O comunicado que a ETA enviou ao Gara dirige-se aos cidadãos bascos e nele, para além de fazer uma análise da situação política que Euskal Herria tem vivido nos últimos tempos, inclui-se uma «declaração» de sete pontos em que, entre outras questões, a organização armada mostra a sua disposição para dar «os passos que forem necessários» para favorecer a mudança política.
A «Declaração da ETA» começa por expressar o seu respeito pelos agentes que, nos últimos meses, têm tentando pôr em marcha uma nova dinâmica a favor de Euskal Herria, num contexto marcado «pela dura situação repressiva» e «pela pressão político-mediática». Também mostra disponibilidade para colaborar com todos os agentes que assumam que, para «construir um cenário democrático que garanta o futuro de Euskal Herria», é necessário dar «passos seguros» e assumir «compromissos firmes».
Por isso, a ETA faz um apelo a todas as mulheres e todos os homens bascos para que, cada qual dentro das suas possibilidades, «lutem a favor de Euskal Herria», já que considera que «a activação social» é «a principal garantia» para avançar nesse sentido.
«A ETA, por seu lado, manifesta que está disposta a dar os passos necessários no caminho da mudança política, no espaço que lhe corresponde», prossegue no quarto ponto.
Em seguida, reitera a sua «vontade para resolver o conflito» e acrescenta que o seu desejo e a sua tarefa consistem em alcançar «uma formulação acordada» para que os cidadãos bascos decidam o seu futuro «sem qualquer tipo de limites ou ingerências» e «construir sobre bases sólidas o processo democrático» que contenha «as garantias» para que esse exercício de decisão se possa levar a cabo.
Também reitera a sua atitude de «falar ao povo com transparência e honestidade», algo que contrapõe à «intoxicação informativa» que, em seu entender, «o Governo espanhol transformou num importante instrumento político».
Por último, a ETA reitera «o compromisso com Euskal Herria» que assumiu há 50 anos, para garantir que continuará «a lutar firmemente por Euskal Herria». «Não cessaremos até alcançar a liberdade», conclui.
Factor psicológico
Na primeira parte do texto, a ETA centra-se na análise das formas e das consequências do que vem a denominar «ataque generalizado e intenso» que, segundo afirma no segundo parágrafo, o Governo espanhol desencadeou contra Euskal Herria desde que conduziu o último processo ao fracasso.
Responsabiliza o Executivo espanhol por ter «fechado a porta à oportunidade para uma solução democrática» e por «ter decidido alargar a todos os âmbitos a negação e desenvolver uma ofensiva repressiva sem limites».
A organização armada entende que a esquerda abertzale é o alvo dessa ofensiva porque «há trinta anos conseguiu que a assimilação de Euskal Herria em França e Espanha fosse impossível», e porque «conseguiu manter aberta de par em par a porta da independência e da liberdade».
Neste contexto, recorda que «foi imposto o estado de excepção em Euskal Herria», foram ilegalizadas organizações políticas, foram detidos militantes, «são constantes as limitações de direitos civis e políticos», «aumentam a crueldade para com os presos políticos» e abundam os «sequestros de cidadãos» e os «interrogatórios clandestinos».
Uma estratégia com que, na opinião da ETA, não só se pretende condicionar a actividade política da esquerda abertzale, mas também «influir no factor psicológico».
A organização armada comenta que, pela enésima vez, o Estado espanhol «pretende vender a fantasia da saída policial», apesar de «o ministro do Interior, Pérez Rubalcaba, saber muito bem que hoje, como ontem, a única via que garante o final da resistência basca é o reconhecimento dos direitos de Euskal Herria».
Também acusa o ministro do Interior espanhol de estar «habituado às mentiras e à propaganda de guerra», de tentar desfigurar a realidade atrás de frases pomposas e de pretender desviar o debate. Mas não só o acusa, também lhe responde. «'Votos ou bombas' é a sua última patranha», sublinha a ETA no comunicado enviado a este diário. «E a esquerda abertzale responde-lhe em alto e bom som: 'Votos', como método democrático para que os cidadãos bascos, sem limites e sem ingerências, e sendo materializáveis todos os projectos, decidamos o nosso futuro. Dar a palavra ao povo».
Em seguida, afirma que essa é precisamente a opção que o Governo espanhol recusa a Euskal Herria, que é o que, segundo recorda a organização armada, está na base do conflito. «Esse é o limite - conclui a ETA neste ponto - que a luta dos cidadãos deve contribuir para superar».
Fonte: Gara
A «Declaração da ETA» começa por expressar o seu respeito pelos agentes que, nos últimos meses, têm tentando pôr em marcha uma nova dinâmica a favor de Euskal Herria, num contexto marcado «pela dura situação repressiva» e «pela pressão político-mediática». Também mostra disponibilidade para colaborar com todos os agentes que assumam que, para «construir um cenário democrático que garanta o futuro de Euskal Herria», é necessário dar «passos seguros» e assumir «compromissos firmes».
Por isso, a ETA faz um apelo a todas as mulheres e todos os homens bascos para que, cada qual dentro das suas possibilidades, «lutem a favor de Euskal Herria», já que considera que «a activação social» é «a principal garantia» para avançar nesse sentido.
«A ETA, por seu lado, manifesta que está disposta a dar os passos necessários no caminho da mudança política, no espaço que lhe corresponde», prossegue no quarto ponto.
Em seguida, reitera a sua «vontade para resolver o conflito» e acrescenta que o seu desejo e a sua tarefa consistem em alcançar «uma formulação acordada» para que os cidadãos bascos decidam o seu futuro «sem qualquer tipo de limites ou ingerências» e «construir sobre bases sólidas o processo democrático» que contenha «as garantias» para que esse exercício de decisão se possa levar a cabo.
Também reitera a sua atitude de «falar ao povo com transparência e honestidade», algo que contrapõe à «intoxicação informativa» que, em seu entender, «o Governo espanhol transformou num importante instrumento político».
Por último, a ETA reitera «o compromisso com Euskal Herria» que assumiu há 50 anos, para garantir que continuará «a lutar firmemente por Euskal Herria». «Não cessaremos até alcançar a liberdade», conclui.
Factor psicológico
Na primeira parte do texto, a ETA centra-se na análise das formas e das consequências do que vem a denominar «ataque generalizado e intenso» que, segundo afirma no segundo parágrafo, o Governo espanhol desencadeou contra Euskal Herria desde que conduziu o último processo ao fracasso.
Responsabiliza o Executivo espanhol por ter «fechado a porta à oportunidade para uma solução democrática» e por «ter decidido alargar a todos os âmbitos a negação e desenvolver uma ofensiva repressiva sem limites».
A organização armada entende que a esquerda abertzale é o alvo dessa ofensiva porque «há trinta anos conseguiu que a assimilação de Euskal Herria em França e Espanha fosse impossível», e porque «conseguiu manter aberta de par em par a porta da independência e da liberdade».
Neste contexto, recorda que «foi imposto o estado de excepção em Euskal Herria», foram ilegalizadas organizações políticas, foram detidos militantes, «são constantes as limitações de direitos civis e políticos», «aumentam a crueldade para com os presos políticos» e abundam os «sequestros de cidadãos» e os «interrogatórios clandestinos».
Uma estratégia com que, na opinião da ETA, não só se pretende condicionar a actividade política da esquerda abertzale, mas também «influir no factor psicológico».
A organização armada comenta que, pela enésima vez, o Estado espanhol «pretende vender a fantasia da saída policial», apesar de «o ministro do Interior, Pérez Rubalcaba, saber muito bem que hoje, como ontem, a única via que garante o final da resistência basca é o reconhecimento dos direitos de Euskal Herria».
Também acusa o ministro do Interior espanhol de estar «habituado às mentiras e à propaganda de guerra», de tentar desfigurar a realidade atrás de frases pomposas e de pretender desviar o debate. Mas não só o acusa, também lhe responde. «'Votos ou bombas' é a sua última patranha», sublinha a ETA no comunicado enviado a este diário. «E a esquerda abertzale responde-lhe em alto e bom som: 'Votos', como método democrático para que os cidadãos bascos, sem limites e sem ingerências, e sendo materializáveis todos os projectos, decidamos o nosso futuro. Dar a palavra ao povo».
Em seguida, afirma que essa é precisamente a opção que o Governo espanhol recusa a Euskal Herria, que é o que, segundo recorda a organização armada, está na base do conflito. «Esse é o limite - conclui a ETA neste ponto - que a luta dos cidadãos deve contribuir para superar».
Fonte: Gara