terça-feira, 16 de março de 2010

Jon Anza apareceu morto em Toulouse - 2: a procuradora anuncia que vai deixar o caso nas mãos de um juiz de instrução


A procuradora de Baiona, Anne Kayanakis, anunciou que vai deixar o processo sobre a morte de Jon Anza nas mãos de um juiz de instrução, como a família lhe tinha pedido há vários meses, em virtude do «grau de complexidade» que o caso adquiriu. Kayanakis disse que os resultados preliminares da autópsia revelam que Anza morreu por colapso generalizado dos órgãos vitais, e mostrou-se «aberta» à realização de análises suplementares se a família assim o desejar.

Numa nova conferência de imprensa dada ontem à tarde em Baiona, Anne Kayanakis tornou públicos os resultados preliminares da autópsia realizada na parte da manhã a Jon Anza no Instituto Médico Forense de Toulouse sem a presença de um médico forense de confiança.

Segundo disse, o militante donostiarra morreu de uma paragem ou colapso «polivisceral neurológico, cardíaco e pulmonar», que a procuradora relacionou ao seu «precário estado de saúde». A autópsia descartou a existência de lesões, golpes ou intervenções externas nas extremidades e no corpo, e também não foi detectada nenhuma hemorragia interna.

Depois de referir que «não há nenhum elemento» que faça pensar que o corpo de Jon Anza não tenha estado fora da morgue durante os onze meses que passaram desde a sua morte, Kayanakis disse que o cadáver estava «seriamente» deteriorado, o que pensa ficar a dever-se ao longo período que supostamente passou no depósito e ao facto de as condições para a sua conservação não terem sido as «melhores».

Em qualquer caso, quando faltam as análises das outras provas que lhe foram feitas, os resultados definitivos não serão conhecidos até à semana que vem.

Se na parte da manhã não permitiu que estivesse presente na autópsia um médico de confiança, à tarde a procuradora mostrou-se «aberta» à possibilidade de realizar provas suplementares ao corpo de Anza no caso de a família assim o requerer.

Deixa o caso nas mãos de um juiz
Por outro lado, Kayanakis anunciou que vai deixar o caso nas mãos de um juiz de instrução - na sexta-feira passada disse que não tinha razões para tomar essa decisão -, como a família lhe tinha pedido há vários meses. Entende que «é o momento» de o fazer e justificou a mudança de atitude com o «grau de complexidade» que o caso está a adquirir, sendo que «cada dia há novos elementos».

A procuradora reiterou a versão segundo a qual nas buscas de Jon Anza se verificou uma cadeia de erros e defendeu que agora «é o momento de actuar com maior diligência para tentar determinar o que se passou entre os dias 18 e 29 de Abril, para que esta instituição recupere a credibilidade e não reste qualquer suspeita».

A fuga dos guardas civis
Questionada sobre a notícia publicada pelo El Mundo, em primeiro lugar corrigiu a data em que os guardas civis abandonaram o aparthotel, referindo que foi no dia 20 de Maio, o mesmo dia em que o Gara publicou o comunicado da ETA, no qual se dava conta da militância de Anza, e não no dia 18, como refere o diário espanhol.
Em seguida, Kayanakis disse que não se pode estabelecer qualquer relação entre o caso Anza e o que qualificou como «uma operação habitual e natural de forças policiais que combatem a ETA em França». Admitiu que foi posta ao corrente desses factos no mês passado, mas insistiu na sua ligação à luta contra a organização armada.
Fonte: Gara