quarta-feira, 17 de março de 2010

Pessoas afectadas pelas acções da Falange y Tradición denunciam «os dois pesos e duas medidas» dos tribunais espanhóis


«Para jovens abertzales pedem-se penas que vão até 33 anos de prisão por danos materiais numa caixa de Multibanco e aos membros da Falange nem sequer os querem julgar».

Iruñea * E.H.
Pessoas afectadas pelas acções do grupo Falange y Tradición denunciaram ontem «os dois pesos e duas mediadas» que a Justiça tem e, mais concretamente, a AN, consoante se trate de fascistas ou de abertzales.

Para Francisco Javier Balda (EAE-ANV), vice-presidente da autarquia de Arbizu (Nafarroa), «é lógico» que a titular do Tribunal de Instrução n.º 3 de Iruñea tenha considerado que a Audiência Nacional tem competência para assumir o processo contra os cinco detidos de extrema-direita acusados de varias dezenas de actos violentos e ameaças contra a memória histórica e pessoas que exercem cargos públicos ligadas à esquerda abertzale ou à defesa da memória histórica.

No entanto, a AN não partilhou o critério da magistrada e esta decidiu apresentar a questão no Supremo Tribunal, tendo em conta que, de acordo com o processo, se trata de «uma pluralidade de actuações violentas com clara intencionalidade subversiva, provenientes de um grupo de extrema-direita organizado, estável, armado, com vocação de permanência e hierarquizado».

O processo iniciou-se, na verdade, no Tribunal de Instrução n.º 2 da AN, mas depois de decidido o seu arquivamento provisório, o que leva María Santos Santa Quiteria, outra vítima da Falange y Tradición, a sublinhar que este é «um tribunal de excepção» para «perseguir os bascos».

«Enquanto para jovens abertzales se pedem penas até 33 anos de prisão por danos materiais numa caixa de Multibanco, aos membros da Falange y Tradición nem sequer os querem julgar».

Uma situação e um conjunto de ataques fascistas que é preciso contextualizar «na situação política que Euskal Herria vive» para «impedir que a sociedade basca seja livre», tendo acrescentado ainda que Nafarroa se encontra «sob o jugo da UPN, os herdeiros directos da direita mais fascista e cuja obsessão é eliminar qualquer vestígio basco» desta comunidade.

Afirmaram ainda que «as forças policiais deixaram crescer estes elementos até que viram que o assunto lhes podia escapar e os decidiram deter» e que na investigação efectuada «há partes escuras que a Guarda Civil não quer esclarecer».

«A Falange y Tradición contou com uma grande impunidade e isso, como pudemos ver noutros casos, vai-lhes sair barato, senão grátis», afirmaram, tendo pedido «um outro tipo de justiça» que «respeite o direito de decisão deste povo», os «direitos humanos, civis e políticos dos seus cidadãos» e a sua «cultura, memória histórica e língua».
Fonte: SareAntifaxista

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