sexta-feira, 12 de março de 2010

Otegi afirma que o arranque do processo depende da capacidade de unir forças


Arnaldo Otegi afirma numa entrevista ao «Res Pública» que a independência é «não só possível mas necessária» para que Euskal Herria possa subsistir na Europa e, para que isso seja possível, acha que os independentistas e progressistas devem estabelecer «uma aliança estratégica que trabalhe pelo processo democrático».

Entrevista a Arnaldo Otegi no «Res Pública»

O portal jurídico «Res Pública» publicou ontem uma extensa entrevista a Arnaldo Otegi, preso desde Outubro e condenado novamente pela Audiência Nacional, na qual o interlocutor abertzale analisa a actualidade política, desde a situação da esquerda abertzale após a ilegalização, o debate interno recentemente concluído e os compromissos adquiridos, as conversações de Loiola e a formação do pólo soberanista.

Otegi afirma que, apesar de o Estado espanhol responder com «mais repressão e endurecimento» às suas propostas de solução, a esquerda abertzale continuará «a cumprir o compromisso» de procurar saídas para o conflito político de modo a que no futuro «as diversas opções do país se possam confrontar de maneira democrática e igualitária: que nós, os independentistas, possamos não só defender, mas concretizar os nossos programas se essa for a vontade da maioria do país, e que os unionistas constitucionalistas que desejam manter-se unidos ao Estado espanhol também o possam fazer se essa for a vontade do país».

Considera que as condições para a mudança política «estão dadas no país» e que a partir de agora «há que materializar essa mudança política mediante um processo democrático» implementado «na total ausência de violência e ingerências» e que torne viável «alcançar um novo cenário em que todos os projectos sejam não só defensáveis mas materializáveis».

Para que isso seja possível, defende que os independentistas e progressistas do país estabeleçam «uma aliança estratégica que trabalhe pelo processo democrático a partir de uma perspectiva nitidamente independentista».

O dirigente abertzale crê que o arranque desse processo não pode estar nas mãos do Estado, «como um exercício de veto». Afirma que «sem o Estado será mais difícil, mas o arranque só depende da nossa capacidade de unir forças e a esperança popular».

Avisa, no entanto, que para o processo avançar «há que estabelecer bases sólidas» e deve existir «um ambiente jurídico-político propício para tal, umas condições mínimas». Julga também que tem de haver «muita comunicação com as bases e a sociedade por parte de todos os actores», «sinceridade, honestidade e também muita paciência».

Contribuição de todos os agentes
Reitera que a esquerda abertzale está «absolutamente comprometida com um processo de paz democrático», e garante que o faz «sem qualquer premissa ou precondição dentro do processo democrático, que há-de desenvolver-se por vias exclusivamente políticas e democráticas».

Nesse sentido, considera que o conjunto de agentes do país, «incluindo a ETA, terão de ver que tipo de contribuição podem fazer» para que o processo democrático se possa desenvolver e alcançar os objectivos que persegue.

Otegi também é questionado sobre os rumores que dizem que vai abandonar a actividade política, sendo que o de Elgoibar responde que, «enquanto tiver forças e viva, continuarei a trabalhar pelo projecto estratégico da esquerda abertzale: um país livre de homens e mulheres livres. Isto é, uma república basca independente assente na justiça social. E embora estejamos cada vez mais perto disso, há ainda muito por fazer, pelo que vejo a reforma como algo muito distante».
Fonte: Gara