O interrogatório da defesa ao polícia número 19.242, que se prolongou durante sete horas, pôs em evidência a debilidade da tese da acusação e deixou claro que os oito arguidos não estavam às ordens da ETA. À tarde, a defesa propôs que as conclusões fossem já definitivas, mas o magistrado do MP pediu tempo, dando a entender que poderá alterar os pedidos da acusação, embora não os tenha concretizado. O julgamento será retomado hoje.
O polícia-perito 19.242 referiu-se ao documento «Aurrera begirako ildoak» atribuído à ETA, considerando que possuía um conteúdo «claramente militarista» e que nele se falava da abertura de um ciclo de luta armada de cinco anos, admitindo que a organização armada manifestava «uma grande preocupação» perante a constituição de um espaço soberanista «fora do seu controlo».
Em resposta a Iñigo Iruin, admitiu, com dificuldade, que a ETA detectou «um movimento de fundo» crítico, que temia «desvios na esquerda abertzale» e que a função do Bateragune consistia em controlar essa situação, embora se tenha apressado a matizar que «o questionamento da estratégia político-militar sempre existiu» e que «isso não era uma novidade», tal como defendeu no dia anterior.
Posteriormente, viria também a reconhecer que, desde 2008, «tudo sofreu alterações» e que «de um esquema militaróide se passa para um outro em que o político é prioritário e o militar é secundário».
O polícia tentou atribuir à ETA a organização do Primeiro de Maio, da greve geral, do Aberri Eguna e das eleições europeias de 2009, mas Iruin desmontou com bastante facilidade este seu propósito.
Acabou por ter de admitir que a sua tese se baseia apenas em conjecturas.
Em relação ao suposto órgão Bateragune, disse que, sobre isso, apenas possuem uma referência, concretamente num documento que apreenderam na sede do LAB, em que o Bateragune aparece ligado ao Ekin, como defendem os arguidos.
Depois de algumas dúvidas iniciais, admitiu ter sido ele quem requisitou ao juiz Baltasar (Garzón) as detenções da sede do LAB, explicando que foram detidos todos os que se encontravam na sede e não eram trabalhadores da central sindical.
Em resposta à advogada Jone Goirizelaia, disse que foram detectadas umas onze reuniões do Bateragune, nas quais implicou 22 pessoas, embora depois tenha falado em alegadas reuniões.
Sobre as viagens que os arguidos fizeram a Ipar Euskal Herria, reconheceu não saber se eles se foram reunir com a ETA, como sustenta o magistrado do MP.
Amanhã, os pedidos da acusação
Na parte da tarde, uma vez concluídas as fases pericial e documental, o magistrado da acusação deu a entender que poderia alterar as conclusões ou, pelo menos, algumas delas, mas não especificou mais nada. As defesas propuseram que fossem consideradas definitivas, mas o magistrado do MP pediu tempo, referindo que na próxima sessão dará a conhecer os detalhes sobre os pedidos da acusação.
Fonte: GaraFotos (não são de hoje): na de cima, alguns dos arguidos; na de baixo, o advogado de defesa Kepa Landa e o arguido Mañel Serra.
Ver também:
«ETA y la ubicuidad», de Ramón SOLA (Gara)