sábado, 17 de setembro de 2011

Milhares de pessoas reclamam em Donostia o fim da «cruel realidade» que os presos políticos bascos vivem

A manifestação para reclamar o respeito pelos direitos dos presos políticos bascos juntou milhares de pessoas em Donostia, apesar de a chuva não ter dado tréguas e ter acompanhado todo o percurso. A Egin Dezagun Bidea fez um apelo ao compromisso e à mobilização para acabar com a «cruel e desumana situação que os presos sofrem nas prisões espanholas e francesas».

Fotos: Turrune / boltxe.info / ekinklik.org

Vídeo da manifestação (Gara)

A manifestação partiu do túnel do Antiguo, em Donostia, por entre aplausos e palavras de ordem a favor do repatriamento dos presos e reclamando a amnistia. A chuva acompanhou todo o percurso, mas não impediu que milhares de pessoas participassem na mobilização. [27 mil, de acordo com o Gara; 270 centenas, se preferirem...]

Por essa razão, a marcha decorreu a bom ritmo. A cabeça chegou ao fim do trajecto, junto à Câmara Municipal, quase uma hora depois de o ter iniciado. Nessa altura, a manifestação ainda vinha em La Perla e duas horas depois ainda havia gente a chegar ao Boulevard. [A ser assim, como é possível que o canal 24h, da RTVE, afirme que os manifestantes eram umas centenas!?]

Representantes da esquerda abertzale, Aralar, EA, Alternatiba e Abertzaleen Batasuna, dos sindicatos LAB, Hiru, EHNE, ESK, STEE-EILAS e ELA participaram na mobilização, que foi encabeçada por familiares dos presos, personalidades relacionadas com o mundo do cinema e ex-presos.

Ao largo de todo o trajecto ouviram-se palavras de ordem a favor da transferência dos presos para Euskal Herria, do fim da dispersão e a favor da amnistia. Também não faltaram mensagens a favor da independência.

«A maior violência política na Europa»
A mobilização terminou junto à Câmara Municipal, onde tomaram a palavra Beñat Zarrabeitia e Mari Feli Etxeandia, da iniciativa Egin Dezagun Bidea. Na sua intervenção afirmaram que a «cruel realidade» vivida pelos mais de 700 presos políticos bascos dispersos pelas prisões espanholas e francesas constitui «a maior violência política da Europa». Uma política de dispersão que se aplica há mais de 20 anos e cuja manifestação «mais crua» é a dos familiares que faleceram nas estradas.

Também se referiram à «pena perpétua encoberta» que é a doutrina 197/2006, que permite que os presos estejam encarcerados durante 30 e 40 anos. Uma medida que, tal como salientaram, «choca frontalmente com uma nova fase política que visa superar as raízes e as consequências do conflito».

Passar a parâmetros de resolução
Por isso, exigiram «em alto e bom som» a derrogação dessa medida e a libertação dos prisioneiros que cumpriram três quartos da pena, bem como a dos que sofrem de doenças graves.
Os representantes da Egin Dezagun Bidea deixaram bem claro que a política prisional que é aplicada ao colectivo de presos bascos «é o símbolo da crueldade», que se baseia na «vingança, na chantagem e na repressão» e se escuda numa «legislação de excepção».

«Assim, dizemos de forma bem clara, com firmeza e veemência: a democracia e a liberdade devem abrir caminho e, com isso, a política penitenciária deve passar de imediato de claves de repressão e utilização para parâmetros de resolução democrática», destacaram.

Mobilização em Janeiro
Na sua alocução, também aludiram à sentença do «caso Bateragune» para proclamar que «se acabaram os tempos de encher as prisões com bascos. Acabaram-se os tempos de deter, torturar, julgar, condenar e encarcerar. Os cidadãos bascos iniciaram com determinação o caminho que há-de trazer para sempre a paz, a liberdade e a democracia a Euskal Herria. Vamos esvaziar as prisões, a nossa vontade é firme. Vamos trazer para casa todos os presos e refugiados políticos».

Para tal apelaram à mobilização de todos os cidadãos e pediram que se comece a preparar uma grande mobilização para Janeiro. «Temos força e energia suficientes, a chave está na organização e na mobilização. Se unirmos as nossas forças, em Janeiro faremos a maior mobilização de sempre».
Fonte: Gara

Ver também: «Espetxe politika "krudelak" Euskal Herrian ireki den prozesuan traba egiten duela salatu dute milaka pertsonak Donostian» (Berria)

«PreS.O.S.», Iñaki EGAÑA, historiador (Gara via SareAntifaxista)
Los hijos y las hijas de la libertad son tantos que la deuda se hace enorme. ¿Cuántas décadas de libertad merecemos después de tantos siglos transitar por veredas rodeadas por guardianes embozados?