quarta-feira, 17 de março de 2010

Tasio Erkizia afirma que o Estado espanhol «sequestrou o direito a opinar»


O histórico militante da esquerda abertzale Tasio Erkizia compareceu ontem perante o juiz Baltasar Garzón na qualidade de acusado de «enaltecimento do terrorismo» por ter participado em 2008 num acto político em memória de José Miguel Beñaran 'Argala'. Tasio Erkizia permaneceu no gabinete de Baltasar Garzón aproximadamente 20 minutos, tendo sido constituído arguido em virtude da queixa apresentada pela associação de extrema-direita Dignidad y Justicia em Fevereiro de 2009 contra este histórico independentista, que acusam de ter exclamado «vivas» a favor do militante da ETA vítima da guerra suja em 1978.

Nem a Procuradoria nem a Dignidad y Justicia solicitaram medidas cautelares para Erkizia, que não respondeu às questões da associação de extrema-direita.

Antes de comparecer perante Garzón, o histórico militante abertzale manifestou à imprensa a sua indignação por ter sido citado e isso por ter feito durante aquele acto «uma análise política da situação» e por ter «encorajado um grupo de militantes a continuar a trabalhar a favor do povo». «O Estado espanhol sequestrou o direito a opinar e persegue os independentistas bascos», referiu.

Erkizia reiterou que a aposta da esquerda abertzale é abrir um processo democrático «que inclua o direito de todas as opções políticas a apresentarem-se em igualdade de condições» e que tenha lugar «na ausência de qualquer tipo de violência e de qualquer intervenção externa ao povo basco», e desafiou o Governo espanhol a aceitar «mecanismos de diálogo e negociação».

«A nossa questão e o nosso desafio ao Estado são os seguintes: Estão dispostos a respeitar a opinião de Euskal Herria? Estão dispostos a fomentar um processo democrático em que todos os partidos e agentes tenham a palavra e a oportunidade de falar e alcançar acordos?», disse.

O militante independentista denunciou o facto de o Estado responder com «mecanismos repressivos» às propostas da esquerda abertzale, que culminou com dezenas de militantes detidos e encarcerados e «neste momento com uma guerra suja muito preocupante e cujo expoente máximo é o escândalo que foi criado em torno do desaparecimento de Jon Anza».

A Procuradoria apoia a queixa
A Procuradoria do tribunal de excepção espanhol, que um dia depois do acto em memória de 'Argala' pediu um relatório à Ertzaintza para determinar se esta vítima da guerra suja tinha sido homenageada ou não, apoia a queixa da associação a que preside Daniel Portero por considerar que os factos podem ser constitutivos de um delito de «enaltecimento do terrorismo» e «humilhação às vítimas».
Notícia completa: Gara