sexta-feira, 16 de setembro de 2011

A Audiência Nacional condena Otegi e Díez a dez anos, e Rodríguez, Jacinto e Zabaleta a oito

O tribunal especial espanhol condenou Arnaldo Otegi e Rafa Díez a dez anos de prisão por «pertença a organização terrorista no grau de dirigentes», abraçando assim a versão do Ministério Público.

Sonia Jacinto, Arkaitz Rodríguez e Miren Zabaleta foram condenados a oito anos pelo mesmo crime «no conceito de autores», enquanto Txelui Moreno, Amaia Esnal e Mañel Serra foram absolvidos, depois de o magistrado ter retirado a acusação contra eles.

A sentencia foi notificada oficialmente às partes hoje de manhã, apesar de ontem à tarde a Cadena Ser já a ter adiantado. O tribunal faz sua a tese da Procuradoria e considera provado que os cinco faziam parte de um «grupo escolhido das fileiras da esquerda abertzale que em plena conivência e seguindo as superiores directrizes de ETA, na qual se encontram integrados, desenhavam uma estratégia de acumulação de forças soberanistas».

Reconhece que não se pôde provar que esse suposto organismo se chamasse «Bateragune», mas acrescenta que isso «em absoluto retira valor e importância às acções criminais que os arguidos levavam a cabo».

De acordo com a AN, Otegi e Díez desempenhavam «tarefas de impulsionamento, responsabilidade e coordenação», e exerciam uma «evidente influência e predomínio sobre» Jacinto, Rodríguez e Zabaleta.

A sentença, cujo ponente foi o magistrado Juan Francisco Martel, defende que em 2008 a ETA os mandou formar «um organismo ou comissão de coordenação e direcção que levasse a cabo a planificação e gestão da nova linha estratégica de acumulação de forças políticas soberanistas, com vista à culminação do processo independentista».

Acrescenta que os cinco militantes abertzales «se tornaram sujeitos directamente receptores das ordens dadas pela ETA».

«Factos significativos que indicam que passaram à acção»
Os «factos significativos» referidos pelo tribunal para sustentar a tese de que Otegi, Díez, Jacinto, Rodríguez e Zabaleta faziam parte da ETA são «as reuniões confidenciais que mantiveram na sede do LAB», «as deslocações efectuadas a França para se reunir em privado e trocar impressões com diversas pessoas do meio da ETA», os «documentos da ETA em que se mandava que esquerda abertzale a empreendesse acções de índole política sob a ajuda da sua prepotência armada», a «idêntica nomenclatura ou terminologia utilizada pela ETA e a esquerda abertzale, representada pelos arguidos nos documentos, comunicados e actos que exteriorizavam», e «a ausência clara, nas datas dos factos julgados, de acções dos arguidos que denotem um verdadeiro e real distanciamento das teses armadas e apoiantes da violência defendidas e executadas pela ETA».

«Ideias perniciosas»
Para o tribunal, «as ideias defendidas» pelos arguidos «tornaram-se perniciosas pela carga de violência política e de atemorização social que incluem».

Díez, intimado a comparecer na segunda-feira
Otegi, Díez, Zabaleta, Jacinto e Rodríguez foram detidos a 13 de Outubro de 2009, pelo que estão há 703 dias na prisão. Rafa Díez, cuja detenção não estava inicialmente prevista, também foi encarcerado, mas saiu em liberdade provisória em Abril de 2010. Foi intimado a comparecer na segunda-feira na Audiência Nacional para ser notificado da sentença. De acordo com a Europa Press, no seu caso, os juízes Ángela Murillo, Teresa Palacios e Juan Francisco Martel vão convocar uma audiência para modificar sua situação penal.
Notícia completa: Gara
Esquerda abertzale: «Que ninguém abandone o caminho iniciado, porque vamos ganhar» (Gara)
Na foto: Rufi Etxeberria, Txelui Moreno, Miren Legorburu, Tasio Erkizia e Niko Moreno, hoje à tarde, em Donostia.

«No hay sentencia que pueda parar el camino emprendido por Euskal Herria» (ezkerabertzalea.info)

Ver também:
«Hamarna urteko kartzela jarri diete Otegi eta Diezi, eta zortzinakoa Zabaleta, Rodriguez eta Jacintori» (Berria)
[Otegi e Diez foram condenados a dez anos de prisão, e Zabaleta, Rodriguez e Jacinto a oito]

«A maioria sindical convoca concentrações para segunda-feira nas quatro capitais de Hego Euskal Herria» (Gara)

«Grande apoio à manifestação pelos direitos civis de 1 de Outubro» (ateakireki.com)

«Una condena que busca minar la esperanza de la sociedad vasca» (Gara)

«Zarpazo español contra l@s encausad@s de Bateragune» (boltxe.info)

«España cae en picado y no hay nadie en la cabina», de Floren AOIZ, escritor (Gara)

«A sentença do Caso Bateragune é denunciada internacionalmente» (boltxe.info)