontade de solucionar o conflito político basco. No caminho para a paz e a democracia neste país, no caminho para a independência e o socialismo.

Estas dez pessoas, tal como os outros 750 prisioneiros políticos bascos, estão na situação que estão por procurarem a paz. Sejamos uma onda, uma gigantesca onda de paz e democracia, de direitos civis e políticos, sejamos um tsunami e arrasemos à nossa passagem todos aqueles que nos privam de direitos e todos aqueles que os apoiam.

“aquí pasa al revés que en la Naturaleza. De un manantial agotado surgen otros muchos manantiales. Y el torrente se hace mucho más arrollador. Porque aquí -como en todos los movimientos nacionales vivos- el torrente incontenible es el Pueblo”
Telesforo Monzón

Oier AZKARRAGA GRAJALES
militante independentista